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Mãe de autista compartilha trajetória com outras mães em escola de Santos

Publicado: 2 de abril de 2019 - 15h25

“Meu nome é Cristina. Tenho um filho maravilhoso de 16 anos, Victor Gabriel. Fiz faculdade de Pedagogia do Excepcional e concurso e fui dar aulas para deficientes. Depois fui mãe de autista. Então, várias vezes na vida fui chamada para estar aqui hoje com vocês.”

Assim começou o depoimento da supervisora de ensino Cristina Fernandes, que compartilhou experiências com mães de autistas da unidade municipal Lobo Viana, que atende 300 crianças do maternal II ao pré, sendo 19 autistas.

A iniciativa faz parte do projeto TE(A)Colho, em referência ao Transtorno de Espectro Autista (TEA), que comemora nesta terça-feira (2) o Dia Mundial da Conscientização do Autismo.

Serão dez encontros ao longo do ano para debater o assunto. O projeto nasceu da angústia e insegurança dos pais sentidas pelas professoras de Atendimento Educacional Especializado (AEE), da escola, Valéria Fernandes e Roseane Freitas, que atendem os alunos com deficiência na Sala de Recursos Multifuncionais. “A Cristina vai ser um espelho para as outras mães”, disse Valéria.

PRINCIPAL MENSAGEM

“O principal é estimular nossos filhos para que sejam felizes. Para isso, precisamos ter parceria com a escola”, destacou Cristina Fernandes. Ela afirmou que todos passam pela fase de 'luto', após o diagnóstico, que geralmente demora a ser feito porque não há exame ou características físicas que identifiquem o TEA, mas a observação do desenvolvimento da criança.

“Mesmo eu, que tenho formação para isso, fiquei sem chão quando identificaram realmente o autismo no meu filho, o que ocorreu quando ele tinha por volta de seis anos. Antes percebi que tinha um atraso de desenvolvimento e viramos ele do avesso para descobrir”. Ela contou que sempre teve apoio do marido, presente à apresentação, mas que muitos pais não aceitam a condição e abandonam suas famílias. “O preconceito e o bullying também são comuns, porém qualquer um pode sofrê-los.”

Acrescentou que existia muita desinformação e que os estudos vêm evoluindo. Antes os autistas eram considerados esquizofrênicos. Atualmente diagnosticam melhor e mais rápido. “A mídia divulgava determinadas características, como balançar-se muito, não olhar nos olhos, não falar e já se viu que cada um é um. Já caiu o mito de ser sempre igual.”

DEPOIMENTOS

Para Inês Batista, 39, que tem um casal de autistas de 4 e 6 anos, os encontros serão muito bons porque as famílias não se sentem sozinhas. “A história da Cristina é muito parecida com a minha e de todas” .

Já Viviane dos Santos, 29, tem uma filha autista de 5 anos. “Precisamos deste acolhimento. Vemos que os educadores amam seu trabalho e nossas crianças.”

OUTRAS ESCOLAS

De acordo com a Seção de Educação Especial da Secretaria de Educação (Seduc), nas 83 escolas municipais de Santos há 928 alunos incluídos, sendo 402 com TEA.

Diversas unidades lembraram do Dia Mundial de Conscientização do Autismo. Na Florestan Fernandes, houve passeata. Na Barão do Rio Branco, vídeo, bate-papo e pintura do lacinho, símbolo do autismo, para ser colado na camiseta.

Na Oswaldo Justo, os funcionários irão de azul (cor símbolo), distribuirão lacinhos e serão exibidos filmes. Na Cely de Moura Negrini, todos estarão com uma peça de roupa azul e haverá exibição de vídeos sobre explicativos. A Padre Francisco Leite se antecipou e promoveu conversa com os professores sobre autismo em 26 de março.

No dia 17 de abril, às 9h, no auditório da Seduc, será realizado o Fórum Permanente pela Educação Inclusiva, a respeito do TEA.

VOCÊ SABIA?

Segundo estimativas de 2018, o Brasil possui 2 milhões de crianças com TEA e, os Estados Unidos, uma para cada 59.

Foto: Rogério Bomfim