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Luta Contra a Aids: Santos atua para ampliar acesso a medicamento de prevenção

Publicado: 29 de novembro de 2019
15h 34

PATRÍCIA FAGUEIRO

Ingerir um comprimido por dia para eliminar a possibilidade de se infectar pelo vírus HIV, causador da Aids, em futuras relações sexuais. Em Santos, 179 pessoas fazem esse tipo de prevenção, com medicamento fornecido pelo Ministério da Saúde. O Município tem condições de ampliar ainda mais o total de pessoas atendidas, que são acompanhadas periodicamente pela equipe de saúde (mais detalhes abaixo).

 

A Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) é uma das estratégias da prevenção combinada: ao ingerir o medicamento diariamente, a pessoa deixa de correr o risco de contrair o vírus HIV, porém o uso do preservativo nas relações sexuais continua imprescindível para evitar outras doenças sexualmente transmissíveis, embora tratáveis, como sífilis, gonorreia e clamídia.

 

Têm acesso à PrEP as pessoas que fazem parte do público-alvo delimitado pelo Ministério da Saúde: homens que fazem sexo com homens, casais sorodiscordantes (em que uma das partes é HIV positivo e a outra não); profissionais do sexo; transexuais.

 

Para sensibilizar esse público, entram em cena os educadores de pares (termo utilizado pelo Ministério da Saúde para designar um orientador do assunto). Na cidade de Santos, eles estão disponíveis de segunda a quinta-feira, às 11h30, na (Rua da Constituição, 556, Vila Mathias - endereço atualizado na noticia em 03/08/2022) , para tirar dúvidas e conversar com os interessados em aderir à PrEP.

 

BUSCA

Os educadores também vão a campo para explicar pessoalmente do que se trata a PrEP a outros integrantes do público-alvo mas que não procuraram o serviço de saúde, além de estarem presentes nas Redes Sociais, em especial às que são voltadas ao público LGBTQI+.

 

“Alguns aplicativos para o público gay já tem um gif que representa o remédio da PrEP. Percebemos que a maioria que acessa o serviço de saúde já leu a respeito da profilaxia ou conhece alguém que usa a medicação. Nosso desafio é, aos poucos, sensibilizar os que ainda se apresentam resistentes em aderir à prevenção”, destaca Alex Charleaux Amorim, enfermeiro da Secretaria Municipal de Saúde e que atua como educador de pares.

 

Paciente relata experiência

William (nome fictício) tem 29 anos e há um ano faz uso da PrEP. Homossexual, desde que iniciou a sua vida sexual sempre teve medo de contrair o vírus HIV, afinal o grupo de homens que fazem sexo com homens é um dos mais vulneráveis.

 

Anos atrás, ele participou como voluntário de um projeto do Grupo de Apoio à Prevenção à Aids da Baixada Santista (Gapa/BS), experiência que lhe proporcionou ainda conhecimento sobre as formas de teste e prevenção ao vírus HIV disponíveis à época.

 

Ciente de como poderia se prevenir, morou durante um tempo em uma cidade do estado do Rio de Janeiro, onde namorou um rapaz que era HIV positivo. “Sempre tive consciência de que o preservativo era a minha segunda pele e até então era a única forma de prevenção”. Ainda neste período, descobriu que o Ministério da Saúde iniciara a PrEP, mas o município em que se encontrava não estava entre os beneficiados.

 

O relacionamento terminou e, de volta a Santos, William descobriu que o tratamento estava disponível no Serviço de Atenção Especializada Adulto – SAE Adulto. Há 1 ano se tornou paciente. “Gosto muito do atendimento, com enfermeiros, médicos, assistente social, psicólogo. Eles sempre deixaram claro que a prevenção é combinada e não descarta o uso de preservativo, mas é reconfortante saber que em relação ao HIV você está protegido também por um medicamento”, destaca.

 

O conhecimento prévio de William mais a experiência como paciente o fez trazer mais pessoas para a PrEP. “Quando iniciei, fiz um grupo no WhatsApp com os meus amigos, contando os benefícios e convidando-os a vir. O medo que o HIV me trouxe por ser homossexual me permitiu buscar e transmitir informações”.

 

Como aderir à prevenção

Para aderir à PreP, a pessoa é submetida a testes rápidos para identificação de HIV e sífilis. Uma vez atestado que ela não possui o vírus HIV, pode começar a prevenção.

 

Após um mês, os participantes colhem exames novamente: hemograma, HIV, sífilis, funções hepáticas, funções renais. Essa medida é importante para observar se houve efeitos colaterais da medicação.

 

Depois, o retorno ao serviço de saúde ocorre a cada três meses, com nova bateria de exames e retirada de medicação. Os pacientes são atendidos por médico infectologista, além da equipe de aconselhamento.

 

A medicação é contraindicada a pessoas com insuficiência renal. Grávidas podem aderir e não há nenhuma restrição ao uso junto a outros medicamentos.

Quem procura a PrEP, mas teve relação sexual desprotegida nos últimos 3 dias ou rompimento do preservativo, é encaminhado para a Profilaxia Pós-Exposição – um outro tipo de medicação é fornecido para 28 dias, de forma a prevenir a infecção pelo HIV de alguém que eventualmente tenha sido exposto ao vírus. A pessoa é orientada a continuar o uso do preservativo e é agendada para iniciar a PrEP após esse período.

 

SERVIÇO

 

Interessados em fazer a PrEP devem procurar o Centro de Controle de Doenças Infectocontagiosas, na Rua da Constituição, 556, Vila Mathias (endereço atualizado na noticia em 03/08/2022) , de segunda a quinta-feira, às 11h30, para obter orientações sobre a estratégia de prevenção e, se for o caso, aderir a ela. É importante estar com RG e cartão SUS.