Limpeza dos apartamentos e início de mudança já dão vida ao Tancredo Neves 3
Luigi Di Vaio
Movimentos leves com uma escovinha e com um pano úmido deixaram o trilho da janela da sala de Ana Maria da Silva de Macena, de 74 anos, sem o pó típico dos acabamentos de uma moradia recém-construída. Nesta quarta-feira (5), ela preparava a mudança para o seu o novo lar, no bloco 7 do 'Tancredo Neves 3'. Ana Maria é um dos 640 santistas que já receberam chaves e iniciaram mudança para o apartamento do recém-inaugurado conjunto habitacional, na Cidade Náutica, em São Vicente.
Maior empreendimento habitacional de Santos dos últimos 40 anos, o Tancredo Neves 3 tem 1.120 unidades. O conjunto foi construído em terreno cedido pela Cohab-Santista e está recebendo famílias que viviam em palafitas do Dique da Vila Gilda e São Manoel, em Santos. O cronograma de mudanças segue nas próximas semanas.
Limpar o trilho da janela do novo lar em uma manhã ensolarada foi uma celebração para Ana Maria. Ela quer se mudar ainda esta semana, e vai tentando apagar da memória o incêndio que acabou com sua moradia, em uma palafita, no Caminho São Sebastião.
“Lembro de um dia eu ter pedido a Deus que me permitisse mudar para uma casa de alvenaria. Passaram 15 dias e minha casa pegou fogo. Mas esse era o plano de Deus. Graças a ele e aos governantes hoje eu estou preparando minha mudança para este local”.
A manhã de Ana Maria foi a mesma para algumas outras famílias que estão preparando a mudança para o conjunto habitacional. As ruas ainda estão semidesertas, só com a presença de equipes da Cohab-Santista e de empresas de telefonia e de internet, que estão prontas para receber os novos moradores.
A PRIMEIRA MUDANÇA
Com os termômetros marcando 18°C na manhã de inverno, um carro entrou às 11h16 pela principal via do conjunto, a Manoel Sierra Perez. A carroceria atracada ao veículo trazia colchão, sofá, uma TV, alguns bancos de plástico, várias sacolas e uma bicicleta. Neste horário, começava uma nova etapa da vida do autônomo Robson Santos do Nascimento, de 37 anos.
Robson deu uma pausa nos serviços de pedreiro e limpeza que o sustentam e tinha contratado Nicolas da Silva Oliveira para ajudá-lo na mudança. Poucos minutos depois, o carro entra na Rua Projetada A-3 e começa o serviço bruto. O relógio marca 11h34 quando o colchão, carregado pela dupla, entra no portão do prédio.
Com o cuidado para não arranhar a pintura das paredes e portas, eles acabam a primeira fase da mudança. “O restante virá aos poucos”, diz Robson, já sentado e relaxado no sofá em sua nova moradia.
O autônomo vai morar no apartamento de dois quartos, sala, cozinha, banheiro e área de serviço com Lucas, seu irmão mais novo. O incêndio que queimou sua casa na palafita ainda está vivo na memória. “Eu estava na casa de uma amiga, com o celular no modo silencioso, quando ouvi o barulho e a correria dos vizinhos. As pessoas tentaram me avisar. Saí correndo para minha casa, mas deu para salvar apenas poucas coisas e os documentos”.
Robson conta que depois viveu momentos de espera em outro conjunto habitacional, no qual se mantinha graças ao auxílio-moradia. Foi nos últimos meses que ele passou a ter certeza que teria um espaço só seu. “Só o fato de mudar para cá, sem pagar o custo do imóvel, nem aluguel, é como se eu tivesse ganhado na loteria”, comemora. As contas fixas do lar serão divididas com o irmão. “A espera valeu a pena. Com a graça de Deus, tenho certeza que seremos felizes aqui”.
Esta iniciativa contempla o item 10 dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU: Redução das Desigualdades. Conheça os outros artigos dos ODS .