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Hospital veterinário em Santos é referência regional no tratamento e reabilitação de animais silvestres

Publicado:
25 de setembro de 2019
11h 58

Uma iguana em fase preparatória para cirurgia no ovário. Um lagarto da espécie tropidurus que precisou ter a pata anterior esquerda amputada em razão de necrose. Uma pomba juriti em tratamento devido à asa quebrada. E um papagaio-de-cara-roxa com déficit neurológico. Todos eles estão entre os cerca de 40 animais atendidos atualmente no hospital veterinário do Setor de Zoologia do Orquidário Municipal, no José Menino, referência regional no tratamento e na reabilitação de bichos silvestres desde a década de 1990.

A unidade realiza medicina preventiva e reabilitação de animais da coleção do parque, expostos para visitantes, bem como daqueles trazidos de órgãos ambientais e os de vida livre como pássaros. Ao todo, são 450 em todo o Orquidário que, periodicamente, passam por check up ou tratamento específico em razão de machucados ou verminoses. Ali, recebem medicação e alimentação especial. No local, ainda são realizados cerca de cinco a dez procedimentos cirúrgicos/mês.

Dos que estão no hospital atualmente, a maioria é formada por pássaros como papagaio e pomba, seguido de répteis como iguana e lagarto, que permanecem em salvaguarda de um a dois meses em média, até se recuperarem. “No hospital tenho mais controle, são animais delicados e que estão com risco maior. Eles ficam em recintos com tapete térmico ou em pedra térmica. Evitamos, ao máximo, manipulá-los para que não se estressem”, explica o médico veterinário José Heitzmant Fontenelle, da Secretaria de Meio Ambiente (Semam), ressaltando que a equipe faz o acompanhamento da medicação e observa o consumo alimentar. “A reabilitação alimentar é muito difícil, principalmente em animais de vida livre”, acrescenta.

ALIMENTAÇÃO ESPECIAL

A alimentação dos internados é calculada pelo veterinário de acordo com o paciente, mas, de maneira geral, é oferecida mais vezes ao dia. A cozinheira Elizete dos Santos Pereira, do Orquidário, prepara a comida para cada hospitalizado e também para os demais do parque. “A alimentação dos que estão em salvaguarda é diferente, tem maior valor energético para auxiliar na recuperação e é feita com muito carinho”, conta ela.

Recuperados, eles vão para recintos ou habitat natural

Os animais que chegam ao parque são resgatados por órgãos de fiscalização como Polícia Ambiental e Secretaria Estadual de Meio Ambiente (SMA), que os encaminham ao Orquidário para serem reabilitados. A entrada deles é oficializada à SMA. Eles ficam internados no hospital ou em área chamada de quarentena (recintos não visitáveis) e, quando considerados aptos, são incorporados à coleção do Orquidário, encaminhados a outros zoológicos e centros de triagem ou reabilitados na natureza.

De acordo com o Setor de Zoologia, cerca de 30% dos bichos de vida livre que chegam no parque como os pássaros, são reabilitados e devolvidos à natureza. Mas o retorno ao habitat natural nem sempre é possível, já que os critérios para o animal voltar ao seu meio ambiente dependem do grau de comprometimento e da aptidão que ele tem.

“Uma ave que teve fratura de asa está comprometida, não terá tanta desenvoltura, mesmo que consiga recuperar o movimento. Ela fica aqui ou é encaminhada para outro zoológico. Temos um biguá que bateu em uma cerca em Cubatão, que está sendo reabilitado. Aguardamos a recuperação dele”, afirma Fontenelle, destacando que, quando o animal está apto para voltar ao seu ambiente, a soltura é solicitada junto à Secretaria Estadual de Meio Ambiente.

REABILITAÇÃO

O lagarto da espécie tropidurus que se encontra no hospital do parque foi levado por um munícipe com uma das patas esmagadas. “Tivermos que amputá-la”, diz o médico. Já o papagaio-de-cara-roxa veio do litoral sul e ficou hospitalizado para ganhar peso. “É uma espécie ameaçada. A intenção é que ele seja inserido no grupo dele no Orquidário”.

No parque há ainda gaviões com asa quebrada que se chocaram contra vidro de apartamentos, veículos e trens na linha férrea. “A maioria sofre acidentes na área urbana. Às vezes recebemos um animal raro de um ecossistema próximo que já está comprometido. Então, é importante reabilitá-lo para que a gente consiga perpetuar essa espécie no ambiente”.  

Foto: Susan Hortas 

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