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Guardas municipais de Santos recebem treinamento para melhor atender pessoas com autismo

Publicado: 17 de maio de 2023 - 14h23

Identificar os sinais que uma pessoa com transtorno de espectro autista (TEA) pode apresentar é um dos primeiros passos para adequar um ambiente - seja ele escolar ou qualquer outro espaço de convívio - e assim melhorar o atendimento a este indivíduo. Este é um dos objetivos da orientação que psicólogas estão dando a grupos da Guarda Civil Municipal (GCM), no Centro de Capacitação Darcy Ribeiro (Vila Mathias), para mostrar aos servidores que todos os ambientes, principalmente os equipamentos públicos, têm que se adequar para atender pessoas com TEA da melhor forma possível.

Psicólogas do Grupo de Avaliação Diagnóstica e Intervenção (Gadi), Paola Buck e Tatiana Lopes mostraram como os guardas municipais podem agir em cada situação no ambiente de trabalho, não somente quando acionados eventualmente em casos extremos, como surtos. Divididos em grupos de 15, todos os agentes estão passando por esse treinamento.

Paola Buck explicou que uma pessoa pode manifestar o TEA nos níveis leve, moderado e grave. “O TEA não é uma doença, a pessoa vai caminhar nesse espectro, e sua evolução depende muito da qualidade de cada ambiente”. Uma estatística norte-americana aponta que, atualmente, a cada 36 nascimentos, uma pessoa é identificada com TEA. Segundo Paola, o problema é que muitas vezes o diagnóstico só é feito na fase adulta.

Segundo explicou Tatiana Lopes, a identificação de uma pessoa com TEA pode começar observando se ela não tem muita expressão facial. Dentro de um ambiente escolar, por exemplo, uma criança pode não perceber se um professor está bravo, por não poder fazer a leitura deste “código facial”. 

Pelo fato de os sintomas de TEA serem muito diferentes, Tatiana enfatiza a necessidade de identificar se uma pessoa tem incapacidade para desenvolver e manter relacionamentos de amizade. Já uma característica comum é o excesso de apego à rotina e a padrões ritualizados de comportamentos, além de manifestar interesses restritos, fixos e intensos. “Possuem dificuldade na mudança de rotina”, explica a psicóloga.

Tatiana Lopes também destacou a necessidade de se observar situações em que uma pessoa possa apresentar alguma hipersensibilidade ou hipossensibilidade (tátil ou auditiva, por exemplo). “No caso de uma hipersensibilidade (alta) tátil, temos que entender que não é frescura se uma criança não quer colocar, por exemplo, uma camisa, porque a etiqueta pode estar machucando. Ou se ela se incomodar com um abraço”.

Sobre a importância da capacitação para o grupo, Tatiana Lopes diz que os guardas civis municipais não atuam somente na área de Segurança Pública, “mas desenvolvem também um papel social importante”. 

APRENDIZADO

Guarda civil municipal há nove anos, Daniel Vale aprovou a capacitação. “É a primeira vez que nos passam este tipo de ensinamento. É muito importante aprendermos sobre este tema, principalmente os termos técnicos. No dia a dia nos deparamos com várias situações envolvendo pessoas com TEA, como as que apresentam surtos nos Caps (Centros de Atenção Psicossocial)”.

Esta iniciativa contempla os itens 4 e 10 dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da ONU: educação de qualidade - assegurar a educação inclusiva, equitativa e de qualidade, e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos, e redução das desigualdades - reduzir as desigualdades dentro dos países e entre eles.