Golpe de 1964 e mudanças no espaço urbano são relembrados em projeto da fams

A dificuldade de lecionar no início da ditadura, em 1964, e as mudanças ocorridas nos bairros Aparecida, Ponta da Praia e Macuco, no período de 1940 a 1990, foram a tônica de mais uma etapa do projeto 'Memória - História Oral', gravado quarta-feira (22), nos estúdios do Unimonte. Promovido pela Fams (Fundação Arquivo e Memória de Santos), em parceira com a universidade, o projeto deu início à segunda fase de entrevistas, com depoimentos do comerciante Alípio Pimentel e da professora aposentada Mirian Rodrigues de Lima, que relembraram importantes acontecimentos da história santista. O material será disponibilizado para consulta ainda este ano. 'A gente tinha medo e não conseguia passar as informações para os alunos, já que, a qualquer momento, poderia acabar aquele sossego' afirmou a professora, referindo-se ao período em que o país foi governado pelo regime militar, em 1964. 'Era péssimo ter que dar aula com um policial te vigiando. Se eles estavam ali, era porque alguma coisa não estava de acordo', afirmou Mirian, ao relembrar as escoltas realizadas durante as aulas. Já o comerciante Alípio Pimentel relembrou ter encaminhado diversos projetos ao Legislativo para melhorar as condições de vida dos moradores. 'Hoje abro o meu coração para contar parte dessas histórias', afirmou o comerciante, que doou três álbuns fotográficos, registrando antigas configurações da paisagem santista. 'Acredito que, agora, essas fotografias estão devidamente legendadas', brincou o comerciante, fazendo um paralelo de seu depoimento com as fotos doadas.