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Geraldo Pierotti é o homenageado do Concurso do Rei, Rainha e Princesa do Carnaval

Publicado: 18 de janeiro de 2019 - 10h00

A mistura de talento, amor pelo samba e uma boa dose ousadia fez o empresário Geraldo Cesar Pierotti, hoje com 71 anos, deixar sua marca no Carnaval de Santos. É dele o primeiro samba-enredo santista gravado em vinil, em 1978, fato que abriu as portas para que as escolas de samba da Baixada Santista gravassem discos nos anos seguintes.

Em virtude desse pioneirismo, Pierotti será o homenageado do Concurso do Rei, Rainha e Princesa do Carnaval Santos 2019, neste sábado (19), a partir das 14h, no espaço de eventos Arcos do Valongo (Rua Comendador Neto, 3).

Para que se possa compreender o tamanho do feito do empresário, compositor do samba-enredo Os Pastores da Noite, defendido pela Império do Samba, é preciso voltar mais de quatro décadas no tempo.

Esqueça as maravilhas digitais que invadiram o nosso dia a dia. Nos anos 1970, gravar um disco era um privilégio: os custos com estúdio, técnicos de som, impressões de capas e confecções das ‘bolachas’ eram altíssimos. Isso tudo sem falar das barreiras logísticas de se levar uma bateria de escola de samba para um estúdio de gravação.

“Muita gente não acreditou que conseguiria realizar aquele projeto, mas eu já administrava a minha empresa naquela época. Então, tudo era uma questão de negociar com os profissionais envolvidos e buscar parceiros para bancar o disco”, comentou o empresário, que estima ter custado “um preço de carro” na ousada empreitada.

Se Pierotti já acumulava certa experiência no ramo dos negócios no final dos anos 1970, como compositor, o samba-enredo ‘Os Pastores da Noite’ era somente sua primeira criação para o Carnaval. “Eu comecei minha relação com música fazendo paródias, e fiz até um hino de despedida na faculdade de Direito”.

No final de 1977, no concurso que escolheu o samba-enredo da Império do Samba para o ano seguinte, Pierotti era o mais novo e único estreante da ala de compositores da tradicional agremiação. Após duas eliminatórias e a disputa final, a canção que exaltava a obra de Jorge Amado sagrou-se campeã. “Foi uma satisfação incrível. Um novato vencendo um concurso que só tinha os bambas do samba participando”.

Título que não veio na avenida chegou pelas mãos dos reis

Dias de depois de vencer o concurso, o samba-enredo composto pelo empresário lhe rendeu mais um grande momento. Em 19 de novembro de 1977, recebeu uma medalha de ninguém menos que Pelé. “Não esperava aquela repercussão, ainda mais ser homenageado pelo Rei. Até porque, o normal é o Pelé receber a homenagem, e não o contrário”.

Fevereiro de 1978 chegou e com ele momento tão esperado do desfile de Carnaval. Com os 3 mil discos espalhados pela Cidade e muitas execuções nas rádios locais, o samba de Pierotti era um dos preferidos do público. No entanto, com sérios problemas estruturais, a Império do Samba não conseguiu figurar no hall das campeãs daquele ano.

“Infelizmente, a escola foi para avenida com muitos problemas. Todos deram seu melhor, mas não foi possível fazer algo diferente”. Mas o troféu que não veio na avenida chegaria às mãos de Pierotti em forma de carta e livro, escritos pelo “rei das letras”, Jorge Amado. “Havia convidado ele, por telefone, para participar do nosso desfile. Mas ele declinou, de forma muito educada”, relembra o empresário.

Tempos depois do primeiro contato, o escritor baiano pediu para que o empresário lhe contasse detalhes do desfile da Império do Samba. Após receber o disco do samba-enredo Os Pastores da Noite e matérias de jornal sobre Carnaval santista, Jorge Amado enviou uma elogiosa carta à Pierotti, acompanhada de um exemplar autografado do romance homônimo, que serviu de inspiração para o enredo da Império do Samba.

Mais de 40 anos depois de tantos desafios e alegrias, um disco pioneiro, uma medalha dada por Pelé e um livro autografado por Jorge Amado, Pierotti confessa que o samba-enredo da Império, de 1978, não é sua obra preferida. “O samba de 1986 é melhor, mas isso é uma outra história”, surpreende o homem que revolucionou a folia da região e que atualmente ostenta, merecidamente, a patente de Comendador do Samba.

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