Fachadas do Teatro Guarany receberão nova pintura. Confira um pouco da história desse patrimônio
Mais um imóvel histórico do Centro de Santos passará por obra de conservação, seguindo princípios técnicos de restauro. As fachadas, esquadrias e gradis de ferro do Teatro Guarany (Praça dos Andradas, 100) ganharão nova pintura. Para escolher a empresa que fará o serviço, a Prefeitura abriu licitação.
A estimativa é de que todo o processo e assinatura de contrato ocorra dentro de 60 dias. A Secretaria de Infraestrutura e Edificações, responsável pela obra, agendará a data da emissão da ordem de serviço com a Secretaria de Cultura, devido à programação do Teatro. A pintura das fachadas tem valor estimado em R$ 283.464,37 e prazo de execução de cinco meses.
SERVIÇOS
As fachadas e esquadrias serão limpas por jato d´água, com retirada cuidadosa dos trechos de paredes quebrados e soltos, para aplicação de argamassa especial. Após lixamento e retoques de massa acrílica para nivelamento de imperfeições, a madeira receberá pintura com esmalte sintético acetinado marrom claro e as paredes, com tinta na cor areia.
Os gradis de ferro das portas, portão em ferro e lira da escultura da “Musa das Artes” localizados na mureta para proteção e ornamentação da fachada frontal (platibanda), serão lixados e raspados com escova de aço, para a remoção de toda a ferrugem. Depois será aplicado um produto anticorrosão e esmalte sintético fosco na cor grafite escuro.
Histórico do Teatro Guarany
Primeiro edifício construído para fins teatrais em Santos, O Teatro Guarany foi inaugurado em dezembro de 1882 e destruído por um incêndio em 1981, que poupou apenas as paredes externas. Reconstruído e entregue em 2008, tem interior moderno e a fachada de inspiração neoclássica do projeto original. Destaque para as pinturas de Paulo Von Poser no teto e no foyer do segundo piso. No prédio, funcionam a Escola de Artes Cênicas Wilson Geraldo e a sala de espetáculo Carlos Alberto Soffredini, que homenageiam, respectivamente, o ator e o dramaturgo santistas - ambos foram também diretores de teatro.
Com a recuperação do topo da fachada principal, a estátua ‘Musa das Artes’ ganhou de volta o braço esquerdo, que desapareceu no incêndio de 1981. A reconstrução do prédio preservou a inscrição do teatro com a grafia original e a sigla SCM, acrescida em 1910, quando a Santa Casa de Misericórdia tomou posse do imóvel. Nessa época, foi retirado o frontão existente no corpo central da fachada, ajustada ao estilo eclético, vigente no início do século 20.
O Teatro Guarany já recebeu personalidades do porte de Sarah Bernhardt (1886), Emanuel Giovani (1887), Gabrielle Réjane (1902) e Artur Azevedo (1907). Além de grandes eventos artísticos, o teatro abrigou manifestações abolicionistas, incluindo discursos do jornalista abolicionista José do Patrocínio, e foi palanque para atos republicanos e até de cerimônias fúnebres, como na morte do maestro Carlos Gomes (1896), quando seu corpo passou por Santos a caminho de Campinas. Também foi no Guarany a proclamação, em 1894, da primeira – e única – constituição municipal do País.
Ao longo de quase 140 anos, o teatro foi “mudando de tamanho”. Atualmente o local comporta 350 pessoas, mas quando foi inaugurado, em 1882, tinha capacidade para cerca de 700 pessoas. Com a reforma de 1910, chegou a um mil, mas nos anos 1960 - quando passou a funcionar como cinema - a plateia foi reduzida para 170 espectadores.