Exposição sobre a luta das mulheres no futebol já pode ser visitada no Museu Pelé em Santos

Em reconhecimento ao crescimento do futebol feminino e às lutas que elas travaram apenas para poder jogar bola, o Museu Pelé (Largo Marquês de Monte Alegre s/nº, Valongo) inaugurou oficialmente, nesta quinta-feira (30), a exposição ‘CONTRA-ATAQUE! As Mulheres do Futebol’.

Em cartaz na sala de exposições temporárias até 31 de março de 2024, a mostra, uma parceria com o Museu do Futebol, apresenta a história de resistência das mulheres brasileiras, que foram proibidas por Lei de jogar bola, entre 1941 e 1979. Especialmente para Santos, foi incorporado um módulo sobre a história do futebol de mulheres na Cidade. Pode ser conferida, de terça a domingo, das 10h às 17h30. A entrada no equipamento é gratuita.

Vice-prefeita e secretária da Mulher, Direitos Humanos e Cidadania, Renata Bravo começou seu discurso, na abertura oficial, saudando a presença de alunas do projeto de futebol feminino do Sesi. “Importante a presença destas jogadoras. E essa exposição reafirma o que sempre falamos: o lugar da mulher é onde ela quiser. Nosso trabalho é garantir que todos os espaços sejam ocupados pelas mulheres, porque elas têm direito e capacidade para isso”.

De acordo com a secretária de Empreendedorismo, Economia Criativa e Turismo, Selley Storino, o Museu Pelé tem um acervo permanente riquíssimo e ‘CONTRA-ATAQUE! As Mulheres do Futebol’ é a mais nova atração do espaço itinerante, reservado para novidades e inovações. “É muito marcante iniciar a temporada de verão com essa exposição, que mostra a luta das mulheres pelo direito de jogar futebol. Sejam todos bem-vindos!”.

EMPODERAMENTO

Trata-se de uma versão itinerante da exposição montada no Museu do Futebol em 2019, que teve mais de 200 mil visitantes, com curadoria das pesquisadoras Aira Bonfim, Silvana Goellner e Lu Castro, além da ex-jogadora e atual dirigente da CBF, Aline Pellegrino.

A cada cidade por onde passa, ‘CONTRA-ATAQUE!’ ganha um módulo especial sobre a história do futebol de mulheres no município. Com pesquisa realizada por Daniela Lima, o módulo santista conta como as mulheres locais logo se organizaram para jogar bola após a queda do decreto-lei que as impedia praticar futebol.

A diretora técnica do Museu do Futebol, Marília Bonas, agradeceu pela oportunidade de trazer ‘CONTRA-ATAQUE!’ a Santos. “Consideramos o Museu Pelé uma instituição irmã, conheço o potencial do equipamento, é uma pérola da economia criativa da Cidade”.

“Essa exposição conta uma trajetória de resistência. Ainda há riscos para as mulheres no futebol, como a violência e o assédio. Trazer a luta pela igualdade ao esporte é o nosso compromisso”, acrescentou Marília.

CONTEXTO

Logo na entrada, o público vai entender o contexto de preconceito e machismo que levou ao decreto-lei assinado pelo presidente Getúlio Vargas proibindo às mulheres “a prática de desportos incompatíveis com as condições de sua natureza”. O ator Antonio Fagundes e a atriz Patrícia Pillar interpretam em áudio cartas publicadas em jornais de 1940, respectivamente contra e a favor do futebol de mulheres, ilustrando como a opinião pública debatia a questão.  

A exposição mostra como as mulheres brasileiras deram um jeito de continuar jogando mesmo sob a proibição - por exemplo, em partidas disputadas como atrações de circo. Em seguida, os visitantes verão como a modalidade começa a se desenvolver depois que a proibição caiu, em 1979, e especialmente após a regulamentação, em 1983, com muita precariedade e falta de apoio até o final da década de 2010 - basta lembrar que a Seleção Feminina de Futebol jogou com uniformes da Seleção masculina até 2019, quando finalmente foi desenvolvido um modelo próprio para mulheres.  

O público verá também um apanhado de frases preconceituosas publicadas pela imprensa e vistas nas redes sociais até hoje sobre mulheres que jogam bola. Na instalação audiovisual, as frases são reescritas para deixar de fora palavras negativas e preconceituosas contra mulheres que jogam bola. Uma coleção de jogadas incríveis mostra o jogo bonito desenvolvido por mulheres, apesar das adversidades, e deixam claro o que a modalidade poderia ser hoje não fossem as décadas de proibição e falta de apoio.     

A professora de futebol do Sesi, Neusa Reis Mendonça, adorou visitá-la e a considera muito importante para a luta das mulheres. “Precisa ter mais exposições assim para divulgar o futebol feminino e empoderar as mulheres”.

A exposição conta com apoio da Rede de Memória do Esporte, parceria do Museu Pelé com o Museu do Futebol, é uma realização do Sistema Estadual de Museus - Sisem e Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Governo de São Paulo.

Esta iniciativa contempla o item 5 dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU: Igualdade de Gênero. 
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