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Exposição em Santos mergulha o público na relação entre café e afetividade

Publicado:
24 de fevereiro de 2024
16h 07
pessoas andando sobre o café #paratodosverem

Rosana Rife

"Apreciar telas com a matéria-prima sob os pés. A experiência sensorial diferenciada é a proposta da exposição Campoamor, de autoria da artista Raquel Fayad e curadoria de Andrés I. M. Hernández, aberta neste sábado (24) no Museu do Café, no Centro Histórico de Santos. 

O visitante é levado ao universo do café através do manuseio de moedores, observação dos objetos e performances. Mas o mergulho e a conexão mais intensos acontecem ao acompanhar as obras da artista caminhando sobre grãos de café. A ideia é proporcionar uma oportunidade imperdível de vivenciar a relação entre amor e café ao explorar as nuances do campo e das relações afetivas provocadas pela bebida, além de refletir sobre a própria jornada e os sentimentos despertados pelo produto.

“Eu começo a construir essas obras, colocando sobreposições, inserindo palavras, têm campos férteis, fronteiras, empreendedor, barões, aguadeiros, reprodução. São vários nomes que abrem várias vertentes de discussões e de chegar nas pessoas através dessa palavra e despertar nela acessos aos paradigmas, aos arquétipos, às experiências”, explica a artista.

“Campoamor é porque o campo tinha relações afetivas, um campo onde você mergulha e que ele vai te provocar. O amor não traz para a gente só maravilhas nas nossas relações de vida, ele também traz dor e o café também. Em todos os lugares de fala, tem como esse fruto, esse líquido se relaciona com a nossa vida, com a construção de território, com as novas gerações. Então, é esse campo de experimentação que as pessoas encontram aqui”, conta Raquel.

A artista diz ainda que a exposição busca ser uma forma de provocação para o público para despertar questionamentos e reflexões nos visitantes. “É uma provocação de amor. A gente está tão conectado. Sou super a favor das novas mídias, estamos em um mundo globalizado. Mas essas interações da obra de arte, principalmente quando você pode mergulhar, te conecta com você mesmo. Então, é essa relação de nós estarmos no positivo e negativo, céu e terra, corpo e alma. Acha exposição é um convite para isso”, avalia Raquel.

Convite aceito pelo casal Juan Ruiz, 76 anos, e Selma Gaspar, 52 anos. Apreciadores da bebida, eles vieram de São Paulo especialmente para acompanhar a abertura da exposição. A recomendação foi feita por uma artista plástica amiga deles e a dica foi aprovada. Eles conheceram o trabalho de Raquel pisando sobre grãos de café coquinho. “Eu achei maravilhosa a ideia. Sou amante do café. Adoro. E acho que é uma conexão maior com a natureza. Está mexendo com os sentidos, é uma questão sensorial. Tem aroma e essa coisa de tirar o sapato é importante, porque não é só tirar o calçado, é tirar outras coisas também, como o orgulho, e estar mais conectada consigo mesma. Valeu a pena”, diz Selma.

Juan também gostou da nova experiência proporcionada pela interação entre visão, tato, arte e multiplicidade de formatos. “Sou viciado em café. Hoje tomei só dois. Assim como o vinho, o café é muito complexo. Não é muito fácil de avaliar e analisar. É muito pessoal, inclusive. E essa experiência de tentar conversar com a sensibilidade do corpo, tentar tocar, de alguma forma, o significado de toda a história de café, é sensacional”.

HISTÓRIA

O café entrou na vida de Raquel Fayad ainda na infância. O bisavô dela possuía uma fazenda de café em Atibaia, o que a fez ter uma conexão profunda com a bebida. Ela relata que a primeira lembrança que tem foi durante uma visita ao local. “Eu escutei o barulho do café no terreiro e aquele som, para mim, ficou guardado”.

Anos depois, ao degustar a bebida, memórias foram ressurgindo e novos insights ocorreram ao observar o guardanapo utilizado naquele momento, que também representava um momento de transição em sua vida. A partir daí, eles viraram sua forma de expressão em parte de sua obra. “Quando eu comecei a guardar os guardanapos, após tomar café, percebi que tinha uma pintura aleatória ali. Também sou gestora, então falei, nossa, eu estou fazendo pintura no meu momento de transição de gestão. É como se eu deixasse a arte e entrasse nesse mundo de gestão e tivesse esse momento marcado, que é o registro do resíduo desse dia”.

A partir daí, a artista não parou mais. A exposição já percorreu várias cidades no interior de São Paulo e cruzou divisas, sendo apresentada ainda no Paraná.

SERVIÇO

Em Santos, turistas e munícipes podem conferir o universo de Raquel Fayad até o dia 12 de maio, de terça a sábado, das 9h às 18h, e domingo, das 10h às 18h ( bilheteria fecha às 17h). O ingresso custa R$ 16,00 (há meia entrada para estudantes e pessoas acima de 60 anos). O Museu Café fica na Rua XV de Novembro, 95.

A exposição foi selecionada através do edital ProAC 13 2023. 

 

Esta iniciativa contempla o item 4 dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU: Educação de Qualidade. Conheça os outros artigos dos ODS.

Fotos: Isabela Carrari