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Exposição de miniaturas no Orquidário mostra genialidade do santista Bartolomeu de Gusmão

Publicado: 3 de agosto de 2022 - 18h08
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IVAN BELMUDES

Desde a antiguidade clássica, com o mito grego de Ícaro e as asas de cera derretidas pelo sol, é possível ver o fascínio da humanidade pela possibilidade de voar. O padre Bartolomeu de Gusmão, um dos mais ilustres santistas, teve papel fundamental na materialização desse sonho, criando o primeiro aeróstato (o balão). 

Quem visitar a exposição 'Bartolomeu de Gusmão, a genialidade do padre santista em 13 maquetes', no Orquidário (Praça Washington s/nº, José Menino), poderá aprender um pouco mais sobre essa história e outros trabalhos do padre inventor através maquetes em madeira e resina epóxi, criadas pelo pesquisador e engenheiro João Inácio da Silva Filho.

Balão é o mais conhecido invento do gênio santista

A mostra foi inaugurada na manhã desta quarta-feira (3) e chama a atenção pelas peças realistas e detalhadas que demonstram como eram as variadas invenções dessa mente brilhante santista. Bartolomeu de Gusmão, tido como o ‘avô da aviação’, ou ‘padre voador’, foi também responsável pela criação de códigos criptografados e de adaptações para melhorar a eficiência dos moinhos de vento, entre muitos outros inventos.

Moinhos de vento se tornaram mais eficientes com adaptações de Bartolomeu de Gusmão 

O PRIMEIRO 

O secretário do Meio Ambiente, Marcos Libório, foi o responsável por levar a exposição ao Orquidário. Segundo ele, o padre teve papel importante, inclusive em invenções de caráter ambiental e isso, levando em conta que Gusmão viveu no século 16, torna ainda mais incríveis seus feitos. “As invenções dele têm ligação com tudo que estamos fazendo hoje quando se trata de desenvolvimento sustentável. Através de suas ideias, Bartolomeu conseguiu melhorar a eficiência dos moinhos de vento, levando água para comunidades que sofriam com a escassez, por exemplo”.

Libório se refere à primeira invenção de Gusmão, quando aos 17 anos, o então seminarista, estudante do Colégio dos Meninos de Nossa Senhora de Belém, em Cachoeira (BA), inventou um sistema capaz de elevar a água até uma altitude de 100 metros, possibilitando que os alunos e mestres do colégio tivessem acesso à água corrente.

EUROCENTRISMO E INSPIRAÇÃO

Muitas vezes quando se pensa em grandes inventores, a tendência é lembrar nomes europeus ou norte-americanos, baseando-se no que costuma apresentar a indústria cultural de massa, como o cinema ou os livros. Justamente por essa questão, tratada na ciência social como ‘eurocentrismo’, o diretor do Monumento Nacional Ruínas Engenho São Jorge dos Erasmos (PRCEU/USP), Yuri Tavares Rocha, fala sobre a importância da exposição. 

“É preciso mostrar que temos importantes contribuições da ciência aqui na América Latina, com grandes cientistas e inventores. Bartolomeu de Gusmão é uma dessas pessoas que fogem dessa lógica eurocêntrica”.

Rocha também comenta a importância de o local escolhido para a exposição ser o Orquidário, que costuma receber muitas crianças. “Ao ver as maquetes que reproduzem as invenções, elas acabam despertando a vontade de criar também”.

As obras expostas recriam muitas das invenções de Gusmão criadas há mais de 300 anos, como o forno solar, construído com lentes e capaz de assar carnes, ou o sistema de automação para drenar água dos porões, utilizado até hoje pelos navios.

Gusmão criou sistema para drenar água dos porões de navios

PADRE VOADOR

O mais famoso dos inventos não poderia faltar: o aeróstato, mais conhecido como balão de ar quente, que rendeu a Gusmão o apelido de ‘padre voador’.

A novidade teria surgido através da observação sobre o comportamento de uma chama, cujo ar quente podia elevar pequenos objetos. O mais aceito, porém, é que a descoberta tenha sido acidental, vendo uma pequena bolha de sabão ao passar sobre uma vela e ser elevada às alturas.

O primeiro aeróstato seria semelhante aos atuais balões de São João, projeto que foi sendo lapidado. Em 1709 Bartolomeu apresentou para a corte portuguesa, que incluía o Rei Dom João V, uma invenção ampliada, que voou por alguns metros. A exibição foi o suficiente para deixar todos encantados. Menos o rei, que não via aplicação prática para lucrar com o invento.

Quase 74 anos depois, o aparelho finalmente ganhou os ares com tripulação. Os irmãos franceses Joseph Michel e Jacques Étienne Montgolfier, em 1783, conseguiram voar dois quilômetros, a uma altitude máxima de dois mil metros, após mais de seis anos de pesquisa e diversas tentativas frustradas.

Mas tudo só se tornou possível porque um padre santista, assim como Ícaro, nos mitos gregos, sonhou que poderia desbravar os céus. Hoje a exposição pode inspirar novos santistas a alçarem voos criativos e científicos.

SERVIÇO

A exposição pode ser conferida de terça a domingo, das 9h às 18h (com fechamento das bilheterias às 17h). Os ingressos custam R$ 8,00 (R$ 4 a meia-entrada).
 

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