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Estudantes de escola de morro de Santos debatem sobre prevenção a desastres naturais

Publicado: 15 de setembro de 2022 - 17h55

Mostrar a ciência de forma simples a estudantes da rede pública, destacando estratégias de prevenção e percepção de risco de desastres, principalmente de deslizamentos de encostas. Esse é o objetivo do programa Ciência Cidadã, parceria entre Defesa Civil de Santos e o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais, que na manhã desta quinta-feira (15) esteve presente na escola estadual Emílio Justo, no Morro da Vila Progresso.

Compartilhando conhecimentos científicos relacionados à prevenção e à redução de risco de desastres, o geólogo e pesquisador do Cemaden, Márcio de Andrade, conversou com cerca de 40 alunos do 9º ano durante a atividade do projeto.

No bate-papo, de forma lúdica, exibiu slides que mostram a ação da água da chuva em cinco diferentes tipos de solo, como pedregulho, areia grossa, média, fina, além do misto (argila e areia). Destacou que a granulometria do solo é inversamente proporcional à retenção da água - o mais grosso absorve menos água.

Além disso, falou sobre as características dos morros e a importância do pluviômetro, aparelho de meteorologia usado para recolher e medir, em milímetros lineares, a quantidade de chuva. Em Santos, por exemplo, o estado de atenção é iniciado quando se atinge 80 milímetros de chuva em 72 horas.

“Na Vila Progresso encontramos a presença maciça de solo misto, que retém mais água e é mais deformável. Ou seja, por acumular mais água, é menos resistente e tem um risco maior de deslizamento”, explicou o geólogo.

Ainda durante a atividade, os alunos aprenderam como fazer um pluviômetro com garrafa PET. O objetivo da atividade foi fazer com que os alunos pudessem se tornar pesquisadores e até efetuar a medição diária das chuvas.

“A ciência traz esse conhecimento sobre os fenômenos naturais, destacando seus fatores, agentes e causas. A atividade de hoje mostra aos alunos que os riscos podem ser observados com antecedência, prevendo ou até evitando um deslizamento”, completou o pesquisador do Cemaden.

PROGRAMA RELEVANTE

Morador da Vila Progresso, o estudante Cristhian Santana, de 14 anos, gostou da aula diferente desta quinta-feira. Descobriu, por exemplo, a relevância do trabalho de prevenção, sobretudo nos morros.

“Eu achei muito interessante aprender sobre o funcionamento e a manutenção do pluviômetro. Descobri que, se ele parar de funcionar, pode atrapalhar muito o trabalho de prevenção. É sempre bom ganharmos esse tipo de conhecimento, principalmente a gente que mora nos morros”, salientou.

Já a aluna Maria Eduarda Barbosa, de 15 anos, elogiou o conceito do programa desenvolvido pela Defesa Civil e o Cemaden. A jovem tem familiares que habitam em áreas de risco e enfatizou a importância do projeto dentro das escolas. 

“Tenho uma tia que mora em uma área de risco na Vila Progresso, com risco de deslizamento. É muito importante aprendermos como detectar sinais de deslizamento, as diferenças no solo, até para multiplicarmos esse aprendizado para parentes e amigos”, destacou Maria Eduarda, que reside no Morro da Nova Cintra.

A escola estadual Emílio Justo conta com um pluviômetro automático com sensores de umidade do solo, também conhecido como Plataforma de Coleta de Dados Geotécnicos (PCDGeo), integrante do Projeto RedeGeo (Finep). 

A visita e a observação do funcionamento deste equipamento, cujos dados são comparados com os pluviômetros artesanais, compõem a oficina final. Será executada uma sondagem no terreno para descrição e reconhecimento tátil-visual do solo que está presente na escola. 

PROGRAMA

O Morro da Vila Progresso vem sendo objeto de estudo desde 2020, ano em que o bairro sofreu com fortes chuvas e casos de deslizamento. O projeto Ciência Cidadã faz parte do Programa Ciência na Escola, oriundo de edital do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).