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Escola Radical de Surfe, de Santos, completa 30 anos de pioneirismo e inclusão

Publicado: 20 de junho de 2021 - 18h54

Primeira escola pública do Brasil, a Escola Radical de Surfe de Santos (Posto 2) completa na próxima quarta (23) aniversário de 30 anos. O equipamento nasceu com propósito competitivo, mas hoje se destaca pelo olhar inclusivo, tendo já beneficiado mais de 32 mil alunos de todas as idades, entre eles pessoas com deficiências e restrições motoras.

Vinculada à Secretaria Municipal de Esportes (Semes), a escola conta com a parceria da Blue Med Saúde e atende atualmente 380 pessoas, de oito a 78 anos, com aulas de surfe e bodyboard. “Nosso diferencial é a diversidade do nosso público. Atendemos idosos, crianças e pessoas com todo tipo de patologia, quebrando preconceitos e barreiras sociais”, explica o idealizador e coordenador Cisco Araña, que atribui o sucesso do serviço aos benefícios que o esporte oferece.

“O surfe gera uma conexão com o oceano, a natureza e cria um forte vínculo de amizades entre os praticantes, formando uma tribo onde todos se ajudam”. O pequeno Gabriel, de oito anos, iniciou as aulas em outubro de 2020 e revela que pretende continuar por muito tempo. “Gosto da sensação de ficar em pé na prancha, do mar e dos professores”. Pai de Gabriel, o jornalista Fábio Maradei diz que o filho já queria praticar o esporte há algum tempo. “Toda nossa família tem ligação com o esporte. Esperamos ele completar oito anos para fazer a matrícula dele aqui. O irmão mais novo, de seis anos, também não vê a hora de poder participar das aulas”.

A maior parte dos alunos (150) integra o programa 50 Mais, voltado aos maiores de 50 anos. “Nesta idade, os filhos já não estão em casa, os problemas de saúde aparecem, muitos ficam solitários e, tudo isso junto, acaba deixando as pessoas depressivas. Ao começarem as aulas de surfe, elas se redescobrem, fazem novas amizades, voltam a viver como jovens e isso combate à doença”, explica Cisco.

Há cinco anos, a farmacêutica Denise Mara Bombonatti faz parte da escola. No ano passado, ela passou a integrar o programa 50 mais. “O surfe me fez entrar em um outro universo, com novas amizades e novos propósitos. Hoje minha rotina é toda preparada em torno do esporte”.

HISTÓRIA

Fundada em 1991, a escola tinha foco inicial competitivo para formação de atletas, mas tudo mudou quando um idoso de 74 anos procurou Cisco para lhe fazer uma reclamação. “Ele nadava no mar e veio dizer que os alunos da escola atrapalhavam sua atividade. Eu, simplesmente, fiz o convite para ele participar das aulas. Ele aceitou e adorou”. Euclides Camargo, o idoso em questão, foi o primeiro aluno que entrou na escola sem propósito competitivo, em 1995.

A partir daí o foco da escola mudou. “Logo em seguida, começamos a dar aulas para o Valdemir Correia, que é cego. Então, fui cada vez mais abraçando outros públicos”. Para que Valdemir pudesse surfar, Cisco percebeu que precisaria mudar o desenho das pranchas. “Fui fazendo pequenas adaptações. Foram dez anos até conseguirmos produzir uma prancha perfeita para ele”.

Em 2007, foi lançada a primeira prancha adaptada. Desde então, o coordenador da Escola Radical passou a desenhar e produzir esse material, que permite que pessoas com diferentes patologias possam praticar o esporte. “Ela pode ser usada por autistas, pessoas com síndrome de Down ou dificuldades de mobilidade e visão”, afirma Cisco. Assim, começou o projeto Sonhando Sobre as Ondas, em parceria com o Rotary Club Santos-Praia, para o fornecimento desse equipamento em todo o mundo, que já resultou na distribuição de 70 pranchas em vários países, utilizadas por cerca de 500 pessoas.

Analisando toda a trajetória, Cisco diz que não poderia imaginar sua vida sem a escola de surfe. “Estou no lugar certo, fazendo a coisa certa. Eu gosto do esporte e de cuidar das pessoas. Aqui não faço apenas um trabalho técnico, é um propósito de vida, não apenas para mim, mas para todos que passam por aqui”.

 

PROGRAMAÇÃO

Para celebrar o aniversário de 30 anos, um evento especial será realizado na próxima sexta (25), a partir das 8h, com a participação de alunos e surfistas convidados. Confira a programação abaixo.

 

8h às 9h – Aloha Surfe

Formação circular na areia, com distanciamento social e uso de máscaras, com surfistas convidados, breefing histórico, descontração e aquecimento com música.

 

9h às 10h30 – Free Surfe

Alunos e convidados vão ao mar praticar o esporte

 

10h30 às 11h – Mahalo Ocean

Formação circular à beira mar, com distanciamento social, para relaxar com o mantra do oceano e expressar gratidão.

 

11h30 às 12h30 - Cerimônia com homenagens.

Galeria de Imagens

Cisco Araña com crianças e prancha de surfe. #pracegover
Escola se destaca pela inclusão de pessoas de todas as idades.