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Enfermeiros comemoram seu dia destacando desafios e alegrias da profissão

Publicado: 12 de maio de 2021
8h 00

Luigi Di Vaio

Um acidente de ônibus com várias vítimas. Um mal súbito. Um desmaio. Um pronto-socorro cheio. O acaso reuniu esses elementos para despertar em Priscyla Sotelo o interesse pela Enfermagem. Hoje com 39 anos, ela - uma das 254 enfermeiras da rede pública de Santos - relembra a história que mudou sua vida para celebrar, neste 12 de maio, o Dia da Enfermagem.

Resumindo, o fato transformador da vida de Priscyla ficaria assim: ela passou mal, foi para o pronto-socorro que já estava lotado, saiu, foi para o terminal de ônibus, onde desmaiou. Chamaram uma ambulância e a levaram novamente para o PS. Enquanto recebia atendimento, o local foi ficando mais lotado ainda pela vinda de feridos de um acidente com um ônibus. Vendo toda a cena, ela teve sua primeira atuação, como "voluntária", na Enfermagem. "Não usei técnica alguma. Empurrei maca, segurei o paciente. Fiz de tudo para ajudar. Tudo o que me pediam para fazer, eu fazia". Assim se deu o "nascimento" de uma enfermeira.

Para a jovem que não tinha completado 18 anos, o insólito episódio fez nascer em Priscyla a vontade de entrar no curso de auxiliar de Enfermagem e depois fazer faculdade. E ela não se arrepende. Passou por vários setores, do Centro Cirúrgico ao de Urgência/Emergência. Depois de 20 anos, fica feliz em ver o resultado do seu trabalho tanto nas mais diversas formas como a de um curativo bem feito. "Atendemos pessoas com lesões crônicas, que duram muito tempo. Entendo que um curativo bem feito pode mudar a vida de uma pessoa. Esse reconhecimento nos dá prazer".

A rotina normalmente agitada de um enfermeiro ganhou um ingrediente a mais com a epidemia de covid-19. "Vivemos um momento muito tenso com a perda não só de pacientes, mas também de gente da nossa equipe". Mas a enfermeira também fala da alegria de ver pacientes superando essa doença. "Teve um episódio muito emocionante onde colocamos uma família para ver o vídeo da paciente, que estava intubada. Ela foi melhorando e, tempos depois, conseguiu interagir com a família em uma chamada de vídeo. Ver a felicidade dessa família não tem preço".

PROXIMIDADE COM O PACIENTE

Ao descobrir que poderia cuidar diretamente dos pacientes, Bruno Barbosa Moura, de 42 anos, decidiu seguir a carreira de Enfermagem. O primeiro impulso para atuar na área veio de um professor do Ensino Médio que tinha uma filha enfermeira e de uma namorada da época, que atuava na profissão. Bruno relata que até pensou em cursar Medicina mas, rapidamente, optou por Enfermagem por poder estar mais próximo do paciente.

Atuando há 16 anos na área, Bruno aponta dois lados bem opostos de sua experiência: o de ter "sangue frio" em sua atuação pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) - "é ter de conviver com o sofrimento o tempo todo", relata - e sua experiência mais atual, que é ser enfermeiro da área de Saúde da Família, na qual ele mantém vínculos com a comunidade. "Vi pessoas nascendo que hoje são garotos. Me sinto mais próximo da comunidade".

Ser enfermeiro em meio a uma pandemia significou para Bruno Barbosa Moura uma mudança total na rotina. "Tivemos de nos reinventar para, ao mesmo tempo em que seguimos assistindo os pacientes, com todas as restrições necessárias deste momento, vivemos com a questão da exposição. Temos muitos colegas que perderam a vida".

SAÚDE MENTAL

"Faço o que gosto, e gosto do que faço", assim resume sua profissão a enfermeira Maria Geni dos Santos Souza, de 44 anos, que atua há 22 anos no setor. Atuando na área da Saúde Mental, Geni diz que muitos pacientes se apegam afetuosamente aos profissionais da Enfermagem. "Muitos são carentes de afeto".

Especialmente na pandemia, Geni vê a atuação ganhar um significado especial, pela vulnerabilidade dos atendidos na área da Saúde Mental. "Alguns não têm atenção devida às questões de higiene. Com a pandemia, esse atendimento passa a ser um desafio maior. É difícil para alguns pacientes entenderem algumas questões, principalmente quando estão em surto".

Geni, como tantos outros enfermeiros, também contabiliza a perda de colegas de trabalho durante a pandemia. Em função disso, cada enfermeiro que enfrenta a covid-19 e se recupera é motivo de alegria para os demais.

SENTIMENTO DE GRATIDÃO

Um sentimento de gratidão no cotidiano ajuda a enfermeira Joelma Alves da Silva Valadares Azevedo Siqueira, de 42 anos, a enfrentar as dificuldades diárias da profissão, na qual atua há 26 anos. A inspiração para atuar na Enfermagem veio de Iraci, uma amiga de sua mãe, que contava como era o dia a dia de uma enfermeira.

Joelma cresceu ouvindo histórias e decidiu primeiro entrar no curso de auxiliar de Enfermagem e depois fazer faculdade. "Vi, desde menina, o quanto era gratificante poder ajudar o outro, fazer algo por alguém". Com a pandemia, ela ressalta que a sua categoria não pode aderir ao "fique em casa". "Temos de ir à luta, tomando todos os cuidados, especialmente no uso da máscara".

Joelma relata que, com a pandemia, as pessoas passaram a reconhecer mais o trabalho de todos os envolvidos na área de Enfermagem, desde o auxiliar, o técnico em Enfermagem e o enfermeiro. "Há um sentimento de gratidão com a categoria".

Fotos: Susan Hortas

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