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Empreendedores santistas aderem à quarentena com criatividade e adaptações

Publicado: 23 de abril de 2020 - 15h27

Leandro Ordonez

Moda feminina

Adaptação para máscaras

Espaço para divulgação on-line

Cantor aposta em rifa

Novas formas de atendimento aos clientes e readequação da produção estão entre as soluções encontradas por comerciantes de Santos que tiveram de suspender temporariamente as atividades em lojas físicas devido à pandemia de covid-19.

Iniciada em 22 de março, a quarentena decretada pelo Governo do Estado e complementada pelos municípios da Baixada Santista está mantida até 10 de maio, quando haverá avaliação sobre uma reabertura gradual do comércio, conforme a disponibilidade de leitos hospitalares em cada região. “Não há movimentação nas ruas. As pessoas estão com medo. Aquelas que não foram infectadas vêm buscando se resguardar”, avalia José Luiz Tahan, proprietário de uma livraria no Gonzaga.

Para ele, o impacto sobre a economia ocorrerá independentemente das medidas restritivas tomadas pelo poder público. “É uma questão de calamidade. Não há registros recentes de algo parecido no mundo. Estamos em um momento de perdas e precisamos de ações criativas para minimizá-las”.

Em adaptação à quarentena, Tahan passou a atender os clientes por telefone e pela internet. “Entrego os livros na casa dos leitores, com a embalagem higienizada”, conta, defendendo a adesão ao isolamento social. É preciso respeitar as restrições e, no caso do empreendedor que puder, preservar ao máximo as equipes. Dispensei todo o meu quadro de funcionários, pagando salários integrais e aguardando a passagem desse período”.

Moda feminina em domicílio

Proprietária de lojas de moda feminina com confecções próprias em centros comerciais do Gonzaga e do Boqueirão, Marcela Marçal vem se deslocando pela Cidade para que as clientes possam provar as peças em casa. “Tem valido a pena. Dá um pouco mais de trabalho, mas já nos permite pagar algumas das contas”.

Embora demonstre preocupação com a manutenção do comércio, ela entende que a quarentena é necessária “por questão de saúde pública” e diz que aguarda as definições das regras para a retomada gradual das atividades. “Teremos que reabrir e recomeçar, com uso de máscaras e álcool gel”.

Adaptação para produzir máscaras

No caso de Bárbara Padovani, dona de um ateliê onde produz roupas, bolsas e carteiras personalizadas para mulheres, a adaptação foi além da forma de comercialização. Como a confecção das peças exige o contato direto com as clientes para verificação das medidas, a produção teve que ser totalmente interrompida.

Contudo, por meio de uma conta em rede social para divulgação de comerciantes (leia abaixo), ela identificou uma grande demanda por um dos acessórios mais procurados no momento: máscaras de proteção para o rosto. “Tive que me adaptar para pagar as contas. Tem havido bastante procura”, explica, relatando que mantém a renda produzindo itens estilizados para os públicos feminino, masculino e infantil. “A pessoa pede e eu adapto”.

Também sob expectativa da retomada gradual dos atendimentos presenciais, ela crê na eficácia das medidas de quarentena. “Parece que está dando certo porque os casos não estão crescendo como estavam projetando. Enquanto isso, as pessoas estão se reinventando”.

Analista cria espaço para divulgação de serviços on-line

Com 5 mil seguidores, uma conta recentemente criada na rede social Instagram (juntossomosmaisfortes013) vem servindo de vitrine gratuita para muitos empreendedores santistas que ainda não estavam familiarizados com a divulgação virtual do próprio trabalho.

A iniciativa partiu da analista de finanças Lila Rey. “Minha mãe é comerciante e muitos deles entraram em choque quando veio a notícia da quarentena. As pessoas possuíam informações publicadas na internet, mas espalhadas ou em espaços que precisariam pagar. Então, nossa página virou um catálogo”. Segundo ela, a ideia é “atacar no delivery”.

“Uma peixaria que nunca teve entrega, depois que anunciou, não parou mais. Uma empresa de vinhos nos passou um relato muito emocionante, de que já conseguiu vender todos os kits para o Dia das Mães. Um outro, com uma única postagem, zerou o estoque de pastel de feira”.

A exposição de serviços na página, conta Lila, gera negócios inclusive entre os próprios anunciantes. “Alguns estão vendendo tecido para quem produz máscaras, e já são mais de 30 confeccionando”, conta, mencionando beneficiados de diversificadas áreas, de conserto de chuveiros a transporte de carro. “Uma moça (motorista de aplicativo) nos procurou pedindo auxílio. Fizemos uma ação de ovos de chocolate. Ela entrou em contato com os vendedores e trabalhou a Páscoa inteira”.

Em relação à pandemia, Lila se diz convicta da necessidade da quarentena. “Tenho família na Espanha (um dos países mais afetados pela pandemia) e amigas médicas que conversam comigo todos os dias. Elas me contam casos graves não apenas de hipertensos ou idosos, mas também de jovens. Entendo que a situação é muito séria. Se não for respeitado (o isolamento social), daqui a 15 dias veremos o resultado. As pessoas precisam pensar no coletivo”.

Para auxiliar a população que segue em casa, a conta no Instagram tem divulgado vídeos gravados por profissionais de educação física com orientação sobre treinos possíveis no próprio lar. O trabalho voluntário de divulgação, Lila realiza em parceria com a profissional de marketing Heloísa Campagnolli, responsável atualmente pelas novas inserções de contatos de comerciantes.

Cantor aposta em rifa para manter renda e cachê de músicos

Com mais de duas décadas de palco, o cantor e compositor Ederson Santhos encontrou uma forma de arrecadar fundos durante o período em que se encontra impedido de realizar apresentações públicas: uma rifa on-line, cujo vencedor será contemplado com uma apresentação particular após a volta à normalidade – disponível nos perfis que mantém no Facebook.

“Quando tudo isso passar, a pessoa vai ter a oportunidade de celebrar com um show. Terá uma data minha, na casa dela ou onde entender que é adequado. Pode ser até em um quintal”, diz o músico, contando com o reconhecimento dos fãs. “O público conhece e respeita meu trabalho e torce para que esse seja um momento ameno para mim”.

Segundo ele, o valor arrecadado beneficiará também os cinco integrantes da banda que o acompanha nos sambas que classifica como “clássicos”. “Essa paralisação atinge todos os artistas. Dentro da meta estipulada na rifa está incluído o cachê para essa apresentação”.

Como forma de entreter o público que se encontra em isolamento social, Santhos tem realizado as chamadas lives, cantando ao vivo pela internet e ressaltando a importância de a população permanecer em casa nesse momento. “É fundamental, questão de vida ou morte. As pessoas precisam se preservar, inclusive pra que a gente possa voltar o quanto antes a ter uma vida normal”.