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Emoção e fé marcam mudança de família para conjunto na Nova Cintra. Assista ao vídeo

Publicado:
28 de março de 2019
14h 16

ANDRESSA LUZIRÃO

 

Fé é a palavra escrita na blusa azul que dona Maria do Socorro de Lima, 56 anos, pegou da gaveta, por coincidência, na manhã de segunda-feira (25), horas antes de virar a página da sua vida para construir uma nova história. Há alguns anos, a moradora da Vila Progresso se ajoelhou em oração nas obras de construção do Conjunto Habitacional Santos R, no Morro Nova Cintra, e pediu a Deus que fosse contemplada com uma das unidades ali sendo erguidas. Hoje, diz ter sido honrada por Ele ao receber as chaves da sua nova residência, no local, onde vai morar com o marido e os dois filhos, um deles deficiente.

Sua felicidade se estende à conquista da cunhada Gilvanete Félix da Silva, 56, e da sogra Marina Félix da Silva, 86, que sofre de Alzheimer e há sete anos está acamada. Até então morando lado a lado em duas casas na Rua 8, Vila Progresso, em área considerada pela Defesa Civil de risco alto com histórico de ocorrência de deslizamento, elas também serão vizinhas no Santos R. “Estamos todos juntos saindo daqui para um lugar melhor”, disse Maria do Socorro, em meio aos seus pertences encaixotados e dispostos em sacolas pela casa simples onde viveu por 36 anos com a família.

Da janela de seu quarto/sala no alto do morro, ela acompanhava as obras do conjunto desde a fundação. “Eu sempre passava ali para fazer compras e pedi a Deus. Disse que podia ser impossível aos olhos humanos, mas aos olhos Dele não. E Ele me enviou um anjo, pois eram os dois últimos apartamentos térreos disponíveis. Com fé a gente tem tudo. E é com fé que eu vou”, falou ela, que contava os dias para a mudança em um calendário pendurado na parede.

A moradora está entre as 63 famílias de áreas consideradas pela Defesa Civil com risco alto, que vão se mudar para o Santos R, empreendimento entregue em fevereiro pela Prefeitura e pelo Governo do Estado. De acordo com a Cohab, 71 famílias já se mudaram para o local até o último dia 22. “Teremos uma moradia digna em um lugar sem perigo de escorregamento. É um apartamento melhor, em lugar plano para eu poder caminhar e fazer minhas compras. Hoje é um dia de glória para minha família”.

 

ACESSO E ACESSIBILIDADE

 

Na madrugada da última segunda (25), dona Maria do Socorro passou a noite em claro, sem conseguir dormir. Desta vez não pelo medo das chuvas, mas pela ansiedade de ir para seu novo endereço. A mudança contou com apoio de vizinhos e de equipes da Defesa Civil, Cohab e da Subprefeitura da Zona Noroeste, além do suporte do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) para a remoção da sogra com dificuldades de locomoção.

“Aqui vai ser muito bom para a gente. Meu filho é especial e terá um lugar mais digno para viver, poderá sentar na pracinha e ver as pessoas. Lá ele vivia preso sem sair para lugar nenhum”, disse ela, natural de Campina Grande (Paraíba). O marido misturava suor e emoção na correria da mudança. “Aqui é completamente diferente. Será bom para minha mãe e para meu filho especial”, disse José Félix, 52, ressaltando a estrutura do apartamento de dois quartos, sala, cozinha, banheiro e área de serviço. “Aqui tem gás encanado, tem parquinho, nada disso eu tinha lá. Tem tudo pertinho, mercado, farmácia, condução para tudo o que é lado. A vida vai ser outra aqui”, falou ele.  

 

CASA BONITA

 

No apartamento vizinho, também térreo, onde vão morar mãe e filha - Marina e Gilvanete, a emoção também tomou conta em meio à bagunça típica de toda mudança. “A senhora veio para uma casa nova, bonita. Essa casa é sua”, dizia Odália Felix, 64, uma das filhas de Marina, que ajudou na mudança da mãe debilitada. A senhora é atendida na Policlínica da Vila Progresso e no Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) da Nova Cintra. Não anda, nem reconhece mais os parentes.

“Agradeço a Deus e aos que intermediaram isso porque tiveram misericórdia. Nem se compara à casa que ela morava. Era o nosso desejo conseguir uma casa para ela. Aqui a cozinha e a sala são grandes e tem banheiro adaptado. A vitória da minha mãe e da minha irmã é minha também. Já sei que o morro não a levará na lama”.

 

MAIS MUDANÇAS

 

Equipe da Prodesan, sob coordenação da Subprefeitura da Zona Noroeste, demolirá as duas casas de alvenaria, na Vila Progresso, onde moravam as famílias. Nesta terça-feira (26) também se mudaram moradores do Morro Boa Vista. Dia 2 será a vez de uma família do Monte Serrat.

Ao todo são 128 famílias contempladas com as unidades entregues para atender apenas pessoas que vivem em áreas de risco dos morros. De 1 e 2 dormitórios, sala, cozinha, área de serviço, banheiro e garagem, os apartamentos estão em área de 18.404,51m² e compreendem a primeira etapa de construção deste conjunto construído pela CDHU. Mais 198 unidades estão previstas, sem prazo de conclusão.

 

Fotos: Rogério Bomfim

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