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Direito da portadora do vírus hiv ser mãe ganha espaço na jornada da sms

Publicado: 10 de outubro de 2001
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A I Jornada de Transmissão Materno Infantil do HIV, realizada na última terça-feira, no auditório da Faculdade de Ciências Médicas de Santos, da Unilus (Rua Oswaldo Cruz, l79), reunindo cerca de 60 profissionais, obstetras, infectologistas, psicólogos, assistentes sociais, de Santos e de outras cidades do Estado, abriu um largo espaço para enfocar os aspectos emocionais que envolvem a mulher portadora do HIV, que muitas vezes só descobre essa condição, quando realiza os testes oferecidos pelo Programa de Pré-Natal nas unidades de Saúde, no momento em que engravida. O direito de ter filhos, os conflitos em que são envolvidas, entre os quais a recomendação para que não amamentem (medida que integra o protocolo nos cuidados para evitar a transmissão do vírus para o bebê), foram pontos abordados pelos profissionais, esclarecendo as dúvidas que envolve a melhor forma de tratar desse público, cada vez mais crescente e com um perfil novo na epidemiologia. Hoje, a mulher de união estável - de único parceiro -, está nas estatísticas crescentes das soropositivas. Todas as consequências que geram a descoberta de ser portadora do vírus, fato que envolve desde a possibilidade de uma traição até a angústia de ter um filho doente e o medo de enfrentar o problema junto aos familiares, assim como os cuidados especiais que a gestação envolve, demonstram a importância de uma especialização cada vez maior dos profissionais de Saúde nessa área. Ou seja, não é apenas a mulher que terá que ser trabalhada, especialmente quando ela descobre ter o vírus na gestação. Mas também o marido, outros filhos gerados antes, os familiares, sem contar a angústia de revelar ou não essa condição, sobretudo quando há enorme pressão da mãe ou sogra, para que a gestante amamente, o que não é recomendado no caso das soropositivas. Uma melhor conscientização dos profissionais na prevenção que envolve a transmissão materno infantil e o trabalho que deve ser desenvolvido junto aos hospitais públicos e particulares sobre a importância do teste rápido para HIV, nas maternidades, para as mulheres que não fizeram esse teste durante o pré-natal, foram outras questões enfatizadas no encontro. O objetivo é reduzir ainda mais a transmissão. Essa preocupação com a mulher soropositiva e os desafios que envolvem a gestação merece um maior envolvimento dos profissionais. USO DO AZT A administração do AZT durante o parto quando, o teste rápido é realizado, mesmo que seja um falso positivo (o teste rápido exige confirmação posterior e em exames mais precisos), também foi defendida no encontro, na medida que é uma situação de emergência e que pode garantir o nascimento de um bebê livre da infecção. O fato de um número cada vez maior de mulheres soropositivas manifestarem a intenção de terem um segundo ou terceiro filho – fato que ainda assusta a grande maioria dos profissionais de saúde – foi outro assunto discutido na jornada, que se caracterizou pela forma ética e humana como foi colocado o direito da mulher se realizar como mãe. Existe a preocupação dos infectologistas e outros profissionais que cuidam da mulher para que todos os cuidados sejam tomados, desde a administração dos antiretrovirais durante a gestação, assim como a cesária eletiva, quando a carga viral assim o indicar, como também todo um acompanhamento por equipe multidisciplinar, após o parto, assim como do bebê. Em Santos, o programa envolve equipe multidisciplinar mas todos cobram um aprimoramento. O médico Milton Davoglio, Chefe da Obstetrícia do Hospital Guilherme Álvaro, revelou a experiência pessoal no contato com as soropositivas, considerando fundamental que um número maior de profissionais se especializem no assunto. A questão da laqueadura em mulheres portadoras do HIV, segundo ele, não deve ser o fator fundamental para essa decisão, devendo prevalecer os critérios do protocolo, que envolvem idade, número de filhos entre outras questões. Também ficou claro, durante o encontro, a necessidade de que esse grupo de mulheres seja trabalhado na questão do planejamento familiar assim como num trabalho de convencimento e muito diálogo, quando houver o oferecimento do teste. Desde 1997, cerca de 86,56% das gestantes da rede pública fizeram o teste de HIV, no pré-natal. Mas 13,44% não fizeram porque não houve oferecimento por parte dos profissionais da saúde sobre a importância do exame. Por outro lado 1,85% se recusaram a realizar o exame, o que demonstra que haveria a necessidade de um maior convencimento e até envolvimento de outros familiares para que esse teste fosse feito. A necessidade, cada vez maior de ginecologistas, obstetras e outros profissionais se envolverem e se especializarem em Aids foi outra questão discutida no encontro que reuniu médicos, enfermeiras, assistentes sociais, psicólogos, de Santos e de outras Cidades, como Campinas, São Paulo e Sorocaba.