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Defesa Civil de Santos avalia condições nas áreas de risco

Publicado: 4 de março de 2020 - 12h41

A quarta-feira (4) amanheceu ensolarada em Santos, mas o tempo firme ainda não é indicativo de retorno das famílias desabrigadas e desalojadas para as suas casas, localizadas em áreas de risco nos morros. Grande parte deixou o seu lar após ação preventiva da Defesa Civil, que as orientou a permanecer alguns dias fora até que houvesse condições favoráveis para o retorno.

O coordenador da Defesa Civil de Santos, Daniel Onias, explica que o solo permanece muito encharcado, com riscos de deslizamentos. Nas últimas 72 horas (atualização das 9h), choveu 316,4 mm – mais do os 293,8 mm esperados para o mês de março, com base na média das precipitações dos últimos 25 anos.

Se o tempo firme permanecer nos próximos dias, geólogos da Defesa Civil e engenheiros da Secretaria de Infraestrutura e Edificações (Siedi) avaliarão o risco de cada local, dando o aval ou não para o retorno das famílias. “As pessoas terão que aguardar. Neste momento, o retorno para as casas não é seguro”.

O tempo firme também não descarta a necessidade de saída das pessoas que vivem em áreas de risco e que ainda não aceitaram fazê-lo. “Eu peço que as pessoas deixem as suas casas. Nossa preocupação é evitar a perda de vidas”, afirma o prefeito Paulo Alexandre Barbosa.

 

ESTADO DE EMERGÊNCIA

A Cidade está sob estado de emergência, decretado nesta terça-feira (3) pela Prefeitura, em decorrência das fortes chuvas dos últimos quatro dias. Desde o início da tarde de terça, a Defesa Civil de Santos realiza intenso trabalho de remoção dos moradores das áreas de risco, com o objetivo de preservar vidas. Mais de 100 moradias devem ser desocupadas em sete morros. 

“Ampliamos as áreas de risco e vamos realizar busca ativa nos morros, recomendando que as famílias desocupem as residências indicadas pela Defesa Civil”, informa o prefeito, garantindo que a Prefeitura está providenciando toda a estrutura para as remoções. “Temos abrigos já abertos, com lugares disponíveis, e estamos planejando abrir novos equipamentos, como escolas, vilas criativas e quadras esportivas. Não vai faltar vaga”.

Caso seja necessário, será fornecido transporte para o deslocamento dos moradores, com auxílio para quem necessita levar utensílios domésticos. “Colocamos ônibus e caminhão à disposição. Vamos prover tudo aquilo que for preciso”, enfatiza o prefeito.

EQUIPES EM AÇÃO

Desde o início da tarde de terça (3), sete equipes multidisciplinares da Prefeitura percorreram os locais de risco para reforçar as abordagens preventivas realizadas em pontos comprometidos no Tetéu, Vila Israel, Caminho São Jorge, Ilhéu Baixo, Santa Maria, São Bento, Morro do Pacheco, Vila Fátima e Torquato Dias.

Os endereços foram apontados durante reunião na Defesa Civil, onde estiveram presentes representantes das secretarias de Governo, Desenvolvimento Urbano, Saúde, Assistência Social, Cohab-Santista, Defesa Civil e Guarda Civil Municipal.

 Daniel Onias explicou o trabalho de convencimento. “Estamos indo com todas as equipes para garantir que as pessoas não irão permanecer em suas casas. São locais comprovadamente de risco, em áreas que já foram prejudicadas e estão totalmente instáveis. Na maioria dos casos, as pessoas entendem o risco e deixam o local, até a situação de risco passar”.

Foi esse o entendimento da dona de casa Maria Fátima Santos, 58 anos, que vive com a família em um imóvel no sopé do Ilhéu Baixo, local de risco de escorregamento de lama e pedras. Ela resolveu deixar o local durante a tarde para garantir a segurança dos quatro filhos, genros, noras e três netos. “Na noite anterior, ouvimos estalos altos e, de repente, veio um barulho terrível. Meu papel é tirar todo mundo daqui o mais depressa possível e esperar para ver o que vai acontecer. A gente conquista as coisas de novo, pode ser difícil, mas trabalhando a gente consegue. O que não podemos é perder a vida”.  

Representante do Instituto Geológico do Estado de São Paulo, Daniela Gírio Marchiori Faria acompanhou o trabalho da Prefeitura nas áreas de risco. “Os moradores têm que sair imediatamente, porque o risco é iminente. Alguns ficam receosos, mas eles se convencem, porque assistiram o que aconteceu nesta madrugada e estão com medo de ficar em suas casas. O solo está encharcado e ainda há previsão de chuva. Então, precisamos esperar o solo secar para aí fazer uma nova avaliação do cenário.

Defesa Civil atende mais de 120 ocorrências

 

A Defesa Civil de Santos atendeu nesta terça-feira mais de 120 chamados provenientes de todos os morros da Cidade. Do Morro São Bento partiu o maior número de solicitações. Outros morros bastante afetados pela chuva foram Caneleira, Fontana, Santa Maria, Pacheco e Saboó.

O Corpo de Bombeiros coordena as buscas por pessoas desaparecidas em três morros da Cidade. A estimativa é de que seis moradores sejam procurados pela corporação. A situação mais crítica ocorre no São Bento, onde cinco pessoas de uma mesma família – dois adultos e três crianças - ainda não foram localizados. Também é considerado desaparecido um adulto, no Morro do Tetéu. Na manhã desta quarta (3), foi localizado o corpo de uma vítima no Morro do Tetéu. Na terça, já haviam sido confirmadas as mortes de um idoso, no Morro do Pacheco, e de uma mulher, também do Tetéu. Desde o ano 2000, a Cidade não registrava morte em decorrência de deslizamento de terra. 
Há cerca de 20 membros da Defesa Civil ajudando nas buscas feitas pelos bombeiros.

Na Santa Casa, uma criança de 7 anos segue internada na UTI Pediátrica. No mesmo hospital, um adulto de 43 anos, com politraumatismos, foi internado em enfermaria e tem estado de saúde regular. Por volta das 16h, deu entrada na unidade uma criança de 2 anos, do Morro São Bento, com politraumatismos. Ela está sendo avaliada pela por equipe multiprofissional e tem estado considerado regular.

Na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Central, uma mulher de 48 anos, moradora do Morro do Saboó, passou por avaliação médica, exames de raio-X e não foram encontradas fraturas. Com escoriações leves, ela teve alta no início da manhã. Outras duas mulheres, uma de 52 anos e outra de 73 anos, ambas do Morro São Bento, foram levadas para avaliação, mas não possuíam ferimentos.

Para maior agilidade de possíveis atendimentos, desde o início da noite, a SMS mantém uma UTI Móvel na Policlínica do Morro da Nova Cintra.

 

Famílias buscam atendimento nos Cras

 

Até o início da noite, 250 famílias desalojadas haviam solicitado auxílio do Município. Todas foram encaminhadas aos Centros de Referência de Assistência Social (Cras), onde assistentes sociais verificam necessidades como alimentação, vestimentas ou documentos. Aos que não têm para onde ir, são oferecidos locais de acolhimento.

Às famílias que deixam as casas, o Município oferece alojamento em quatro equipamentos: Seabrigo AIF (Rua Manoel Tourinho, 352, Macuco), Seacolhe AIF (Rua General Câmara, 249, Centro), Alberque Noturno (Rua Brás Cubas, 289, Vila Nova) e (Casa das Anas Rua Paraná, 219, Vila Belmiro).

Há também os locais de apoio: Vila Criativa da Vila Progresso (Rua Três s/n), escola Terezinha Maria Calçada (Rua Santa helena s/n, Morro São Bento), quadra da União Imperial (Rua São Judas Tadeu, 20, Marapé), quadra da Unidos dos Morros (Avenida Prefeito Antônio Manoel de Carvalho, 256) e escola Monte Cabrão (Rodovia Piaçaguera/Guarujá, km 33).

 

EQUIPES

Para atender as ocorrências resultantes das chuvas, a Prefeitura mantém em atividade ininterrupta equipes da Defesa Civil de Santos, das secretarias de Saúde, Desenvolvimento Social e Serviços Públicos, Prodesan, Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) e da Guarda Municipal. Também estão mobilizados o Corpo de Bombeiros, a Polícia Militar e a Defesa Civil do Estado. Ao todo, são quase mil profissionais em ação.

 

CHUVAS

Desde a tarde de sábado, o acumulado pluviométrico na Cidade é de 351 milímetros, 19,4% a mais que o previsto para todo o mês de março de acordo, com a média histórica de 293,8 milímetros.

Está mantido o estado de emergência nas áreas dos morros vulneráveis a deslizamentos de terra e escorregamentos em encostas.

“Com o afastamento de um sistema de baixa pressão na costa da Região Sudeste do País, as principais áreas de instabilidades diminuirão na Baixada Santista. Ainda voltará a chover, mas gradualmente a precipitação perderá força”, aponta o boletim meteorológico dos próximos três dias.

 


Limpeza e desobstrução das vias

 

Desde a madrugada desta terça-feira (3), mais de 500 trabalhadores, entre funcionários da Seserp, da Prodesan e da Terracom, estão nas ruas atendendo a diversas ocorrências, que se concentraram principalmente nos morros.

  • Com o apoio de pás carregadeiras, caminhões de hidrojato e caminhões basculantes, as equipes atuaram na limpeza e desobstrução de vias atingidas por escorregamentos que levaram muita lama, árvores e entulho.
  • No Morro São Bento, um deslizamento obstruiu a Rua São Cristóvão do Valongo, mobilizando equipes da Seserp para a remoção de toda a lama e restos de árvores.
  • No Morro Nova Cintra, trabalhadores removeram todo o material que desceu de um deslizamento em uma região popularmente conhecida como Beco do Xéu. O escorregamento acabou derrubando um poste de energia e todo o lamaçal atingiu um carro abandonado.
  • No Morro Santa Maria, equipes removeram a lama e restos de árvores que escorregaram na altura da Rua Um, interditando toda a via.
  • No Morro do Ilhéu, os trabalhos da remoção dos aterros da encosta já haviam sido concluídos na tarde desta terça-feira. Os serviços também foram intensificados para a desobstrução da Avenida Martins Fontes, atingida por escorregamento de encosta na pista sentido São Vicente/Santos.
  • Deslizamentos no Monte Serrat atingiram a Coordenadoria da Zona da Orla e Intermediária, localizada na Rua Tiro Naval, na Vila Nova. A responsável pelo departamento, Elen Lemos Miranda, explicou que três viaturas e um carro da unidade foram atingidos e o imóvel precisou ser interditado.
  • Também houve danos na Área Continental, onde um deslizamento de terra atingiu cinco casas em Monte Cabrão. Vinte residências estão sendo monitoradas por equipes do Plano Preventivo da Defesa Civil (PPDC). Os bairros Caruara, Ilha Diana, Vale do Quilombo e Iriri registraram pontos de alagamentos.