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Cultura nordestina dá o tom da segunda noite do Santos Carnaval 2024

Publicado: 4 de fevereiro de 2024 - 8h02

Caterina Montone e Luigi Di Vaio

O Nordeste deu o tom na segunda noite de desfiles do Santos Carnaval 2024. Das oito escolas que passaram pela Passarela do Samba Dráuzio da Cruz, entre a noite de sábado (3) e a madrugada de domingo (4), três apresentaram em seus enredos elementos, ritmos, cores e emoções desta importante região do Brasil.

Nos dois dias de desfiles, não faltou empenho, garra, suor e dedicação de cada componente das quinze escolas que honraram os seus pavilhões. Sem esquecer do pessoal de apoio que, aceitando o papel de não ser protagonista, empurra, suando, os carros alegóricos para ver os parceiros brilharem. 

Mantendo a tradição, as primeiras escolas que desfilaram foram as do grupo de acesso: Imperatriz Alvinegra, Império da Vila e Dragões do Castelo. E fecharam o evento mais cinco agremiações do grupo especial: Independência, Unidos dos Morros, Amazonense, Sangue Jovem e Brasil.

A apuração dos desfiles será feita na terça-feira (6), às 12h, no Teatro Municipal, na Vila Mathias.

IMPERATRIZ ALVINEGRA

Quem estava no sambódromo neste sábado pode ter se perguntado: mas a X-9 não se apresentou na sexta-feira? Sim.

Mas às 20h01, o hino da Pioneira foi ouvido novamente na passarela. Isso porque a segunda noite dos desfiles do Santos Carnaval 2024 começou com a Imperatriz Alvinegra prestando um tributo à coirmã, que completa 80 anos em 2024, com o enredo ‘Uma epopeia gloriosa – X9 a Pioneira’.  A comissão de frente, vestida com a camiseta da X-9, veio com um empolgante balé.

O tema foi desenvolvido a partir de um argumento assinado de próprio punho pelo Marechal do Samba J. Muniz Jr., a pedido da escola. A agremiação vicentina trouxe a malandragem para a pista, o pavilhão da X-9  e o São Jorge matando o dragão.

IMPÉRIO DA VILA

Às 21h18, a Império da Vila entrou na passarela "cantando forte e arretado de alegria" - como diz o samba-enredo que embalou o público. Os 700 componentes, divididos em onze alas, levaram para o sambódromo a história dos nordestinos que migraram para Cubatão na década de 70, com o tema "Os imigrantes no 'Vale da Vida', Cubatão uma nova história"

O primeiro carro alegórico evidenciava o tigre - símbolo da escola - e o ponto histórico do município, o Cruzeiro Quinhentista, enquanto retratava a chegada dos primeiros trabalhadores, que dançavam uma coreografia envolvente.

A recuperação ambiental na cidade, depois de décadas de poluição das indústrias, também foi levada à avenida representada por guarás-vermelhos, aves que foram reconhecidas como marco da transformação do meio ambiente de Cubatão.

Ao final, os componentes levaram alegria com as cores e significados do arco-íris à pista, celebrando a integração da comunidade às festas e às conquistas que hoje orgulham o povo cubatense. 

DRAGÕES DA CASTELO

A poeira subiu às 22h24 quando a Dragões da Castelo entrou em cena, com onze alas e dois carros alegóricos, por onde passaram 700 integrantes. A escola apresentou o enredo ‘O Maioral do Samba - Daniel Feijoada’, contando a história de um dos sambistas mais celebrados da Cidade, o saudoso Daniel Dias do Nascimento, mais conhecido como Daniel Feijoada.

O enredo "Oi zum, zum, zum a poeira vai subir / Deixa o samba te levar" pegou forte nas arquibancadas. 

Daniel foi um estivador e, no mundo do samba, foi baliza, passista, batuqueiro, porta-estandarte, compositor e partideiro, começando na extinta Novo Horizonte e depois consagrando-se na ‘Campeoníssima’ Brasil. Passagens referentes a sua vida foram retratadas em um painel, durante o desfile. 

MOCIDADE INDEPENDÊNCIA

O coração bateu acelerado com a Mocidade Independência, a primeira escola especial a se apresentar na segunda noite de desfiles. A agremiação encantou o público ao representar a riqueza das manifestações culturais nordestinas com o enredo 'Festança no Mangangá - Em uma noite de folia, é o forró que contagia!'. 

Direto do Jardim Casqueiro, em Cubatão, a escola chegou à passarela às 23h28 com 1.500 componentes para convocar todos os nordestinos presentes na arquibancada a cantar o samba-enredo inspirado por uma de suas canções mais marcantes: ‘Feira de Mangaio’, de Sivuca e Glorinha Gadelha, eternizada na voz de Clara Nunes. 

Em meio à folia, 'cangaceiros' e componentes vestidas de baianas - remetendo ao clássico traje com turbantes e saias - deram um toque a mais à apresentação com carisma e um gingado único, acompanhando carros alegóricos que faziam referência à cultura regional. 

UNIDOS DOS MORROS

Uma invasão alienígena foi avistada na passarela na madrugada deste domingo. O relógio marcava 0h42 quando a Unidos dos Morros entrou em cena com seres verdes de um planeta desconhecido.

Ao fundo, já se via uma serpente cuspindo fumaça cinza. Essa era a base do enredo "Lá em Peruíbe, reza a lenda que..", em referência à cidade do Litoral Sul.

A agremiação se apresentou com 1.100 componentes, divididos em 12 alas e três alegorias. Um dos destaques foi a ala que remeteu à lama negra, conhecida por seus poderes medicinais.

Também não faltaram referências às tradições da cultura indígena e às ruínas que se revelam em meio às belas paisagens.

MOCIDADE AMAZONENSE

"Quando olhei a terra ardendo / Qual fogueira de São João / Eu perguntei a Deus do céu, ai / Por que tamanha judiação?". A letra do baião de Luiz Gonzaga deu início à festa da Mocidade Amazonense, que entrou à 1h57 para contar a sua versão do casamento entre Maria Bonita e Lampião na passarela.

Com o enredo 'Um dia pra lá de arretado', a representante de Guarujá trouxe um pouco do Nordeste ao público que admirava com euforia o desfile. 

Em busca do terceiro título na categoria 'especial', a agremiação reuniu 'cangaceiros' na comissão de frente, que apresentaram uma coreografia sincronizada e cheia de energia, acompanhados também de outros personagens marcantes da cultura, como Padre Cícero e Mestre Vitalino. 

Durante o desfile, a galera pode acompanhar com detalhes os preparativos para o casório dos líderes do cangaço. A entrega das alianças foi sucedida pelo beijo de Lampião e Maria Bonita, que selou a cerimônia e a ‘festança’, encerrando a história com um final feliz pelos cenários da Amazonense. 

SANGUE JOVEM

O que ifá reserva para a Sangue Jovem no dia da apuração dos desfiles? O orixá da adivinhação e do destino foi 'convocado' pela escola na madrugada deste domingo na passarela.

A Sangue Jovem entrou no 'gramado' às 3h13 com o enredo ‘A esperança na fé que move montanhas… A Sangue Jovem vai na fé!’, abordando a crença como um símbolo da verdade, da confiança e da devoção.

Propondo um "samba em oração", e com uma imagem de Cristo abençoando a escola e o público, a escola explorou o tema em suas diversas manifestações e buscou mobilizar seus componentes -  um time de 1.200 devotos, dividido em 15 alas em três carros alegóricos - para ‘mover montanhas, superar o impossível e realizar a missão de triunfar na avenida. 

BRASIL

Coube a Brasil encerrar os desfiles do Santos Carnaval 2024, que reuniu dez mil pessoas em cada dia. A escola permitiu, às 2h24, levar o público a uma viagem a várias partes do mundo enquanto apresentava o enredo ‘A Brasil traz os grandes impérios, nas garras do tigre paulistano’. 

A agremiação contou sobre os impérios que marcaram a história da humanidade e ampliou sua narrativa para o mundo do Carnaval, homenageando também uma das grandes escolas paulistanas: a Império da Casa Verde.

O primeiro desembarque foi no Egito, com tom dourado em pirâmides e figurinos de faraós encantando o olhar da arquibancada; a China foi marcada por componentes usando o tradicional chapéu chamado de 'kasa'; a caravela portuguesa partiu junto à marcha de persas, czares e os imponentes pilares gregos, que fecharam o desfile ao som da letra de afirmação "nossas bandeiras unidas em um só coração". 

FESTA É SINÔNIMO DE FATURAMENTO PARA ENTIDADES

Um outro aspecto do Santos Carnaval 2024 foi o social. Entidades assistenciais, cadastradas no Fundo Social de Solidariedade de Santos, aproveitaram as duas noites de folia para ter fôlego financeiro e tocarem suas atividades. Quem prova essa tese é o presidente da ONG Sem Fronteiras, Marcelo Adriano da Silva. "Se tivesse dez noites de Carnaval seria uma maravilha", comentou ele. "O Carnaval representa a oportunidade de colocarmos as contas em dia. Nós, que trabalhamos com reciclagem e conscientização ambiental, precisamos muito de eventos como esse".

Ao lado, a entidade Albergue Noturno atendia a imensa fila de clientes com simpatia e um sorriso contagiante no rosto. Para o presidente da ONG, Jorge Passos, as noites de folia são uma chance de fazer o bem ao próximo. "É uma honra estar aqui e participar de uma grande festa, uma celebração maravilhosa que vai atingir o principal motivo: ajudar uma entidade centenária. Desta forma, estamos auxiliando quem mais necessita na outra ponta". 

ATENDIMENTOS SAMU

As equipes do Samu, com cinco viaturas e quatro motolâncias, realizaram 23 atendimentos, todos considerados leves, necessitando de cinco remoções para unidades de Saúde.

Ao todo, 180 profissionais da Prefeitura participaram do evento, entre profissionais da Cultura, Segurança, Comunicação, Saúde e CET-Santos.

Esta iniciativa contempla o item 4 dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU: Educação de Qualidade. Conheça os outros artigos dos ODS.