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Crianças e adolescentes ainda são afetados pela aids

Publicado: 11 de março de 2003
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Apesar dos grandes avanços ocorridos no País, e particularmente em Santos (que é referência na condução de programa de controle da Aids/Hepatites), a transmissão do vírus HIV continua a afetar de forma significativa a população, com média de 300 casos novos/ano em Santos, sem contar as centenas de pessoas contaminadas e que desconhecem essa situação. No mundo, são mais de 20 milhões de óbitos até o ano de 1999. No Brasil, são cerca de 600 mil casos até o ano 2000, metade porém de estimativas feitas em 92 pelo Banco Mundial, o que demonstra a eficiência de políticas públicas no controle da doença. As crianças e adolescentes são um desafio à parte e cabe aos educadores participarem dessa luta, sabendo como lidar com o problema, sem preconceito e discriminação, colaborando na construção de uma consciência coletiva de solidariedade. Esse foi um dos assuntos discutidos ontem (11) pela psicóloga Regina Lacerda, da Coordenadoria de Aids/Hepatites, na abertura do Curso de Treinamento que enfoca a ¨Responsabilidade Social dos Educadores na Atenção às Crianças e Adolescentes afetados pela Aids¨. O curso é promovido de forma conjunta pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS) e Secretaria de Educação (Seduc). A faixa da população mais susceptível à doença e que merece atenção especial é das crianças e adolescentes, segundo dados de estudos mundiais. Em Santos, desde o início da epidemia - na década de 80 - o Núcleo Integrado da Criança já registrou 680 matriculados, estando atualmente em atendimento cerca de 300 crianças, que ganham atenção médica e psicológica, além de medicamentos, alimentação, tratamento dentário e assistência social. No Brasil, há registro de 8.393 crianças com HIV, sendo que 7.229 infectados foram por meio da Transmissão Materno Infantil, 55l por transmissão sangüínea, sete por relações sexuais e 611 ignorados. Dados epidemiológicos da Aids em Santos, no país e no mundo, envolvendo sobretudo crianças, adolescentes e órfãos assim como os desafios que a epidemia oferece, foram discutidos após a palestra dada por Regina Lacerda. Em seguida, houve exposição da pediatra e infectologista, Teresa Nishimoto, abordando os aspectos clínicos e cuidados necessários à criança. O curso vai se estender até 15 de abril, com um encontro semanal as terças-feiras, no auditório da Prodesan. Com participação de cerca de 70 professores da rede pública, abordará desde questões epidemiológicas, passando pela ética no atendimento, aspectos emocionais que afetam as crianças e adolescentes portadores de HIV, até a vivência da sexualidade dos adolescentes e o papel da instituição no trato com o problema. USO DA CAMISINHA CRESCEU Em pesquisa realizada pelo Programa de Aids em Santos já foi constatado que em 1986 apenas 4% dos adolescentes usavam camisinha em sua primeira relação sexual. Em 99, esse número subiu para 48%, mas há ainda um grande caminho a percorrer na conscientização dessa faixa da população. Ontem (11) os educadores já iniciaram o debate envolvendo as enormes dificuldades que envolvem a discussão da questão da sexualidade e a forma das famílias participarem da questão, inclusive como recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS). Uma das sugestões levantadas é que ao sair de casa, os pais não perguntem apenas se o filho ou a filha levou o agasalho, mas também se está levando a camisinha, enfatizou Regina Lacerda. A epidemia da Aids trouxe, segundo a psicóloga, fatos negativos e positivos. ¨O lado bom do problema é haver provocado a reflexão de temas que as pessoas normalmente evitam debater, tais como sexualidade, desigualdade de gêneros, uso de drogas e a morte. E trouxe à tona a enorme dificuldade que todos enfrentam para vencer preconceitos¨.