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Consultório na Rua leva atendimento à saúde, diálogo e uma nova perspectiva em Santos

Publicado: 31 de março de 2023 - 10h21

Assistência à saúde em vias públicas para quem dificilmente vai a uma unidade de saúde. Este é o foco do trabalho do Consultório na Rua (CnaR), que atende pessoas em situação de alta vulnerabilidade em toda a cidade de Santos.  O atendimento, que nesta quinta-feira (30) foi realizado no Centro, pode ter caráter preventivo, de diagnóstico ou de tratamento. Por mês, são mais de 300 pessoas abordadas. 

Ao longo do dia, diversos pontos foram visitados. No meio da manhã, o veículo com a equipe multidisciplinar estacionou na Praça José Bonifácio. Alexsandro Palhares Lima, 44 anos, foi um dos primeiros a receber a atenção dos profissionais. Teve a pressão aferida e fez teste de glicemia. “Há muito tempo não fazia exames de saúde. O atendimento foi excelente”.

Mayson Pereira Santos, 25 anos, também se sentiu valorizado ao receber atenção do CnaR. “Esse atendimento ajuda muito a gente. Há uns dois anos que não fazia nenhum exame. Também estou sem documento. Fica difícil”.

Os dois também receberam orientações sobre o atendimento destinado a quem faz uso abusivo de substâncias psicoativas, que é realizado pelo Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (Caps AD), na Rua Silva Jardim, 354. Sempre que a equipe identifica um paciente que faz uso dessas substâncias, realiza um trabalho de sensibilização e orientação para levar a pessoa até o Caps ou que pense a respeito e busque ajuda no futuro.

“Temos um atendimento multidisciplinar no Caps, com médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, psicólogos, assistente social, tudo isso para dar assistência a esta população. A gente sempre vê se esse paciente tem o desejo de sair da rua. Não pode ser obrigatório. Nada pode ser compulsório, de acordo com a lei vigente”, informa o secretário de Saúde de Santos, Adriano Catapreta.

A busca por melhores condições, longe das ruas, faz parte do trabalho da equipe, reforça o secretário. “Nosso trabalho é dar assistência à saúde física, mental e social, sensibilizando esse paciente, tentando convencê-lo que ele pode ter uma vida melhor, que a gente pode buscar reinseri-lo na sociedade. A Prefeitura está intensificando muito este trabalho com o objetivo de melhorar a vida dessas pessoas e de toda a sociedade”, diz Catapreta.

Qualquer pessoa em sofrimento que faça uso abusivo de drogas pode ter acompanhamento no Caps AD, que funciona de segunda a sexta, das 8 às 18h. Não há necessidade de agendamento. Aliás, há novidades. Em breve, a unidade será transferida para a Rua Monsenhor de Paula Rodrigues. "Nos primeiros meses, o atendimento será ambulatorial. Mas, até o final deste ano, vai se transformar em um Caps 24 horas, com leitos de hospitalidade integral para os pacientes que necessitarem”, acrescenta Catapreta.

Há ainda mais uma novidade. A Prefeitura vai implementar um departamento exclusivo para saúde mental. "O objetivo é dar mais qualidade, melhorar os nossos ambientes e a assistência à população”, avisa o secretário.

TRANSPORTE

Quando é necessário, a van que leva a equipe a todos os pontos de Santos se transforma em local de atendimento ou mesmo de transporte para quem precisa ser levado para uma policlínica de referência da via pública em que a pessoa se encontra. Se a policlínica encaminhar para uma unidade especializada, o agendamento e transporte do paciente também são providenciados pelo CnaR.

“O Consultório na Rua faz atendimentos no local onde a pessoa está. Pode fazer um curativo, por exemplo. Na nossa van, podemos aplicar vacinas e fazer testes rápidos de HIV e outras sorologias. A equipe pode ainda levar o paciente para fazer teste de escarro para verificar se não está com tuberculose. Enfim, é feito atendimento no local e, quando precisa, há o encaminhamento dos pacientes”, explica o secretário de Saúde. 

SALTO

Somente este ano, os profissionais do consultório na rua já realizaram mais de 2.500 procedimentos em suas abordagens. Somente entre janeiro e fevereiro, foram 2.171 contra 135 feitos no mesmo período no ano passado, uma alta de 1.508%. O aumento se deve à reformulação no programa, que contou, por exemplo, com ampliação da equipe.

O chefe do Consultório na Rua, Aparecido Junior, conta que o trabalho da equipe é bem aceito. Mas para gerar um vínculo demora um pouco, às vezes, alguns meses. 

“Para eles aceitarem, a gente tem que conversar. Depois, entrar no atendimento à saúde e no social. Aí pode haver a possibilidade ou não de eles buscarem ajuda no Caps. Já tivemos dois casos de pessoas que voltaram para suas famílias. Um de São Paulo e outro do Mato Grosso do Sul. Foi um atendimento que envolveu o Consultório na Rua, a Unidade Básica e Caps. Fico muito grato quando isso acontece. Não tenho palavras para expressar minha felicidade”, diz Aparecido.