Começam testes de nova etapa de pesquisa sobre covid-19 na Baixada Santista
A quarta etapa da pesquisa que mapeia a transmissão do novo coronavírus na Baixada Santista foi iniciada nesta quarta-feira (17). Cerca de 250 profissionais de saúde das nove cidades foram às ruas para aplicar em torno de 2.500 testes rápidos em voluntários e identificar quantos deles já tiveram contato com o novo coronavírus.
Em Santos, cidade que tem a meta de coletar 609 amostras, a expectativa é de que os trabalhos se encerrem na sexta-feira (19). Os resultados do levantamento, denominado Epidemiologia da Covid-19 na Baixada Santista (Epicobs), serão conhecidos no início da próxima semana.
Inicialmente previsto para ser realizado em quatro etapas, o estudo será estendido em Santos por tempo indeterminado. A cada 15 dias, equipes de enfermagem realizarão testes rápidos em pessoas escolhidas aleatoriamente, com perfis previamente identificados por sistema computadorizado. A continuidade se deve ao fato de a estratégia adotada já ter se mostrado essencial para a tomada de decisões no enfrentamento à pandemia de covid-19.
“A primeira etapa da pesquisa mostrou que 1,4% da população da Baixada Santista havia se contaminado. O índice ainda era baixo, com possibilidade de crescimento, e seria necessário ampliar o número de leitos para atender a população quando a contaminação acelerasse, além de não ser o momento para uma flexibilização no isolamento social. Essa pesquisa baseou as argumentações técnicas para a busca de novos leitos e respiradores junto ao governo do Estado para evitar colapso na rede de saúde e, com as etapas seguintes, as decisões em relação à retomada da economia de forma gradual e responsável”, explica Rogério Santos, presidente do conselho da Fundação Parque Tecnológico de Santos e um dos coordenadores da pesquisa.
Cada fase do estudo mostra a velocidade com que a doença avançou na quinzena anterior. Entre a primeira e a segunda etapas, foi identificado avanço de 60% no número de casos de covid-19 na Baixada Santista, de 1,4% da população já infectada para 2,2%. Entre a segunda e a terceira, o avanço foi de 75%, com 3,8% de infectados. A expectativa é de verificar se a variação apresentada por esta quarta etapa em relação à terceira mostrará uma tendência de desaceleração da pandemia na região ou ainda não.
PARTICIPANTES
Sexo feminino, com idade entre zero e 19 anos. Essas eram as características de uma voluntária que os pesquisadores do Centro de Saúde Martins Fontes deveriam encontrar na Rua Emílio Ribas, na Vila Mathias. Dessa forma, eles chegaram à Valentina Gonçalves Mendes Garcia, de 1 ano e 2 meses.
Autorizada pela mãe, Bruna Gonçalves Pereira, a menina participou como voluntária da pesquisa, tendo o sangue do teste rápido colhido do dedão do pé, para proporcionar mais conforto à criança e aos profissionais de saúde. “Decidimos colaborar com a pesquisa também por ser uma oportunidade para sabermos se ela já teve contato com o novo coronavírus, embora não tenha apresentado nenhum sintoma”, comenta Bruna.
Estefany Ketully Gouveia também aceitou participar do estudo. Como atua na área de locação de imóveis, se preocupa com o fato de manter-se em contato com várias pessoas. “Foi muito bom participar da pesquisa, estava preocupada porque já tive contato com pessoas que tiveram a doença”, diz.
Ambos os exames apresentaram resultado negativo e a equipe de enfermagem aconselhou as munícipes a seguirem com as medidas de prevenção e higiene para evitar contaminação pelo novo coronavírus.
Com realização da Fundação Parque Tecnológico de Santos, o Epicobs reúne mais de 40 pesquisadores de todas as universidades da região e tem apoio da Associação Comercial de Santos. Além disso, foi aprovado pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa, do Conselho Nacional de Saúde. A compra dos testes rápidos para as quatro etapas foi financiada pelo Condesb (Conselho de Desenvolvimento da Baixada Santista).
Fotos: Marcelo Martins