Cidade dispõe de ampla rede de atendimento qualificado para a terceira idade

Ela escolheu a República Bem Viver para viver bem. Com dois nomes de flor na certidão de nascimento, dona Margarida Rosa de Almeida, 83 anos, recebe a todos com um sorriso largo no rosto. Ela é exemplo da turma que elegeu Santos para morar e aqui desfruta de uma ampla rede de atendimento especializada para a terceira idade oferecida pela prefeitura, com serviços de saúde, assistência social, esportes, educação, cultura, entre outras. Aqui sou livre. Faço o quero e com uma liberdade fora de série. A casa é espaçosa, me sinto no paraíso, conta dona Margarida, viúva há 20 anos, mãe de sete filhos, e que há 13 anos vive no sistema de república. Ela mora na nova sede da ‘Bem Viver’, inaugurada no ano passado pela prefeitura, onde compartilha os afazeres do lar com mais nove idosos. O projeto foi criado com o objetivo de oferecer moradia digna a baixo custo, para quem ganha entre um e dois salários mínimos e tem ao menos 60 anos. A cidade conta com quatro repúblicas, gerenciadas pela Seas (Secretaria de Assistência Social) e que somam 42 vagas. Dinâmica e divertida, dona Margarida mostra seu quarto e o espaço predileto da casa: a varanda. E confidencia: Foi numa festa das repúblicas que encontrei o amor da minha vida. Ela está falando do seo Genésio, 81 anos, que mora na Casa do Sol, e com quem dona Margarida namora há nove anos e passeia todos os domingos. Outra que compartilha do mesmo entusiasmo pela vida é dona Sílvia Araújo Bastos, aluna do termo três da EJA (Educação de Jovens e Adultos) na unidade municipal Dino Bueno. Quando passou dos 70 resolveu encarar o desafio de aprender a ler e escrever. Espanhola de nascimento, veio para o Brasil com 20 anos. Com o que estou aprendendo, consigo me comunicar melhor com as pessoas. Aqui passo momentos felizes, dou risada, brinco com todo mundo, conta ela, cujos cabelos brancos denotam a sabedoria de quem tem 74 anos e aceita desafios. ATIVIDADES MÚLTIPLAS Enquanto dona Margarida aproveita seu lar e dona Silvia está na sala de aula, dona Nair Muramatsu, 68 anos, esbanja vitalidade na quadra de esportes do Complexo Rebouças, jogando vôlei. Ela é um dos 4 mil munícipes que aproveitam as atividades oferecidas pela Semes (Secretaria de Esportes) para a terceira idade, com aulas de hidroginástica, ginástica, musculação, dança de salão, nos centros comunitários, complexos esportivos e sociedades de melhoramentos com as quais a administração municipal mantém parceria. E engana-se quem pensa que ela só faz isso. É assídua frequentadora do Centro Comunitário Vida Nova, onde participa das atividades há 18 anos. No total são três centros, que somam cerca de 3 mil participantes com opções culturais e esportivas. Faz também musculação no Rebouças e ainda encontra tempo para ser uma das 100 voluntárias do FSS (Fundo Social de Solidariedade), onde cuida dos enxovais de bebê. Fazer tudo isso é que me dá energia, disposição para o dia a dia, fala animadamente, que aposta da vitória do time de vôlei santista nos Jori (Jogos Regionais do Idoso), que acontecem em Caraguatatuba em outubro. PROGRAMAS São muitos os programas reconhecidos de atendimento aos idosos. Um dos principais é o Vovô Sabe Tudo, com 53 idosos que compartilham seus conhecimentos como contadores de história, motorneiros do bonde turístico, entre outras atividades. O programa é um dos 24 finalistas do Prêmio Fundação Banco do Brasil 2009. Outro programa de sucesso é o Vovonauta, que ensina informática aos idosos. Atualmente, são cerca de 250 dominando o computador e navegando na internet. Outra iniciativa é a Universidade Aberta da Terceira Idade, uma parceria com a Unifesp, que já alcança o quarto ano consecutivo e o número de 300 contemplados. Na área de saúde, os idosos contam com uma coordenadoria que cuida exclusivamente deles. São atendidos por toda a cidade nas UBS (Unidades Básicas de Saúde), por clínicos gerais e geriatras. Nesses locais recebem gratuitamente os medicamentos, participam de palestras e são encaminhados para programas específicos, como o de hipertensão e diabetes, quando é o caso. Neste último, por exemplo, são oferecidas atividades físicas que auxiliam na prevenção e no tratamento. Além de alongamento, ginástica, caminhada e hidroginástica na praia, fazem sucesso as aulas de remo em canoas havaianas e para os mais radicais, o surfe, que conta com 90 alunos idosos. Outras atividades garantem o lazer de quem já passou dos 60, como o Baile na Praia, que acontece todo domingo na Fonte do Sapo, ou o Baile de Carnaval da Mais Bela Idade e o Arraial da Solidariedade, que celebram datas específicas do ano. Em Santos a festa da terceira idade é o ano inteiro, com gostinho especial neste 1º de outubro, Dia Municipal do Idoso.