Campanha 'Receptação é Crime' alerta população na Praça das Bandeiras
A dor da perda se transformou em ação. Essa foi a maneira que o comerciante Paulo Oshiro encontrou para enfrentar o sofrimento de ter perdido seu filho Luann, então com 19 anos, durante uma tentativa de assalto, em outubro do ano passado, no Gonzaga.
Indignado, ele arregaçou as mangas, erguer a e decidiu lutar. Idealizou a campanha 'Receptação é Crime', que neste domingo (18) teve as primeiras ações na Praça das Bandeiras, no Gonzaga.
Familiares e amigos, entregaram panfletos no semáforo, na tentativa de conscientizar a população de que adquirir produtos por um preço muito abaixo do valor praticado no mercado e sem nota fiscal é sinônimo de receptação.
Significa que esse artigo é fruto de roubo, furto ou até mesmo um latrocínio, como foi o caso de Luann Oshiro. “Nada trará meu filho de volta, mas espero que a partida dele não seja em vão”, desabafa emocionado Oshiro.
A ideia surgiu pouco depois do crime, pelo próprio pai da vítima. Ganhou apoio da Prefeitura, das polícias Civil e Militar, da Guarda Municipal, Associação Comercial de Santos, Câmara de Dirigentes Lojistas (Santos-Praia) e Sindicato do Comércio Varejista. A receptação é considerada crime, na qual está prevista pena de um a quatro anos de reclusão e multa.
Força tarefa
A campanha prevê o endurecimento na fiscalização de estabelecimentos que comercializem produtos roubados ou furtados. O trabalho será realizado por uma Força-Tarefa formada pelas polícias Civil e Militar, Guarda Municipal e secretarias da Prefeitura de Santos.
Prevê iniciativas nas áreas de comunicação (cartazes, busdoor, panfletos, faixas, vídeos e matérias na mídia), educação/ cultura (capacitação de professores e pais, palestras em escolas e grêmios estudantis e apresentação teatral) e fiscalização/ segurança (forças-tarefa para identificar, fiscalizar, coibir e eliminar potenciais pontos de venda e receptação de produtos originários de atividades criminosas).
Depoimentos
“Esses jovens estão engajados num projeto para mudar a sociedade, isso é muito importante. Na minha opinião, é mais ladrão quem compra do que quem vende objetos roubados” - Irene Salgado, pensionista, 87 anos
“Eles estão tentando transformar a dor em esperança. Só conseguiremos acabar com o crime de receptação se acabarmos com o receptador. Se ninguém comprar não haverá mais mortes” - Carlos Borel, 53 anos, corretor de imóveis
Foto: Susan Hortas