Seu navegador não possui suporte para JavaScript o que impede a página de funcionar de forma correta.
Conteúdo
Notícias

Campanha em Santos conscientiza motociclistas para reduzir acidentes e mortes

Publicado: 22 de março de 2022 - 18h19

Início da tarde desta terça-feira (22) e Luan Severo da Cunha, 28 anos, foi parado por policiais na avenida da praia, altura da Divisa, que não lhe pediram nenhum documento, como é de praxe nessas situações. Ele apenas foi direcionado a um operador de trânsito, e este lhe fez um convite para acompanhar uma ação que levaria poucos minutos. Aceitou, afinal não estava em serviço e tinha tempo, o que normalmente não ocorre quando está ao volante da sua moto trabalhando na entrega de pizzas. Ao final da atividade, veio a constatação: “É...A gente se expõe a muitos riscos mesmos. Não vale a pena”.

Luan, ainda com cicatrizes do último acidente, e a esposa Drielly Pereira Vidal, também condutora de moto, participaram do primeiro dia da campanha voltada a motociclistas. Com o tema 'Eu Piloto pela Vida', a iniciativa da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET-Santos), em conjunto com a Prefeitura e com o apoio da Polícia Militar, segue até sexta-feira (25), no bolsão de estacionamento do emissário submarino.

Em tenda armada no local, em grupos de até 10 pessoas, os motociclistas acompanharam ao vídeo com dois condutores de motos que sobreviveram a acidentes, mas convivem com sequelas irreversíveis. O filme de cinco minutos alerta sobre os perigos a que estão expostos no trânsito, seja pela própria imprudência ou dos outros.

Ao término, a mensagem é complementada pela fala de um educador de trânsito da CET, lembrando que os personagem reais da produção tiveram uma segunda chance de vida, o que na grande maioria das vezes não acontece nas ocorrências envolvendo motos em todo o País. Em Santos, nos últimos dois anos, do total de vítimas fatais de acidentes mais de 50% eram motociclistas.

 

CUIDADO MÁXIMO

O aposentado Francisco Correa, 75 anos, faz da moto a sua “condução” desde quando tinha 20 anos. “Já tive acidentes. Mais quedas. Porém, nada grave”. Para ele, é preciso chamar a atenção principalmente dos jovens. “Por falta de experiência ou mesmo porque acham que nada acontece com eles, dirigem sem o devido cuidado e criam muitas situações de riscos para todos”.

Elaine de Assis Ribeiro sabe bem o que é isso. “Parei minha moto e fui ajudar uma pessoa que não conseguia atravessar a avenida. Os veículos pararam, mas o motociclista não percebeu e, no acidente, ele foi quem se machucou”, contou, revelando que seu prejuízo foi perder o emprego. “Acabei chegando atrasada e fui dispensada”.

No primeiro dia da ação no José Menino, foram 15 exibições e palestras para um total de 115 motociclistas participantes da campanha.



EXEMPLOS, ELES SE RECONSTRUÍRAM 

Produzido pela própria CET, no vídeo da campanha Vanessa Cristina de Souza e Alexei Schenin contam sobre os acidentes que sofreram e deixam a mensagem pela segurança no trânsito. Ele, hoje com 47 anos, está há quase 20 anos em uma cadeira de rodas porque “bebeu demais”.

Um dia, tomou uma, duas cervejas. Sofreu uma queda, mas teve “só” um ralo no joelho. Achou que não teria problemas beber mais. Quando isso aconteceu, a conta veio alta para Schenin. Aos 28 anos, “na fase áurea da vida”, recebeu a sentença de que nunca mais iria andar.

Da maneira mais difícil aprendeu que não se pode tudo sobre uma moto. “A lei de trânsito é para ser cumprida. É preciso obedecer o semáforo, parar onde é obrigatório. Não dá para achar que se tem carta branca dirigindo uma moto”.

Vanessa Cristina de Souza, 32 anos, estava a 500 metros do local onde trabalhava como garçonete quanto foi atropelada por um veículo que não obedeceu o sinal de parada obrigatória. O condutor fugiu e ela, conforme relembra, ficou no local “já com o pé pendurado”. Dias depois o órgão necrosou e parte de sua perna foi amputada. “A pessoa deve se conscientizar de que quando está no trânsito não está apenas salvaguardando a sua vida, mas também a dos outros”

Apesar de tudo, os dois são exemplos. Mesmo com as limitações, deram nova direção à própria vida. Schenin hoje é surfista, anda de bike, mergulha, salta de paraquedas. Desde os 40 anos passou a treinar arremesso de peso, disco e dardo e tornou-se campeão paulista.

Vanessa também seguiu em frente por meio do esporte adaptado, que conheceu oito meses após o acidente, por meio de um professor de Educação Física que a abordou num ponto de ônibus. É paratleta (corre em cadeira de rodas) e defende Santos e o Brasil pelo mundo. No ano passado, disputou os Jogos Paralímpicos, em Tóquio, no Japão.

Galeria de Imagens