Seu navegador não possui suporte para JavaScript o que impede a página de funcionar de forma correta.
Conteúdo
Notícias

Caminhada do Março Amarelo conscientiza a população sobre endometriose

Publicado: 23 de março de 2024 - 15h26

Romilda Gadi da Silva levou 30 dos seus 51 anos para ter um diagnóstico de endometriose. Foram anos convivendo com a dor e, na adolescência, chegava a desmaiar na escola por conta das cólicas intensas. Ela é uma entre as 176 milhões de mulheres no mundo (7 milhões no Brasil), de acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), a ter um diagnóstico de endometriose.

Para conscientizar sobre a doença e importância do diagnóstico precoce, este mês é chamado de Março Amarelo e, em Santos, tradicionalmente ocorre a EndoCaminhada. A edição deste ano foi realizada neste sábado (23) no entorno da Praça Luiz La Scalla (Aquário Municipal), na Ponta da Praia, sob a coordenação da Associação Endomulheres Baixada Santista com o apoio da Prefeitura de Santos.

SUPERAÇÃO

“Aos 12 anos eu já menstruava e tinha cólicas intensas. Era rotina minha mãe me buscar na escola. Ela me levava ao médico, mas não achavam a causa. Teve um (profissional) que chegou a falar que era frescura e perguntar se eu estava em semana de prova, insinuando que era desculpa para eu não ir para o colégio”, conta Romilda.

Depois, já adulta, tinha dificuldades para conciliar o trabalho com fortes sintomas, tanto que decidiu pedir demissão. “Eu tinha sangramentos diários. Sem contar que as dores foram se intensificando. Chegou um momento em que era raro eu não sentir dor”.

Quando finalmente descobriu que tinha endometriose, foi em 2008, quando, contra todos os prognósticos, já era mãe e nem sabia mais a quantos profissionais tinha recorrido em busca de ajuda. E, apenas dois anos depois, Romilda iniciou o tratamento em São Paulo. “Foram três tentativas. Coloquei um implante hormonal, que era uma mistura de medicamentos e foi melhorando. Cada dia era uma alegria, comecei a fazer tudo o que gostava”.

De acordo com a presidente e cofundadora da Associação EndoMulher, Flávia Marcelino, a caminhada acontece simultaneamente em vários países dentro do Março Amarelo. “O objetivo é alertar sobre as queixas das mulheres que muitas vezes não são ouvidas, como aquela cólica intensa, a dor incapacitante, dor pélvica e na relação sexual, que muitas vezes são desconhecidas pelas mulheres. Precisamos alertar para que elas se empoderem de informações e busquem um profissional médico, e que ele também tenha conhecimento do que é endometriose”.

REFERÊNCIA

As políticas públicas realizadas em Santos voltadas a encurtar o trajeto entre dor, diagnóstico e tratamento foram destacadas pela vice-prefeita e secretária da Mulher, Cidadania e Direitos Humanos, Renata Bravo. “O nosso Centro de Referência hoje atende não só as mulheres de Santos, mas também de outras cidades da Baixada Santista. Essa experiência é um exemplo de sucesso para a implantação de serviços em outros municípios”.

Desde 2019, a Cidade mantém atendimentos especializados à mulher com endometriose. A porta de entrada é a policlínica de referência do local de moradia. Havendo a suspeita diagnóstica, a paciente é encaminhada ao Instituto da Mulher e Gestante para confirmação ou descarte da suspeita. Em casos mais severos, há necessidade de intervenção cirúrgica, que é realizada no Complexo Hospitalar dos Estivadores (CHE) por meio de laparoscopia, técnica por vídeo menos invasiva.

Já a secretária de Desenvolvimento Social (Seds), Audrey Kleys, lembrou que Santos possui leis que garantem direitos para as mulheres e ressaltou o papel e a importância dos profissionais estarem preparados para atuar nesses casos. “O Março Amarelo também vem para conscientizar as universidades e tenhamos médicos especializados e capacitados a atuar com esta doença”.

SAIBA MAIS

O endométrio é a camada que reveste a parede interna do útero. A endometriose é a inflamação causada por células que, em vez de serem escoadas por via vaginal durante a menstruação, passam a se implantar nas regiões pélvicas (ovários, peritônio, bexiga e intestino).

Conforme o Ministério da Saúde, 10% das mulheres em idade reprodutiva apresentam endometriose, seja em estágio mais leve ou avançado. Os sintomas da doença são cólicas menstruais mais frequentes, aumento do fluxo menstrual ou até infertilidade. A ultrassonografia transvaginal identifica se há focos de endometriose na pelve.

No entanto, há mulheres nas quais a doença está localizada fora do útero e do ovário, havendo necessidade de exames complementares para investigação como a ressonância pélvica, que mostrará se há comprometimento dos outros órgãos.

Para casos iniciais de endometriose, o tratamento é feito com o uso de medicamentos (pílulas anticoncepcionais ou remédios específicos, a critério médico). Quando a doença está em estágio que compromete a estrutura de outros órgãos como ovários, ligamentos de sustentação do útero, bexiga ou intestino, a recomendação é cirúrgica.

 

Esta iniciativa contempla o item 3 dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU: Saúde de Qualidade. Conheça os outros artigos dos ODS.