Atletas ligados a Santos brilham no Campeonato Mundial de Parasurfe nos Estados Unidos

Berço do surfe nacional, Santos fez história mais uma vez em águas internacionais. Três atletas ligados à cidade brilharam no Campeonato Mundial de Parasurfe, que aconteceu no último sábado (11), em Pismo Beach, na Califórnia (EUA). Mike Richard, da Fupes, sagrou-se bi-campeão mundial na categoria Open Adapt. Já Malu Mendes e Miguel Almeida, alunos da Escola Radical de Surfe Adaptado, conquistaram a medalha de prata.

Mike Richard, atleta da Fundação Pró-Esporte de Santos, conquistou sua segunda medalha de ouro em mundiais. Atleta profissional do surfe adaptado, seu nome é em homenagem ao australiano Mark Richards, tetracampeão mundial de surfe. Ele iniciou no surfe aos 5 anos de idade, colecionou mais de 300 troféus, porém um acidente de moto tirou todos os movimentos do seu braço direito, passando depois a brilhar no parasurfe.

DA ESCOLA RADICAL

Malu Mendes, de 28 anos, e Miguel Almeida, de 23, AlWoman Stand 2 (Paralisia Cerebral Diparética) e B2 Men VI 2 (Deficiência Visual, 5 a 10% de visão), respectivamente, também brilharam nos Estados Unidos. Almeida contou com o 'suporte de água' do professor Caio de Oliveira por conta de sua baixa visão.

A surfista Malu Mendes voltou a fazer história. Ao nascer, foi diagnosticada com uma paralisia cerebral, patologia que não a atrapalha em praticar a atividade esportiva que mais ama. Em 2020, sagrou-se a primeira brasileira da história a vencer o mundial do parasurfe feminino. Miguel estreou na competição mundial. Ele pratica surfe com apenas 5% da visão no olho esquerdo e 10% do direito.

Para o surfista e coordenador da Escola Radical de Surfe de Santos, Cisco Araña, as conquistas são motivo de orgulho e trazem o sentimento de esperança à tona. "Eles (Malu e Miguel) encheram nosso coração de orgulho e esperança pela inclusão, além da premissa de que o surfe é vida. Surfe é para todos", destacou.

O secretário de Esportes Gelásio Fernandes também vibrou com a conquista dos alunos do equipamento público municipal. "Além de coroarem nossos atletas, coroam o trabalho pioneiro e revolucionário na inclusão por meio do surfe adaptado, realizado pela Escola Radical. Essas conquistas são um grande orgulho para nós santistas, principalmente por mostrarem a inclusão que o esporte proporciona. Todos estão de parabéns", afirmou.

SANTOS É PIONEIRA MUNDIAL

Primeira escola pública do mundo a contemplar pessoas com variados tipos de deficiência, a Escola Radical de Surfe Adaptado iniciou suas atividades em janeiro de 2020, no Posto 3, na orla do Gonzaga, próximo à Rua Marcílio Dias.

Por meio de uma parceria entre a Prefeitura de Santos e a Associação Alvorecer, uma equipe de seis instrutores especializados é cedida para o desenvolvimento das atividades. A Secretaria de Esportes (Semes), por sua vez, disponibiliza um terapeuta ocupacional e atendentes para o público.

O Surfe Adaptado é um dos braços da Escola Radical de Surfe de Santos, existente há 30 anos e responsável por ter formado 32 mil alunos de todas as idades, de oito a 78 anos, entre eles pessoas com deficiência e restrições motoras.