Apesar de derrota da Seleção, clima em abrigo de Santos é de esperança na Copa e na vida

Luigi di Vaio

"Todos juntos, vamos, pra frente Brasil. Salve a Seleção!" Diz o trecho da conhecida música que embala os jogos do escrete verde e amarelo nas edições da Copa do Mundo. E, em Santos, "todos" significa "todos" - até para os menos favorecidos. Prova disso foi a exibição do jogo entre Brasil x Camarões, na sexta-feira (2), para um grupo de 20 moradores em situação de rua que estão na Seção de Acolhimento e Abrigo Provisório de Adultos, Idosos e Famílias em Situação de Rua (Seacolhe-Aif), que fica na Rua Bittencourt, 309, na Vila Nova.

A recepção da seção foi toda preparada para o Mundial, com bandeiras e faixas nas cores do Brasil. Para animar o grupo, um lanche, com doces, salgados e refrigerante, buscava animar os torcedores.

No intervalo da partida, Milton Santos, de 45 anos, até se mostrava animado com o time de Tite. "Temos de ganhar esta Copa", comentava ele, esperançoso pela volta do craque Neymar para os próximos jogos.

Trabalhando como cozinheiro, Milton conta que está há um mês no abrigo, onde deve permanecer por mais cerca de 20 dias. "Depois é tentar vida nova. Tenho esperança".

João Roberto Franco, 37 anos, se mostrava um pouco mais animado do que o colega. "O primeiro tempo foi excelente. Só está faltando o gol". Flamenguista de coração, ele avalia que Neymar está fazendo falta na Seleção. Torneiro mecânico, João Roberto diz que está há duas semanas no abrigo e espera uma nova oportunidade para sua vida. "Faço qualquer coisa para trabalhar".

Para Felipe França do Nascimento, 32, a falta de entrosamento justificava o fato de o escrete canarinho não ter balançado as redes. Esta é sua quarta passagem pelo abrigo, de onde espera sair assim que encontrar uma oportunidade de trabalho - já tem experiência em atividades na Construção Civil.

DERROTA E VITÓRIAS

Esperançoso com o avanço do Brasil na Copa e também com o seu futuro, Felipe sonha com um dia em conhecer a Vila Belmiro e ver o seu Peixe sair vitorioso de lá. Se o time de Tite saiu derrotado no confronto com os camaronenses, na sexta, o clima no abrigo era de novos ares e futuras vitórias pessoais para os abrigados.