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Apadrinhamento Afetivo leva apoio e carinho a adolescentes por meio de acolhimento familiar

Publicado: 4 de março de 2024 - 10h35

VEJA COMO SER VOLUNTÁRIO

 

Rosana Rife

Há cinco meses, pelo menos, um dia na semana Letícia da Silva Figueiredo, 28 anos, passa momentos especiais com a adolescente Beatriz (nome fictício), 16 anos. A jovem, que vive em abrigo no Município, ganhou uma madrinha por meio do programa Apadrinhamento Afetivo, da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social (Seds).

O programa é destinado, prioritariamente, a atender adolescentes que estão em situação de acolhimento institucional e com poucas chances de retorno à família ou de adoção. Previsto pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), tem como objetivo oferecer aos jovens uma referência adulta na vida deles. Uma pessoa em quem possam se apoiar, fortalecendo os alicerces para seu futuro.

Letícia conta que a decisão de fazer parte do projeto foi movida por sua paixão pela pedagogia e pela vontade de contribuir para a vida de adolescentes em situação de acolhimento. Ela acredita que seria uma forma de estender seu apoio e fortalecer os vínculos com esses jovens. Já na primeira visita ao abrigo, após todo o processo para efetivação do cadastro ao projeto, ela teve certeza que Beatriz seria sua afilhada.

O encontro, durante a dinâmica realizada com os adolescentes, foi marcado por uma conexão instantânea e um sentimento mútuo de identificação entre elas, conta a pedagoga. Desde então, as duas vêm se tornando grandes amigas e começaram a compartilhar experiências, hobbies e sonhos.

“Desde a primeira vez, foi muito amor à primeira vista, porque a gente já conseguiu identificar muitos gostos em comum que a gente tem. Ela tem muito amor pela leitura, eu também gosto. Então trocamos livros, lemos uma para outra. Ela me conta a sinopse e tudo mais. Tem sido muito leve”.

Entre uma leitura e outra, também entra em cena o café com conversa. As duas adoram um papo regado com a bebida e um pedaço de bolo. “A gente sempre conversa muito sobre como foi a semana dela, como foi a dinâmica na escola, as dificuldades que tem. Na adolescência é tudo muito intenso, então, às vezes, ajudo nesse sentido de dialogar, de aconselhar sobre novos percursos para lidar com todas essas emoções”, diz Letícia.

Passeios também entram na agenda delas, combinados democraticamente de acordo com os gostos delas. “Fui a muitos lugares novos que nunca tinha ido. Visitei muitos lugares de Santos que não sabia que existia”, destaca Beatriz. Nenhuma das duas tinha a dimensão do quanto o Apadrinhamento Afetivo acabaria impactando em suas vidas, mas a convivência ao longo deste tempo tem demonstrado isso. “Está sendo maravilhoso. A gente se identifica bastante. São trocas muito bacanas. Somos muito amigas. E ela me traz um brilho diferente, porque é muito espontânea e viva. A contribuição dela para a minha vida é algo que eu vou carregar para sempre. Nós sempre falamos que vamos ficar uma na vida da outra até velhinha”, diz Letícia.

“A cada dia fico pensando, não fico mais sozinho. Agora tenho alguém para conversar e está sendo muito bom. Aprendo a ser positiva com ela. Sei que tem muita coisa que ela ainda vai me ensinar. Estou há três anos no abrigo, então, quando ela chegou tive esperanças de lutar pelos meus sonhos. Quero ingressar no Exército. Se não conseguir, vou fazer faculdade de Direito”, conta Beatriz.

PERCURSO

Ao decidir se inscrever no programa, Letícia participou de entrevistas com psicóloga, frequentou oficinas de capacitação e recebeu orientações da equipe técnica responsável pelo apadrinhamento afetivo até ser considerada apta ao programa. O percurso faz parte das etapas a serem cumpridas por todas as pessoas interessadas em participar do programa, que incluem entrevistas individuais, familiares e visita domiciliar. Também farão a preparação teórica composta de oito módulos e entregarão documentação pessoal e dos membros da família para homologação do cadastro.

Os candidatos a padrinhos/madrinhas devem ter mais que 21 anos, ser moradores de Santos, ter ainda disponibilidade de tempo para os jovens e para encontros de apoio, capacitações e acompanhamentos. Também não podem ter demanda judicial, ou seja, não podem existir ações ou processos nos quais sejam acusados, indiciados ou citados como réus ou cúmplices de crimes previstos em lei. É necessário apresentar cópias do RG, CPF, certidão negativa de antecedentes criminais, comprovante de residência, entre outros documentos.

“O objetivo é que eles tenham um amigo adulto, disposto a permanecer durante esta fase da adolescência, juventude e até quando quiserem, para mostrar que eles não estão sozinhos. A ideia é construir uma relação individual e duradoura baseada no afeto e não em apoio financeiro, pagamento de cursos ou bens materiais”, explica a psicóloga do programa, Biancha Meneguim Pereira Bordinhon.

 

COMO SER VOLUNTÁRIO

Como Beatriz, há outras cinco apadrinhadas em Santos. Mas há mais três, pelo menos, aguardando a mesma oportunidade. Para isso, é preciso encontrar voluntários dispostos a doar um pouco de tempo e atenção a eles. 

Quem quiser participar deve ir à Av. Senador Pinheiro Machado, 73, de segunda a sexta, das 9h às 17h. Interessados em ser voluntários devem ligar para o 3251-9333 ou pelo e-mail: apadrinhamentoafetivo@santos.sp.gov.br.

 

Esta iniciativa contempla o item 10 dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU: Redução das Desigualdades. Conheça os outros artigos dos ODS