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Alunos percorrerão pontos do Centro de Santos para instalar placas com dados históricos e arqueológicos

Publicado: 8 de outubro de 2019
17h 39

Após percorrerem vários pontos históricos no Centro de Santos durante uma atividade escolar, alunos do 9º ano da escola municipal Edmea Ladevig, no Gonzaga, decidiram arregaçar as mangas e concretizar um projeto para levar informação a moradores e turistas. Nesta quarta-feira (9), 30 estudantes visitarão oito endereços do bairro para instalar placas informativas sobre a importância desses locais, que também têm grande valor arqueológico.

''Queremos valorizar a história da Cidade e informar a população sobre esses pontos, chamando a atenção para a necessidade de preservação de patrimônios que muitas vezes não são tão visíveis, mas importantes para todos nós'', afirmou a historiadora da Secretaria de Educação (Seduc), Adriana Negreiros.

Durante atividades de estudo do meio no entorno do Centro Histórico, no dia 12 de agosto, os alunos identificaram vários pontos que já foram escavados e perceberam que poderiam apresentar placas informativas. O passo seguinte foi a confecção do material, sob coordenação do professor de História da escola, Luiz Antonio Canuto dos Santos. Essas placas contêm dados históricos e curiosidades arqueológicas.  ‘’Os próprios alunos demonstraram interesse em fazer um roteiro pelo Centro Histórico. A região é um museu aberto, um território educativo, e é importante despertar o valor do nosso patrimônio’’, destacou Santos.

Os estudantes começarão visitando o Outeiro de Santa Catarina, às 9h. ''Na década de 80, o local foi alvo de prospecção e encontraram vidros, ferros, pregos, dobradiças de portas e cachimbos. O local foi onde o médico italiano João Éboli mandou construir uma casa acastelada e serviu de refúgio de homens escravizados'', explica Adriana, que tem mestrado em Arqueologia.

Outro ponto será a primeira Igreja Matriz de Santos, obra barroca do período entre 1742 e 1746, localizada no antigo Largo da Matriz (atual Praça Teles). Ela foi demolida em 1908 para as obras de expansão da Praça da República. É naquele ponto, segundo alguns historiadores, que podem estar enterrados os restos mortais de Braz Cubas, fundador da Vila de Santos. Mas a hipótese nunca foi comprovada.

Exemplo de barroco brasileiro, o Conjunto do Carmo, localizado na atual Praça Barão do Rio Branco, também receberá a visita dos alunos. Ele é formado por duas igrejas: a Venerável Ordem Terceira do Carmo (do século 18) e a Igreja da Ordem Primeira dos Freis Carmelitas (de 1599). Lá, em 2009, durante obras de ampliação da linha do bonde turístico, foram encontrados 12 esqueletos humanos e muitos artefatos, que foram encaminhados ao Centro de Estudos Arqueológicos (Cerpa) do Município.

O local da primeira Cadeia Velha de Santos, a Casa de Câmara e Cadeia, é outro ponto de parada. O prédio foi reconstruído em 1697 e ficava ao lado da Igreja do Carmo e do Arsenal da Marinha, em frente à Rua Direita. Com a inauguração da nova Casa de Câmara e Cadeia, na Praça dos Andradas, a edificação ficou obsoleta, sendo demolida em meados do século 19.

Os alunos se dirigirão ainda ao local da Igreja São Francisco de Paulo, inaugurada em 1760 na subida do então Morro de São Jerônimo, o atual Monte Serrat, e demolida no final da década de 1950. ''Lá não houve escavação, mas há ruínas. A igreja é onde está o túnel que fazia parte do complexo da terceira sede da Santa Casa e sabemos da necessidade desse trabalho'', destaca a historiadora.

O roteiro inclui a atual Cadeia Velha, na Praça dos Andradas, que começou a ser construída em 1839. Mas a obra, interrompida várias vezes, terminou 30 anos depois. O edifício chegou a servir de quartel para tropas brasileiras que seguiam para a Guerra do Paraguai (1864-1870) e onde funcionou o Tribunal de Júri, em 1866.

A Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, em frente à Praça Rui Barbosa, é outro ponto. Ela tem como origem a Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, criada em 1 de outubro de 1652, e lá também foram encontrados restos de ossadas humanas durante obras de ampliação da linha do bonde. Era a única Igreja da Vila de Santos que acolhia escravizados e mulatos.

Os alunos também visitarão a antiga Igreja da Misericórdia do Campo, a primeira da Vila de Santos, construída em meados do século 16 na pequena capela que havia na Casa da Misericórdia. A segunda igreja foi erguida em 1662, em um terreno no Campo da Misericórdia, que hoje é a Praça Mauá. Ela foi demolida por volta de 1840. Durante obras de ampliação do bonde, foram encontrados os alicerces da igreja.