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Alunos de Santos revelam a realidade da periferia em livro de poemas

Publicado: 26 de junho de 2019
16h 03

Alunos da escola municipal santista José da Costa e Silva Sobrinho, no bairro Piratininga, lançaram na noite desta terça-feira (25), no Teatro Guarany, o livro 'Pira VDC: Respeita nóis, que nóis respeita você! Do verso à memória – Antologia Poética'. “Pira VDC” refere-se ao Slam Pira VDC, sendo Pira alusão à Piratininga e VDC à Vila dos Criadores, locais onde os estudantes residem.

A obra mostra a realidade da comunidade, suas lutas diárias, vivências como moradores da periferia santista e faz um registro da beleza e artes das 'quebradas' da Cidade.

Slam vem de poetry slam (batida de poesia), e é uma competição de poemas falados, que depois recebem notas de jurados. Nasceu na década de 80, nos Estados Unidos, para fazer a poesia descer às ruas. No Brasil, vem se popularizando em espaços periféricos como atos de resistência, expressando criticamente demandas sociais de excluídos e a luta contra a opressão.

O livro foi feito por cerca de 60 alunos de 6º e 7º anos da unidade, sob orientação da professora Luisa Paula Ferreira de Mendonça, 37, e apoio do Coletivo Alcova, do qual faz parte a poeta slam Patrícia Meira, que veio de São Paulo especialmente para apresentar o evento. Durante o lançamento, ocorreu a batalha de poemas mensal, sempre realizada na escola, valendo vaga para a final do grupo, que este ano enviará um representante para as disputas do Slam SP.

INÍCIO

Luisa contou que a ação começou em 2017, quando pretendia ensinar o gênero poesia aos alunos, que na época estavam no 5º ano. “Utilizei o funk, porque é a música que eles gostam. Selecionei músicas com letras que eles poderiam cantar sem problema algum. Assim comecei a falar sobre a cultura periférica e hoje o Slam Pira VDC é reconhecido no cenário nacional.”

Disse que são 150 exemplares, impressos graças à colaboração da comunidade escolar, sendo comercializados a R$ 30 cada. Também foram lançados fanzine poético a R$ 20, caderno poético por R$ 10, e adesivo a R$ 2. “A renda será para custear despesas dos nossos poetas para participarem de eventos e batalhas de poemas”. Em julho, será na Feira Literária Internacional de Paraty (FLIP), onde foram convidados para o Sarau Alcova da Deusa; em outubro, Interescolar (SP); em novembro, Slam SP (SP), em dezembro, Slam BR (SP) e. em maio de 2020, na França.

PROTAGONISTAS

Luiza Lustosa, 13, integra o movimento desde o início. Nas obras lançadas, escreveu 'Identidade', que discorre sobre sua cor negra e o racismo, e 'Queremos Justiça', a respeito de necessidades do bairro onde vive. “Estou mais madura e consciente depois que comecei a participar do nosso slam.”

Já Murillo Pereira Gonçalves, 11, começou este ano e escreveu 'Amor', que fala sobre o sentimento que devemos ter para com o próximo e com a família. “Quero escrever um livro e letras de músicas.”

Fotos: Marcelo Martins

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