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Alunos de escola de Santos confeccionam monstro gigante para evento da Unesco

Publicado: 5 de outubro de 2022 - 16h52

Carol Za

Na próxima semana, Santos será invadida por monstros marinhos feitos com material reaproveitado. As peças estão sendo confeccionadas por cerca de 20 alunos do 8º ano da UME Ayrton Senna da Silva (Campo Grande), dentro do projeto Monstro Lixo, parceria entre a unidade municipal e a Escola Profissional de Vila do Conde, em Portugal. A produção fará parte da programação do evento internacional da Unesco sobre Cultura Oceânica, que ocorrerá de 10 a 15 de outubro na Cidade.

Materiais como tampinhas de garrafa, sacos de cebola, papelão e embalagens plásticas diversas estão dando forma a uma lagosta gigante estilizada que, depois de pronta, terá cerca de três metros de altura e cinco metros de comprimento. Além dela, outros quatro monstros menores também estão sendo feitos para serem coletores de lixo (verde, vermelho, azul e amarelo). Os alunos participam do projeto no contraturno das aulas em uma das salas da escola, que se tornou o ateliê da ação.

O ‘Monstro Lixo’ foi trazido para Santos pela professora de Arte da unidade, Márcia Justino Alves, após receber o convite para participar do projeto da escola portuguesa, por meio do criador da ação, Amauri Alves. “A iniciativa busca sensibilizar a comunidade sobre as questões ambientais, transformando nossos alunos em multiplicadores. O projeto foi iniciado aqui no ano passado com a coleta de materiais e, neste ano, construímos o Frankenstein gigante e quatro coletores, que ainda estão expostos na escola. Tive a oportunidade, em junho, de ir até Vila do Conde (Portugal) ministrar dois workshops e falar do trabalho que estamos fazendo em nossa escola. Foi gratificante fazer parte, porque fizemos também um intercâmbio virtual entre os nossos estudantes e os de lá”, explicou a professora.

Ela, que além de educadora, é atriz, artista plástica e produtora cultural, disse que recebeu feliz a notícia de que a ação teria continuidade e que iriam participar do evento da Unesco em Santos. “Os alunos ficaram muito empolgados e já tinham a experiência da construção dos primeiros monstros e, desta vez, a produção das novas peças ficou mais fácil. Eles pesquisaram e foram atrás das informações necessárias, se empenharam. A ação acabou sendo interdisciplinar, envolvendo outros professores da escola, trabalhando habilidades como matemática e noção espacial. Vemos que o projeto está crescendo em Santos e tendo visibilidade. E o melhor de tudo é o despertar dos adolescentes, vendo que são capazes e que, com dedicação, podem alcançar seus objetivos. Muitos, inclusive, já estão sonhando em ir estudar em Portugal”.

APOIO

A construção dos monstros marinhos contou com o apoio do professor e coordenador de eventos da Escola Profissional de Vila do Conde e idealizador do projeto, Amauri Alves, que veio ao Brasil especialmente para acompanhar esta nova fase da ação. Amauri tem uma forte ligação com a Baixada Santista, porque nasceu em São Vicente e já ocupou, mais de uma vez, o cargo de Secretário de Cultura em sua terra natal. Ele também é produtor cultural, sendo responsável por ações no Brasil e em Portugal.  

“Já estávamos juntos no projeto desde o ano passado e então veio o convite do secretário de Meio Ambiente de Santos, Marcos Libório, para participarmos deste evento internacional. Criei os novos monstros especialmente para a data e passei os moldes para a professora Márcia trabalhar com os estudantes daqui. Este novo monstro foi retirado da cartografia náutica do século 16, porque a Vila do Conde tem uma ligação muito forte com o período da expansão marítima portuguesa”, explicou Amauri.

Segundo o idealizador do Monstro Lixo, na Escola Profissional de Portugal, participam alunos de diversos cursos e a primeira mostra realizada está percorrendo outras cidades do país. “A cada ano teremos uma exposição nova e, estimulados pelo evento da Unesco, a próxima será com os monstros marinhos, seguindo a mesma linha dos produzidos pelos estudantes da escola municipal santista”.

Para ele, “é preciso repensar a forma como nós consumimos. Estamos deixando uma herança seriíssima para as próximas gerações. Se não colocarmos o pé no freio agora vai ser praticamente irreversível e o planeta irá se transformar em um caos. Os cientistas e especialistas estão gritando isso e tem gente que não está escutando. Precisamos sensibilizar as pessoas e reduzir o consumo, cuidando do meio ambiente”.

PROGRAMAÇÃO

Como parte do evento internacional da Unesco, no dia 12, próxima quarta-feira, quem passar pelo Aquário Municipal poderá ver as produções, que estarão no local das 8h às 14h. Já nos dias 13 e 14 de outubro, será a vez da Praça Mauá receber os monstros, que ficarão expostos das 9h às 17h. Além da exposição, haverá atividades lúdicas para as crianças que forem ao local, monitoradas pelos alunos e pelos responsáveis pelo projeto.

O aluno Douglas Valdenes de Jesus Pereira, 15, contou que está feliz em participar do projeto. “Estamos contribuindo com o meio ambiente, conscientizando as pessoas”. Já Carlos Eduardo Souza de Azevedo, 14, destacou a interação entre os colegas. “É legal a integração com o grupo”.

CULTURA OCEÂNICA NAS ESCOLAS

Em 2021, Santos se tornou a primeira cidade do mundo a estabelecer a cultura oceânica como política pública, por meio da Lei Municipal 3.935, que prevê a inserção de assuntos sobre o mar no currículo escolar, de maneira transversal. No ano passado, este foi o tema do trabalho no projeto Santos à Luz da Leitura, escolhido em razão da Década Internacional da Oceanografia para o Desenvolvimento Sustentável (2021 a 2030), declarada pela Organização das Nações Unidas (ONU).