Seu navegador não possui suporte para JavaScript o que impede a página de funcionar de forma correta.
Conteúdo
Notícias

Agosto Dourado: bebê prematura supera desafios com leite materno em hospital de Santos

Publicado: 29 de agosto de 2023 - 11h52

PATRÍCIA FAGUEIRO

O nome da bebê é Sophia, mas poderia ser Esperança. Nascida com 840 gramas e apenas 30 semanas de desenvolvimento no ventre da mãe, comemorou três meses de vida na Maternidade Silvério Fontes (MSF) no último dia 13, onde segue internada e se desenvolve, desde o nascimento, com a oferta exclusiva do leite da mãe, Alexandra Eduarda Gonçalves de Paula.

O aleitamento da pequena Sophia passou, com sucesso, por algumas etapas, de acordo com a sua capacidade de se nutrir. Ainda nas primeiras horas de vida, gotas de colostro (leite amarelado e grosso produzido pela mãe no estágio inicial da amamentação) foram colocadas nas laterais de sua boca. A médica neonatologista da MSF Inês Regina Vieira Simão Davoglio explica o benefício deste procedimento.

“O colostro traz muita imunidade e ajuda a colonizar com bons microorganismos o corpo do bebê, prevenindo infecções, e traz um bom resultado. A mãe fabrica o leite de que o filho necessita naquele momento, com variações em cada período da vida. A digestibilidade do leite materno é melhor e transmite a imunidade da mãe ao bebê”. 

Ainda nos primeiros dias de vida, Sophia recebeu o leite da mãe via sonda, já que, por ter nascido prematura, essa estratégia é mais viável para evitar fadiga e perda de peso. Após receber alta, Alexandra fazia ordenha do seu leite e a equipe o oferecia à bebê, que se alimentava espaçadamente. 

“Não teve qualquer infecção e eu também fiz mudanças na minha alimentação para oferecer um leite melhor. Durante o tempo em que ela permaneceu na UTI, eu ficava no hospital o dia todo e ia para casa descansar de noite”, conta Alexandra. 

Conforme Sophia cresceu, a etapa anterior foi vencida e, então, foi liberada para a sucção direta do leite no seio da mamãe, mas paralelamente com a sonda, em uma técnica chamada de translactação. Dessa forma, o bebê, um pouco mais desenvolvido, inicia a sucção, recebe o aconchego do colo da mãe, ao mesmo tempo em que continua a receber o leite da sonda. Assim, realiza uma transição mais tranquila para a sucção, com menor risco de perda de peso.

Ao atingir 1,5kg, Sophia saiu da UTI. Alexandra voltou a se internar no hospital em alojamento conjunto, para a promoção do método canguru, em que o bebê permanece próximo ao ventre materno, preso a uma faixa. Por meio desta estratégia, o bebê sente o calor, a respiração e os batimentos cardíacos da mãe, favorecendo seu desenvolvimento neurológico. Quando não está com a mãe, o bebê permanece em berço aquecido.

Nesta segunda-feira (28), Sophia passou para a última e definitiva etapa do aleitamento materno: fortalecida, com 1,9kg, alimenta-se diretamente no seio da mamãe, sem sonda. Alexandra comemora cada etapa vencida e fica feliz por ter provido a alimentação da filha desde o início dessa jornada.

“É uma riqueza. Eu transmito imunidade por meio do leite e conforme ela vai mamando, eu percebo que ela cria mais forças. O leite materno torna o bebê mais inteligente e a amamentação fortalece o vínculo da mãe com o bebê”, conta Alexandra. 

A meta, agora, é receber alta nos próximos dias, o que ocorrerá quando atingir dois quilos.

DESAFIOS

Nem sempre a amamentação é um processo fácil. Por vezes, fatores psicológicos podem interferir no sucesso do aleitamento, mas Alexandra conseguiu se blindar, mesmo em uma situação adversa: Sophia veio ao mundo emergencialmente, após pré-eclâmpsia da mãe. O feto apresentava baixo batimento cardíaco, uma vez que a placenta fornecia menos oxigenação.  

Antes que o feto entrasse em sofrimento, a equipe da MSF optou pelo parto. Após o nascimento, a bebê foi para a UTI neonatal, onde recebeu suporte respiratório por meio do CPAP (Continuous Positive Airway Pressure), que contribui para a sobrevivência de bebês prematuros.

Sophia também precisou de banho de luz (fototerapia) para tratar a icterícia, coloração amarelada que costuma atingir pele, olhos e mucosas de recém-nascidos, e que é causada pelo acúmulo da substância bilirrubina no sangue pelo fato de o fígado não processar os glóbulos vermelhos de forma eficiente.

“Houve dias em que eu chorei de preocupação. Mas a equipe da UTI neonatal da MSF me trazia uma leveza, eu sabia que a minha filha estava sendo bem cuidada. A equipe é maravilhosa, sempre fez o melhor para que eu e minha filha nos sentíssemos bem e foi muito importante para que tudo desse certo”.

“Não há fórmula que se compare ao leite materno e nossa função, enquanto Hospital Amigo da Criança, é promover um ambiente propício para que o aleitamento ocorra de forma tranquila”, afirma a neonatologista Inês.

Para finalizar, Alexandra dá dicas para uma amamentação eficaz. “É um conjunto de fatores: são necessários boa alimentação, descanso, bastante ingestão de água e uma rede de apoio que ajude”.

Equipe da Maternidade Silvério Fontes que acompanha tratamento da pequena Sophia

Esta iniciativa contempla o item 3 dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da ONU: Saúde de Qualidade. Conheça os outros itens dos ODS.