Seu navegador não possui suporte para JavaScript o que impede a página de funcionar de forma correta.
Conteúdo
Notícias

A potência do autismo: Bruna, rotina de criança e fascínio pela Matemática

Publicado: 31 de março de 2023 - 17h57

Especial - A Potência do Autismo

“Eu evoluo a cada dia e sei que sou capaz de tudo”. A frase da estudante Bruna Malavasi, 12 anos, não demonstra apenas autoconfiança. Independente durante boa parte da rotina, bem articulada e esbanjando simpatia, a jovem mostra que a condição de autista não traz limitações para o dia a dia.

Este depoimento faz parte da série ‘A Potência do Autismo’, que o Santos Portal publica em comemoração ao Dia Mundial de Conscientização sobre o Autismo, neste 2 de abril. A sequência conta como santistas convivem com o Transtorno do Espectro Autista (TEA), além de destacar a rede de apoio a essas pessoas na Cidade.

Todas as 86 Unidades Municipais de Ensino (UMEs) da rede escolar de Santos possuem suporte à educação especial. O trabalho com alunos com deficiência e/ou TEA é exercido por professores da rede e por um Profissional de Apoio Escolar Inclusivo (Paei), selecionado via organização da sociedade civil. Atualmente cerca de 1.400 alunos necessitam desse atendimento na Cidade.

A rotina de Bruna é semelhante à de outra criança sem autismo. Logo pela manhã toma café junto com os pais, Juliana e Fabiano, e o irmão Pedro, também autista. Pouco depois conclui as tarefas escolares, almoça e se prepara para mais um dia de aula. Cerca de 700 metros separam sua casa, na Rua Coronel Pedro Arbues, até a escola municipal Pedro II, na Avenida Professor Aristóteles Menezes. Independente, parte sozinha rumo à escola em uma caminhada de dez minutos.

Ao chegar à escola, faz questão de encontrar Mel, sua melhor amiga, companheira de sala com quem troca confidências, principalmente durante os intervalos. Já durante as aulas, se diz apaixonada por Matemática. “É uma matéria incrível. Às vezes ela mostra caminhos diferentes, mas a resposta certa é apenas uma. Ela é exata, não precisa ficar decorando fatos históricos e isso me encanta. Se dependesse de mim só existiria Matemática”, brinca Bruna, que também é presidente do grêmio estudantil.

Segundo a estudante, seu autismo foi detectado nos primeiros anos de vida, quando ainda estudava na rede particular de ensino. Por conta de uma ligeira irritabilidade em sala de aula, momentos de desatenção e movimentos repetitivos com os dedos, ela e o irmão foram encaminhados a uma consulta médica, que confirmou o TEA. Os níveis do Transtorno (leve, moderado e severo) permitem um diagnóstico mais claro, identificando a gravidade dos sintomas e como afetam as habilidades sociais e o comportamento das pessoas com TEA.

“Meus pais já desconfiavam sobre a possibilidade de termos autismo. Minha mãe até pensou que o meu caso poderia ser severo, o que não se confirmou com o passar do tempo”, relatou a jovem, que possui grau leve. Já o irmão Pedro foi diagnosticado com o nível moderado-severo, uma vez que não se comunica verbalmente.

Estudando há dois anos na UME Pedro II, Bruna conta que está muito feliz. Disse que foi muito bem acolhida por colegas e professores, superando inclusive um episódio de bullying logo após sua chegada. Para a jovem, combater o preconceito e reforçar o debate em torno do autismo é fundamental.

“O dia 2 de abril é muito importante para lembrar que todos nós autistas somos capazes, independentemente do nível do Transtorno. É uma data para mostrar que servimos como exemplo para outros autistas e até familiares que convivem com o autismo, sempre rodeados por amor e esperança”, concluiu Bruna, que nas horas vagas adora cantar e assistir a filmes e séries.

AUTISMO

O autismo é uma condição caracterizada por comprometimento na comunicação e interação social, associado a padrões de comportamento restritivos e repetitivos. Os sinais do TEA começam na primeira infância e persistem na adolescência e na vida adulta. A condição acomete cerca de 1% a 2% da população mundial, com maior prevalência no sexo masculino, e as causas são multifatoriais, porém com grande influência genética. De acordo com o Ministério da Saúde, estima-se que há cerca de dois milhões de autistas no Brasil.