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7 de setembro: história e civismo nas escolas de Santos

Publicado: 6 de setembro de 2019 - 12h08

A paixão pela música levou Wellington Samuel Oliveira dos Santos, hoje com 24 anos, à banda marcial da escola Florestan Fernandes, em 2006. Mas, assim como ele, dezenas de jovens que tocam nos grupos das escolas municipais de Santos nutrem outro sentimento especial que ganha força às vésperas do 7 de setembro: o amor à Pátria.

Na Cidade, 12 bandas marciais participarão do desfile da Independência neste sábado (7). Tradição no Município, elas também comparecem, todos os anos, à apresentação cívica de 31 de agosto, que marca o aniversário da Zona Noroeste e o início da Semana da Pátria, e abrem eventos especiais ao longo do ano.

Para o desfile na orla, muito ensaio. Dias antes, a tensão aumenta. ‘’A escola teve papel fundamental em incentivar o orgulho, o amor pelo meu País. Sou o mais velho da banda, já me formei, mas o sentimento pela pátria sempre estará comigo. Acho que temos que ir para a rua neste dia, sim’’, garante o jovem músico, que toca trompete.

E não é preciso ser mais velho ou já formado para ter noção do que representa o 7 de setembro. As gêmeas Tainá e Emmanuelli Dario Chaves, de 9 anos, ambas no 5º ano, integram a banda desde o ano passado e tocam trompete. ‘’Gosto de tocar e desfilar. É o dia da Independência do Brasil e acho que todo mundo fica feliz quando desfila’’, garante Tainá. A irmã pensa da mesma forma e reforça. ‘’Entramos juntas na banda e eu já quis ir na linha de frente’’.

A atividade, conduzida pelo regente Arnaldo José do Nascimento, permite que os alunos participem de ambientes saudáveis e que estimulam o civismo. Quando o 7 de setembro se aproxima, os ensaios ganham outro sentido. ‘’Aqui, eles encontram identidade, saem das ruas, ganham disciplina. Todos querem desfilar’’. Em média, cada banda é formada por 30 alunos e ex-alunos. Na Florestan, sopro, trompete, trombonito e percussão dão o tom das apresentações.


ESTÍMULO



As bandas marciais são um dos trabalhos conduzidos pela Secretaria de Educação que ajudam a estimular o civismo entre os jovens não apenas na Semana da Pátria, mas também durante o ano letivo. ‘’Os desfiles são uma forma de exercer a democracia, mas queremos perpetuar nos alunos a essência do patriotismo’’, afirma a secretária de Educação, Cristina Barletta.

No dia 31 de agosto, na Zona Noroeste, 16 escolas e 1.859 alunos fizeram suas apresentações em um desfile de caráter mais comemorativo. A programação prosseguiu no último dia 2 de setembro, com hasteamento da bandeira na Praça das Bandeiras, no Gonzaga, e a premiação do concurso literário com alunos do ensino fundamental, que escreveram redações ou poemas com o tema Independência do Brasil.

Já neste 7 de setembro, 14 escolas de ensino fundamental e 12 bandas desfilarão na orla. Ao todo, serão 1.559 estudantes, incluindo os de ensino médio e universitário.  O repertório musical é livre, mas dentro do espírito cívico. 

‘’Os preparativos para os desfiles começam em fevereiro. Enquanto isso, outras ações incentivam o civismo, a cidadania e o amor pela história da Cidade e do Brasil’’, explica Cristina Torquato, da Seção de Ensino Fundamental (Sefep).

Ao longo do ano, semanalmente os estudantes cantam os hinos Nacional e de Santos, conforme previsto por lei municipal desde 2009. Há ainda hasteamentos de bandeira e concursos literários em ocasiões especiais como em 13 de junho, data de nascimento de José Bonifácio de Andrada e Silva, patriarca da Independência, e 9 de julho, dia da Revolução Constitucionalista de 1932.

‘’E os estudantes visitam monumentos históricos santistas, conforme o roteiro pedagógico, como a Bolsa do Café, a Praça da Independência, Monumento aos Andradas e Engenho dos Erasmos. Eles são estimulados o ano todo’’, ressalta a secretária Cristina Barletta.

 

OUTROS PROJETOS

 

A retomada dos grêmios estudantis nas escolas municipais também é outro ponto importante. São 26 grupos que realizam atividades culturais, esportivas, e de cidadania. A secretária citou ainda o projeto Câmara Jovem, em que alunos dos ensinos fundamental e médio se reúnem na Câmara Municipal, uma vez por mês, para debater os problemas da Cidade.


‘’São vereadores-mirins, que pesquisam e sabem o que acontece na Cidade, começam a entender um pouco sobre os três poderes e qual o reflexo da responsabilidade de cada um’’.


Outra importante iniciativa é o programa Aluno Ouvidor. São 52 representantes (titulares e suplentes) de 36 escolas de ensino fundamental. Eleitos pelos próprios colegas, têm a responsabilidade de ouvir os demais estudantes e encaminhar à Ouvidoria reclamações, elogios e solicitações relacionados aos estabelecimentos de ensino. ‘’Todos esses projetos têm o objetivo comum de despertar o civismo nos estudantes. Sempre como algo ligado à cultura das coisas boas’’.

 

Desfiles começaram em Santos em 1922


Registros históricos apontam que, em Santos, os desfiles começaram em 1922, com a inauguração da Praça da Independência – e seu Monumento aos Andradas, e da Bolsa do Café, obras que marcaram o centenário da Independência do Brasil. Antes, desde os tempos da Proclamação da República, em 15 de novembro de 1889, as apresentações eram realizadas de forma simultânea apenas em capitais.

‘’As tropas de Santos subiam a serra para desfilar antes da inauguração da praça e da Bolsa do Café. Depois, em 1923, com a inauguração do Pantheon dos Andradas, os desfiles foram se intensificando aqui. Santos tem forte ligação com a Independência e sempre exaltou esse período. Veja que várias inaugurações ocorreram em 7 de setembro, a começar pelo Castelinho, em 1909’’, observa o diretor-técnico da Fundação Arquivo e Memória (Fams), Sérgio Willians.

Já nos anos 30, com o presidente Getúlio Vargas no poder, surge o sentimento do nacionalismo, em que o chefe do País preocupava-se em mostrar que todos pertenciam a um território único. Segundo a historiadora Adriana Negreiros, da Secretaria de Educação, Vargas passa a estimular os desfiles alusivos à Independência e as apresentações, sempre com a participação dos militares, ganham a adesão de estudantes, algumas agremiações e sindicatos.

Mas escolas particulares como Liceu São Paulo e o Colégio do Carmo, realizavam atividades internas. Havia ainda visita e deposição de flores no Pantheon.


PATRIOTISMO

 

Em 1949, já com Gaspar Dutra na presidência do Brasil, o 7 de setembro se transforma em feriado nacional por meio de lei federal.

Os desfiles, até 1964, reuniam civis e militares, instituições laicas e religiosas, trabalhadores, crianças, jovens e movimentos organizados de estudantes.
Com os militares no comando da Nação, o civismo marca a valorização da defesa das instituições e deveres para com a pátria. Surge a lei federal 5.571, assinada em 1969 pelo general Emílio Garrastazu Médici para regulamentar as comemorações de 7 de setembro, e o desfile perde o caráter festivo.

  
Em Santos, a apresentação é tradicionalmente dividida em três blocos: escolar, com estudantes das redes municipal, estadual e particular e o Lar das Moças Cegas. O comunitário, com entidades como a Associação dos Voluntários da Santa Casa, instituições ligadas à religião, fanfarras e o Centro de Aprendizagem e Mobilização Profissional e Social (Camps), e a etapa militar, com as Forças Armadas, polícias Civil e Militar e Guarda Portuária. 

 

PREFEITURA SUBSTITUI BANDEIRAS.

 

Galeria de Imagens

Estudantes estão em pé em um salão tocando instrumentos de sopro. À frente deles há um professor que também está tocando. #Pracegover
Alunos da Florestan Fernandes ensaiam para apresentação - Foto: Raimundo Rosa
Antigo desfile no Centro de Santos, com homens da Marinha carregando bandeiras. #Pracegover
Desfile da Marinha no Centro de Santos
As gêmeas Emmanuelli e Tainá ensaiam com seus instrumentos de sopro. #Pracegover
As gêmeas Emmanuelli e Tainá - Foto: Raimundo Rosa