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Trabalho integrado fortalece o município no atendimento à mulher

Publicado: 8 de março de 2001
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O trabalho integrado entre o Poder Público e a sociedade civil foi reconhecido ontem como o grande avanço do Município nas questões que envolvem o atendimento à mulher em suas mais diversas áreas. Seja com a criação de novos serviços e procedimentos ou com a implementação de iniciativas e campanhas que conscientizem a população sobre a importância do respeito à mulher, o fato é que tanto a Prefeitura, por meio de suas secretarias municipais, quanto a sociedade civil, por meio das organizações não-governamentais, têm estado juntas nas permanentes discussões sobre o tema. Mais do que isso, têm conseguido colocar em prática projetos imprescindíveis para o combate ao principal problema enfrentado ainda hoje pelas mulheres: a violência doméstica. Todos esses avanços foram ressaltados ontem durante solenidade realizada no Salão Nobre Esmeraldo Tarquínio pelo Dia Internacional da Mulher, onde estiveram reunidos os representantes do Executivo e de Secretarias Municipais, além de Integrantes do Legislativo e a presidente da Casa de Cultura da Mulher Negra, Alzira Rufino. Também participaram membros do Governo e de diversas entidades e movimentos de defesa da mulher. Na oportunidade foi lançado o cartaz Violência Contra a Mulher – Identifique e Oriente, produzido pelas secretarias de Saúde (SMS) e Ação Comunitária e Cidadania (Seac), em parceria com a Casa de Cultura da Mulher Negra. A peça dá início a uma campanha que será desenvolvida com o objetivo de conscientizar os profissionais, especialmente os da área de Saúde, a perceber quando uma mulher que chega para o atendimento (seja nos prontos-socorros, hospitais ou policlínicas) é vítima de violência e, a partir daí, ouvi-la e orientá-la. Perceber que a violência contra a mulher é uma questão de Saúde Pública é um grande avanço. Felizmente Santos vem se destacando por implantar um trabalho inédito e pioneiro com este fim, no qual os profissionais da Saúde são estimulados a estar atentos aos casos que chegam e também incentivados para que ouçam as queixas destas mulheres. Desta forma, Santos está dizendo não à violência doméstica, ressalta Alzira Rufino. Segundo ela, em 2000 a Delegacia da Mulher de Santos atendeu 803 mulheres vítimas de violência. Pela Casa de Cultura da Mulher Negra passaram 314 mulheres. É um número muito alto. Por isso, é preciso adotar a política da tolerância zero. Durante a solenidade Alzira entregou o livro Violência Contra a Mulher – Um novo olhar, publicação que traz modelos de protocolos para o atendimento em caso de violência doméstica. Santos é escolhida pelo Governo Federal para implantar Programa Sentinela. A Secretaria de Ação Comunitária e Cidadania, anunciou que muito em breve será implantando pioneiramente em Santos o Programa Sentinela, que tem o objetivo de combater a exploração sexual de crianças e adolescentes. Santos foi uma das 25 cidades brasileiras escolhidas pelo Governo Federal para participar do projeto. A única do Estado de São Paulo. Trata-se de uma nova experiência que vai incrementar o trabalho já desenvolvido no Município pela Seac por meio do Espaço Meninas, projeto que já atua com esta demanda, principalmente na região do Centro. O objetivo do Projeto Sentinela é disponibilizar equipes de profissionais durante as 24 horas do dia para atender caso a caso as vítimas de abuso ou exploração identificados nos municípios. CASA-ABRIGO – No ano passado, na mesma data, a Prefeitura recebeu um grupo de mulheres que trazia uma reivindicação de quase uma década: a implantação de uma casa-abrigo. Prontamente foi atendido ao pedido. Hoje a casa-abrigo é uma realidade. Foi implantada há oito meses e tem nos feito aprender muito. Mais do que atender mulheres vítimas de violência, estamos podendo traçar seu perfil e trabalhar de forma integrada com outras secretarias e organizações não governamentais. Quando as mulheres chegam ao abrigo depois de serem agredidas sentem o impacto pela quebra do círculo da violência e por conseguirem ter um pouco de tranqüilidade. Apesar disso, uma das primeiras intervenções da equipe é trabalhar para que essas mulheres não reproduzam a violência na relação com os próprios filhos ou com as pessoas com as quais convivem. É muito comum isso acontecer, por isso é preciso estar atento desde o primeiro momento. A partir daí, nossa equipe, que conta com psicólogos e assistentes sociais, dá todo o suporte para que elas reestruturem suas vidas, com retaguarda da Secretaria Municipal de Saúde e da Secretaria de Educação. Cada caso é avaliado e acompanhado individualmente, tanto no aspecto psicológico e social quanto no jurídico. APOIO FUNDAMENTAL – Para o Executivo, a implantação do abrigo foi muito importante para o Município porque preencheu um espaço que há muito tempo estava vazio. A iniciativa da Prefeitura significou um passo importantíssimo para a Cidade porque propiciou o atendimento especializado e integrado a essas mulheres. A implantação da casa-abrigo, e simultaneamente a criação da Comissão Municipal da Condição da Mulher, fortaleceu ainda mais a relação do Poder Público com a sociedade civil organizada. Tudo foi feito em conjunto, com respaldo de entidades que há muitos anos trabalham pela defesa da mulher. Além disso, e até por tratar-se de um serviço novo, fomos para outros municípios conhecer experiências que vêm dando certo. Enfim, ainda se aprende muito sobre esse assunto, tentando nos aprimorar e prestar a essas mulheres o melhor atendimento possível. MULHERES LUTAM PARA REFAZER SUAS VIDAS Duas das quatro mulheres que estão hoje na Casa-Abrigo da Prefeitura contam que a violência praticada pelos companheiros sempre tende a aumentar. Quando levei o primeiro tapa estava grávida. Achei que ele estava nervoso por causa do bebê, que não tinha sido planejado, e deixei pra lá. Só que depois vieram o segundo, o terceiro e muitos outros. Sempre agüentei por achar que ele ia mudar, diz uma delas. Há um mês, depois de quase dois anos, de mais uma surra na frente do filho e do medo de ser morta, ela decidiu sair de casa e pedir ajuda. Quero refazer minha vida. Assim como ela, outras quatro mulheres têm histórias parecidas. Na primeira agressão a mulher tem de sair fora. Não adianta dar chance porque eles não mudam, diz uma delas, que está pela segunda vez na casa. Vivi 12 anos de violências gravíssimas, contra mim e principalmente contra meus filhos. Acontece que a Justiça tem muitas falhas. Hoje eu estou presa e ele solto, apesar de todas as denúncias. Hoje eu e meus filhos temos de viver como se fôssemos bandidos, longe da nossa casa, fugidos. E a ele? Nada acontece. OS ÍNDICES DA VIOLÊNCIA  Um em cada cinco dias de faltas da mulher no trabalho é motivada por violência doméstica.  23% das mulheres (1/4 da população feminina) estão sujeitas à violência doméstica.  A cada 16 minutos uma mulher é agredida em seu lar.  70% dos incidentes acontecem em casa, quase sempre praticados por companheiros ou maridos.  Uma em cada dez mulheres atendidas nas unidades de Saúde são oficialmente reconhecidas como mulheres espancadas. Fonte: SMS Confira a programação da Semana da Mulher Hoje  14 horas – Grupo de Estudos sobre a Mulher – Mostra de vídeo e exposição de livros Local: Casa de Cultura da Mulher Negra  19 horas – Solenidade em Homenagem à Mulher Local: Câmara Municipal de Santos – Sala Princesa Isabel  20 horas – Projeto Letra Viva, com apresentação de Ligia Fagundes Teles Local: Sesc – Santos Amanhã  9h30 – Oficina sobre Sexualidade para Jovens, sob responsabilidade da sexóloga Dorian Rojas. Local: Sesc – Sala 1  14 às 17 horas – Espaço Ágora Mulher 14 horas – Exposição Concepção Humana 14 horas – Relato de Experiência Mulheres Jovens do Futuro, por Carol Backos e Juliana Ramos 15 horas – Performance Teatral 15h30 – Palestra Mulher Vida: Resgate do 3º Milênio, com Selma Lapa 17 horas – Performance Teatral 17h30 – Palestra Prostituição Infantil, Gravidez Precoce e Mães Portadoras do HIV, com a deputada estadual Maria Lúcia Prandi Local: Sesc – Santos Domingo  8 às 12 horas – Aula aberta, caminhada, torneios e demonstrações 9 horas – Clínica de Frescobol com Carla Grecco 10 horas – Massagem Facial com o terapeuta Roberto de Castro Local: Barraca do Sesc (Canal 5)  Das 9 às 17 horas – Dia da Beleza Negra, com oficinas de trança afro, corte de cabelo étnico e maquiagem Local: Casa de Cultura da Mulher Negra