Sms lança programa de atenção integral às vítimas de violência sexual
Atenção integral às vítimas de violência sexual é mais um programa criado pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS) e lançado ontem (19) à tarde, em solenidade no Salão Nobre, complementando uma série de iniciativas que a Prefeitura já realiza na rede pública, visando atender pessoas que sofrem estupro, violento atentado ao pudor ou outro tipo de violência sexual. A solenidade contou com a presença de um representante da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), além de membros de organizações não governamentais, ligadas aos direitos da mulher e da criança, entidades de bairros, vereadores e funcionários da área da saúde e da Secretaria de Ação Comunitária e Cidadania (Seac). Um ambulatório específico para atendimento médico às vítimas de violência sexual e um protocolo de 90 páginas contendo o fluxo e funcionamento da rede e ainda aspectos epidemiológicos, médicos, jurídicos, deontológicos e psicológicos dão consistência ao programa que conta com a participação de vários segmentos da SMS. Na ocasião, foi destacado o trabalho desenvolvido pela Seac com o Programa Sentinela, que também dá apoio psicossocial às vítimas de violência sexual. Estimativas de organizações de saúde dão conta que apenas 3% de vítimas de abuso sexual denunciam seus agressores e buscam atendimento, figurando nessas estatísticas pessoas de todas as idades e muitos homens, especialmente nos sequestros relâmpagos. "Acredita-se que 12 milhões de mulheres, a cada ano, sejam vítimas de violência sexual em todo mundo. No entanto, a verdadeira incidência dos crimes sexuais é desconhecida, acreditando-se ser essa uma das condições de maior sub-notificação e sub-registro em todo mundo", diz trecho do protocolo lançado oficialmente ontem. AMBULATÓRIO COMPLEMENTA SERVIÇOS A criação de um ambulatório específico para dar atendimento às vítimas de violência sexual e o lançamento do protocolo que levou vários meses para ser elaborado, tendo como consultor Jefferson Drezett, do hospital Pérola Bygton, foi destacado por representante da Coordenadoria da DST/Aids/hepatite. A SMS estima que a iniciativa vai permitir o aparecimento de uma demanda escondida, já que os casos divulgados revelam apenas a ponta de um grande iceberg, Estimativas de organizações não governamentais apontam que em cada 10 meninos um já sofreu violência sexual e, em cada 10 meninas, cinco já passaram por algum tipo de abuso. As pessoas estarão sendo estimuladas a buscar um atendimento mais rápido e sem constrangimentos. Estão envolvidas no programa três Coordenadorias da Saúde da Mulher, da Saúde da Criança e do Adolescente e de DST/Aids/hepatite. COMO FUNCIONARÁ Um dos objetivos do programa é dar atendimento médico imediato às vítimas de violência sexual, que devem inicialmente procurar um dos três Prontos Socorros ou o Hospital Maternidade Silvério Fontes, onde haverá equipes treinadas para realizar a profilaxia pós exposição para HIV e outras doenças sexualmente transmissíveis, e ainda ministrar anticonceptivo de urgência, o que evitará gravidez indesejada. Futuramente as policlínicas também estarão dando esse atendimento. A equipe do ambulatório será integrada por um psicólogo, um médico ginecologista e um infectologista. O atendimento será de segunda à sexta-feira, das 8 às 13 horas. A equipe da saúde dará ainda apoio psicossocial (extensivo aos familiares), levando à diminuição do stress, motivando a recuperação da auto estima e ao retorno à uma vida normal, além de um trabalho de adesão ao tratamento aos antiretrovirais que deve acontecer por um período mínimo de seis meses. As equipes da Saúde e Seac estarão trabalhando de forma integrada, inclusive com organizações não governamentais como a Casa da Cultura da Mulher Negra, que presta assistência jurídica às vítimas. Por outro lado, os Centros de Valorização da Criança (CVCs) continuarão com o trabalho de atendimento psicossocial ás vítimas de maus tratos e violência sexual até 14 anos.