Seminário discute educação inclusiva
Estudos elaborados pelo IBGE mostram que, no Brasil, apenas dois por cento de negros conseguem entrar na universidade e que sete entre 10 não completam o ensino fundamental. Os números, relativos a levantamentos elaborados em 1999, foram apresentados pela psicóloga Mafuane Odara Poli Santos durante o Seminário Por uma Educação Inclusiva, realizado quarta-feira (19) pela manhã, no auditório do Sindicato dos Petroleiros de Santos. O encontro, que reuniu educadores de vários municípios da Baixada Santista, além de representantes de organizações afro-brasileiras, integrou a Semana Municipal da Consciência Negra, evento que teve início domingo (16) e se estenderá até o dia 23 com extensa programação. A Semana é uma realização do Conselho Municipal de Participação e Desenvolvimento da Comunidade Negra de Santos, com apoio da Prefeitura Municipal de Santos, Afrosan, Sesc-Santos, Diretoria de Ensino de Santos e Colégio Lamec. EDUCAÇÃO INCLUSIVA Através da apresentação detalhada de obras literárias publicadas há décadas, a coordenadora de Relações Sociais do Centro de Estudos e Relações de Trabalho e Desigualdade de São Paulo (CEERT/SP), Mafuane Odara Poli Santos retratou a discriminação sofrida pelos negros nos livros escolares. Na cartilha, por exemplo, existem apenas duas citações aos negros e, assim mesmo, de forma pejorativa: na lição do B, a ilustração mostra uma negra na figura de uma babá. Depois a outra referência aparece na letra M, com a figura de um macaco. Isso é apresentado para as crianças no momento da alfabetização e provoca problemas irreversíveis, afirmou Mafuane. A psicóloga citou outras obras literárias e fez um apelo aos educadores participantes do seminário para que, na elaboração do planejamento escolar, sejam incluídas obras que valorizem a participação do negro na história do Brasil e não o retrate apenas com formas distorcidas. Queremos igualdade, mas o que nós vemos em algumas publicações e existem pesquisas sérias sobre o tema é a utilização da imagem do negro sempre de forma pejorativa, incentivando a discriminação racial. O seminário, que teve a abertura solene com a participação da diretora Regional de Ensino, Mariângela Gamba Almeida, e do presidente do Conselho Municipal, José Ricardo dos Santos, contou ainda com as palestras das professoras Mary S. Francisco do Careno (Língua Portuguesa e Lingüística); Rita de Cássia S. de Andrade (Ciências Sociais-PUC/SP).