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Semana da consciência negra realiza caminhada até quilombos

Publicado: 18 de novembro de 2008
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Uma caminhada histórica pelos quilombos do Jabaquara e do Pai Felipe dá continuidade nesta quarta (19) à programação da ‘Semana da Consciência Negra’. O evento, que será realizado mesmo que esteja chovendo, terá como ponto de encontro a Igreja de Nossa Senhora do Rosário (Praça Rui Barbosa), a partir das 9h. A apresentação da escola de samba X-9 está prevista para o meio-dia, na Praça Mauá (Centro Histórico). Na quinta (20), no ‘Dia Nacional da Consciência Negra’, a celebração começa às 10h30, com hasteamento de bandeiras, apresentação da banda do 6ºBPMI, depósito de flores no busto de Zumbi, e plantio de mudas de iroco e dendezeiro, na Praça Palmares. Às 18h, uma missa será celebrada na Igreja de Santa Josefina Bakhita (Rua República Portuguesa, Vila Nova). E na sexta-feira (21), a partir do meio-dia, na Praça Mauá, haverá apresentação do grupo ‘Andanças’. Segundo a organização do evento, o Conselho Municipal de Participação e Desenvolvimento da Comunidade Negra em Santos, a entrega do Troféu Zumbi dos Palmares em comemoração aos 120 anos da abolição da escravatura, prevista para esta quarta foi transferida para o dia 27, na sede da OAB (Praça José Bonifácio), às 19h. MULHERES ABOLICIONISTAS A população santista aderiu efetivamente ao movimento abolicionista só após o término da guerra com o Paraguai, em 1870 (o quilombo mais famoso, o do Jabaquara, data de 1882). Em Santos, Francisca Amália de Assis Faria aparece como precursora dessa 'abolição popular' ao acolher, no quintal de sua casa, os primeiros negros fugidos, dando-lhes não apenas abrigo, mas também alimentos e cuidados. Corajosa e decidida, arregimentou famílias amigas a aderirem a essa prática, o que provocou a ira dos escravocratas. Aliás, esse procedimento trouxe muitos problemas para a polícia que, inicialmente, queria cumprir as ordens expressas do Governo do Estado, mas com o tempo acabou cedendo e os soldados começaram a colaborar para a permanência dos negros livres. "PELA PONTE, NÃO!" Contam os historiadores que, em um determinado dia, mais de 300 escravos fugidos vinham da Serra do Mar para Santos. Mas para chegar no município, havia a necessidade de ser transposta uma ponte sobre o Rio Casqueiro, que era guardada por soldados. Os negros começaram a se aproximar do local e a uma determinada distância o comandante dos soldados gritou: "Alto lá. Pela ponte ninguém passa... e prosseguiu: "No rio há muitas canoas de abolicionistas que podem chegar na cidade". O militar queria fazer cumprir as ordens recebidas do governo de não deixar passar nenhum escravo sobre a ponte. E cumpriu, mas também estava colaborando com os escravos. Em seu íntimo já era um abolicionista. SANTOS GARRAFÃO De acordo com o historiador Costa e Silva Sobrinho, dois acontecimentos levaram o português, José Teodoro dos Santos Pereira, o Santos Garrafão, a organizar um quilombo, onde hoje está localizada a Praça Antônio Teles, em frente à Alfândega, no Centro Histórico. Em 1868, aos 24 de idade, José Pereira participou de uma avaliação, perante o juiz municipal, de bens pertencentes ao espólio de José Gonçalves Nobre, falecido em Itanhaém. Entre canoas, carros de bois, roda de ralar mandioca, forno de cobre e algumas mesas estavam 13 escravos que foram avaliados de 50$000 a 1.000$000 de réis cada um. Sobrinho escreveu: "A testemunha José Teodoro nunca tinha visto aquilo. Compadeceu-se naturalmente daqueles pobres cativos avaliados por preço vil como qualquer coisa inanimada". O segundo momento da conversão foi conhecer Francisca Amália de Assis Faria (denominada defensora dos escravizados por Jacinto Ribeiro, em 'Cronologia Paulista') em 25 de agosto de 1872, durante o batizado da filha do casal Benedito e Francisca Saldanha. Santos Garrafão (apelido adquirido por ser baixo e bem gordo) utilizava os gêneros alimentícios do seu estabelecimento para alimentar os fugitivos no quilombo do Jabaquara e mais tarde, naquele que recebeu o seu nome. Ele também era casado com a ex-escrava Brandina, dona de uma pensão localizada próxima ao local.