Seac orienta pessoas de outros estados
O problema social da população que vive nas ruas é comum à grande maioria das cidades brasileiras. Muitas dessas pessoas deixam sua terra natal para tentar sorte melhor, mas, sem planejamento algum, quase sempre acabam perdendo o pouco que tinham, ficando sem condição até de retornar ao município de origem. As que chegam a Santos, logo são identificadas pelas equipes de Educadores de Rua da Secretaria de Ação Comunitária e Cidadania (Seac), pelos Conselhos Tutelares, quando envolve menores, ou pela Guarda Municipal. Essas pessoas são encaminhadas à Casa Aberta, onde os técnicos procuram ajudar os interessados a voltar pra casa. Essa tarefa nem sempre é fácil, porque muitas vezes essas pessoas ainda têm a ilusão de que a sorte pode mudar e resistem em sair das ruas. Outras vezes, por informações truncadas, as equipes não conseguem localizar a cidade de onde vieram. Há poucos dias, os assistentes sociais tiveram êxito em dois casos distintos. O primeiro foi de um adolescente de 17 anos, natural de Teóphilo Otoni, em Minas Gerais, que estava morando em Santos com os tios, mas foi expulso de casa. O Conselho Tutelar do Centro encaminhou o jovem à Casa de Acolhimento, lá os técnicos conseguiram entrar em contato com o Conselho Tutelar de Teóphilo Otoni, para que localizasse a família do adolescente. Em poucos dias o padrasto ganhou daquele município uma passagem de ônibus para vir buscar o jovem. As passagens de volta, para os dois, foram doadas pela Seac. O outro caso envolveu uma família de andarilhos que estava há alguns dias nas ruas da área do Mercado. A mãe (com problemas de alcoolismo), cinco filhos (três deles menores) e um genro sobreviviam de esmolas que as crianças eram obrigadas a pedir pelos adultos. Os Educadores de Rua conseguiram levar as crianças para a Casa de Acolhimento, onde se descobriu que vinham de Poções, interior da Bahia. Naquela cidade, de poucos recursos, não existe Conselho Tutelar, mesmo assim a prefeitura se interessou pelo destino das crianças e mandou um veículo até Santos para buscar a família e encaminhá-la para os atendimentos necessários. A mãe e quatro dos filhos ficaram aliviados em conseguir voltar pra casa, apenas a filha casada e o genro se recusaram a ir. Esse entendimento entre as cidades é essencial para o sucesso do trabalho junto à população de rua. Somente com uma ação integrada entre os municípios, onde cada um tem consciência da sua responsabilidade, esse tipo de problema poderá ter solução.