Seu navegador não possui suporte para JavaScript o que impede a página de funcionar de forma correta.
Conteúdo
Notícias

Saúde da mulher: atendimento de ponta a ponta

Publicado: 11 de dezembro de 2006
0h 00

Mãe, esposa, dona-de-casa, executiva, profissional. Diversas são as atribuições e inúmeros os papéis desempenhados pela mulher. Se por um lado a sua versatilidade permitiu melhor adaptação aos tempos modernos, a complexidade do seu organismo — capaz de gerar outra vida — requer atenção maior para o seu pleno funcionamento. A reprodução traz benefícios emocionais, mas acarreta riscos, como aborto, infecção e hemorragia, desenvolvimento de cistos, infecção urinária e câncer, enumera a ginecologista Débora Mello. Para organizar a assistência plena à saúde feminina, a Prefeitura criou, em 2003, o Instituto da Mulher (IM), um ambulatório de especialidades exclusivo para as santistas, situado na Avenida Conselheiro Nébias, 439. São encaminhados para o local, pelos ginecologistas das Unidades Básicas de Saúde (UBS), os casos de maior complexidade. Existem 13 ambulatórios, sendo que cinco foram criados no ano passado. São eles: de avaliação endometrial, infanto-puberal, adolescente, sexualidade e obesidade feminina. Já existiam os ambulatórios de mastologia, cirurgia oncológica, colposcopia, patologia cervical, planejamento familiar, cirurgia plástica, cirurgia pélvica e o de violência sexual. No ano passado o Instituto da Mulher dobrou o número de atendimentos, em relação a 2004. Foram 44.139 atendimentos, entre consultas médicas, procedimentos de enfermagem e orientação psicológica, nutricional e de assistência social — contra 21.890 em 2004. A equipe é formada por ginecologistas, assistente social, psicóloga, auxiliar de enfermagem, acompanhante terapêutica, oficial administrativo e ajudante geral. TEMPO DE MUDAR O ambulatório de obesidade do Instituto da Mulher atendeu em 2005, no seu primeiro ano de funcionamento, 164 mulheres. Este ano já foram 270, até outubro. Além de orientação nutricional, as pacientes têm atendimento psicológico, ginecológico e de assistente social. Também participam de grupos, onde conversam sobre o problema, trocam receitas, dicas e experiências. A obesidade é o excesso de massa gorda no organismo. É multifatorial, não tem uma causa única, explica a ginecologista Débora Mello. Na mulher, a obesidade pode gerar problemas como hipertensão e diabetes, câncer de mama e de útero, infertilidade, além da questão da auto-estima que afeta o relacionamento no trabalho e na família. É a mulher quem estabelece o padrão alimentar, quem dita o ritmo da casa. Ela tem forte influência sobre o marido e os filhos, destaca a médica, apontando a importância do ambulatório. Para vencer a obesidade é preciso promover mudanças de hábito. Sem saber a gente come muito errado, sem hora certa, sem prestar atenção à qualidade do alimento, alerta a moradora do Morro do São Bento, Zélia Fortunato de Souza Tavares, 61 anos. Desde abril, a munícipe, hipertensa e diabética, é acompanhada pelo Instituto. Eu mudei, mudei toda a minha vida. Sempre é tempo de mudar. A minha filha me dá a maior força, revela, orgulhosa do próprio esforço. PLANEJAMENTO Garantido pela Constituição e regulamentado pela Lei nº 9.263 de 1996, o planejamento familiar ‘é parte integrante do conjunto de ações de atenção à mulher, ao homem ou ao casal, dentro de uma visão de atendimento global à saúde’. Em Santos, as unidades de saúde (UBS) fornecem orientação geral, preservativos, a pílula comum e de amamentação, além do contraceptivo injetável (mensal ou trimestral). Existem grupos de Planejamento Familiar em sete locais: unidades de saúde do Marapé, Campo Grande, Centro de Saúde Martins Fontes, Areia Branca, Nova Cintra, Centro Velho e no Instituto da Mulher. Quem opta pelo Dispositivo Intra-uterino (DIU) ou pela esterilização cirúrgica (laqueadura) é encaminhada para o Instituto. Acho o método muito bom. Não me deu nenhum problema, conta a depiladora Marileide de Oliveira, 33 anos, mãe de três filhos e adepta do DIU há seis anos. Já fiz o ultrassom, ele continua intacto, no local, mas tenho que trocá-lo, pois já passou o tempo, explica. Em 2005, na rede municipal, 92 mulheres receberam o DIU. Este ano, até outubro, foram 86. Já para fazer a laqueadura ou a vasectomia é preciso ter mais de 25 anos e dois filhos. A laqueadura no parto só é permitida da terceira cesárea em diante. Para isso, a gestante tem de ingressar no programa de Planejamento Familiar 90 dias antes do parto. Não é preciso estar casada para fazer a cirurgia, realizada no Hospital Maternidade Silvério Fontes. CÂNCER DE MAMA O câncer de mama permanece como o segundo tipo de câncer mais freqüente no mundo e o primeiro entre as mulheres. Apesar de ser considerado um câncer de razoável prognóstico, a cada ano dez mil mulheres morrem vítimas da doença — na maioria das vezes por detecção tardia e metástase, que é a transmissão de células cancerosas para um órgão próximo. No ano passado, foram registrados pelo Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM/Seviep) 3.832 óbitos de residentes em Santos. Destes, 740 foram em função de neoplasias (câncer), o que representa 19,31% das mortes. Por câncer de mama foram 84 óbitos (2,19% do total de mortes), o que significa risco estimado de 19 casos a cada 100 mil habitantes. Não existe prevenção ao câncer de mama. As chances de cura crescem se a doença for detectada cedo. Por isso é importante o auto-exame (apalpação das mamas) e, principalmente, a mamografia, explica o mastologista e coordenador de Saúde da Mulher, Gilberto Moreira Mello, lembrando que fatores como obesidade, histórico familiar e poucos filhos podem colaborar para o surgimento da doença. Na rede pública de saúde de Santos a mamografia é solicitada pelos ginecologistas das unidades de saúde, como rotina, a partir dos 35 anos. As mulheres na faixa dos 40 aos 50 anos fazem o exame a cada dois anos, depois anualmente. A mamografia é realizada na Afip, sem qualquer espera. Em 2005 o laboratório, que presta serviços para a Prefeitura, realizou 11.598 exames. Quando aparece algum nódulo ou alteração, a paciente é encaminhada para o Instituto da Mulher. Se for preciso cirurgia, esta será realizada na Beneficência Portuguesa pelo próprio médico da Prefeitura. Hoje o atendimento de mastologia é autônomo, de ponta a ponta, inclusive com assistência psicológica e fisioterápica, ressalta Mello. O tratamento é complementado, ainda, com quimio e radioterapia, quando necessário, na Santa Casa, com financiamento total pelo Sistema Único de Saúde (SUS). LIÇÃO DE CORAGEM Há seis anos Eugênia Tizon Igrejas, 67 anos, descobriu um caroço em dos seios. Fez a punção e depois abandonou o tratamento. Fiquei com medo, não disse nada para as minhas filhas. Acho que bateu o desespero, confessa. O caroço cresceu e a dona-de-casa teve que buscar coragem para enfrentar a doença. No dia 10 de agosto deste ano fez a cirurgia para extração da mama e agora recebe acompanhamento psicológico. Deu sorte: não teve metástase. Operei no dia do meu aniversário. Nasci de novo. Trouxe as minhas filhas para conhecer o médico e essa equipe maravilhosa, conta. Terezinha da Silva Rez, 60 anos, não se descuida. Faz a mamografia anualmente e todos os outros exames que o médico pede. É importante se cuidar enquanto é cedo, senão, depois, já viu, aconselha. Os atendimentos no ambulatório de mastologia vêm crescendo ano a ano. Em 2004, foram 1.627 consultas, de janeiro a outubro. Em 2005, no mesmo período, o número subiu para 1.791 e este ano saltou para 2.594, um aumento de 44% em relação ao ano passado e de quase 60% em dois anos. Em 2005 foram feitas 213 cirurgias de mama e 90 biópsias. PREVENÇÃO - Consulta anual na Unidade Básica de Saúde (UBS), para realização do preventivo (Papanicolau); - Mamografia, acima dos 35 anos; - Ultrassonografia de mama, a critério do médico; - Auto-exame (apalpação das mamas); - Uso de método contraceptivo (preservativo, injetável, DIU, laqueadura ou vasectomia).