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São jorge comemora 51 anos com desenvolvimento e história

Publicado: 10 de junho de 2005
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O bairro é conhecido, pela maioria da população, como Vila São Jorge, mas seu nome correto é apenas São Jorge, desde a regulamentação do Plano Diretor Físico do Município, pela Lei Complementar 3.529, de 16 de abril de 1968. Segundo menor bairro da Zona Noroeste, tem apenas 509 mil km² e 11 mil habitantes, o São Jorge comemora 51 anos na próxima terça-feira (14), mantendo características peculiares e boa qualidade de vida. Ele faz divisa com São Vicente, Caneleira e Avenida Nossa Senhora de Fátima. Com muita tranqüilidade, ruas arborizadas e equipamentos públicos, o bairro guarda ainda um pedaço importante da nossa história: as ruínas do antigo engenho de cana-de-açúcar São Jorge dos Erasmos, datado do século XVI. Hoje, o sítio arqueológico administrado pela USP é uma atração turística da Cidade. Possuir casa própria é outra característica positiva dos moradores do São Jorge, 4 mil proprietários se concentram no conjunto Residencial Parque do Engenho, ou simplesmente Conjunto dos Estivadores. Foi em função desse aglomerado que surgiu a maior praça do bairro, a Francisco Prestes Maia, totalmente reurbanizada pela Prefeitura em 2000. O logradouro tem atrações para várias faixas etárias, como quadra de bocha, mesas, bancos, playground. Recentemente, o Departamento de Assuntos Comunitários da Zona Noroeste (DEAC–ZNO) trocou a concretagem da pista de skate, local muito procurado pelos jovens. E está sempre cuidando da manutenção do logradouro. Na espaçosa praça também ocorrem eventos da comunidade, como a festa junina, que vai se estender até o final desse mês, com palco para danças, barracas e muita diversão. "É um espaço que fica lotado à noite", comenta Maria José Cândida da Costa Seguro, 77 anos, moradora do conjunto habitacional. Ela garante que ninguém tem medo de sair à noite porque o bairro é seguro. Mas nem sempre foi assim. Antigos moradores lembram que a região, hoje marcada pelo desenvolvimento e com boa infra-estrutura, surgiu sobre pântanos e matagais, a partir do loteamento das terras de Otávio Ribeiro de Araújo, que se dispôs a recuperar e lotear as áreas encravadas entre as encostas do Morro da Nova Cintra, Bairro da Caneleira e Avenida Nossa Senhora de Fátima. Hoje, o bairro dispõe de boa iluminação, ruas asfaltadas, rede de saneamento básico, escolas municipais e estaduais, policlínica (que faz 1.100 atendimentos mês), posto policial, supermercado e comércio básico. "É um ótimo lugar para se viver", resume Maria José, destacando o grande número de linhas de ônibus e o bom atendimento que recebe na policlínica. "Aqui tem tudo". Já Maria José da Silva Dantas, há 20 anos no bairro, ressalta o desenvolvimento ocorrido nos últimos anos, tanto em serviços públicos quanto na área comercial. Há também reivindicações em pauta. A comunidade do conjunto habitacional pleiteia a criação de um espaço de lazer entre os terrenos vagos dos prédios que formam o conjunto dos Estivadores. A Prefeitura se dispõe a fazer a melhoria tão logo haja a cessão da área pelo Serviço de Patrimônio da União (SPU). Outro pedido envolve o desassoreamento do canal da Avenida Eleonor Roosevelt, que só poderá ser concretizado após licença ambiental para retirada da lama, já solicitada pela Administração Municipal. SÃO JORGE BATIZOU DOIS BAIRROS A origem do nome do bairro, que ganhou urbanização a partir de 1979, é atribuída ao Rio São Jorge, que em sua extensão corta o núcleo santista e o bairro vizinho de São Vicente. Confusão esclarecida: o nome do santo protetor dos guerreiros batizou igualmente a Vila São Jorge, esse sim é nome de bairro, mas em São Vicente. Além do nome do santo, que moradores dos bairros de Santos e São Vicente compartilham juntos, há um fluxo contínuo entre os dois lados da divisa, no uso de equipamentos públicos e nas compras comerciais. Ismael Alves, 55 anos, freqüentemente desfruta da praça Praça Otávio de Araújo, urbanizada pela Prefeitura de Santos em 1999. "É tudo tão próximo que para nós é o mesmo bairro". Ele morou a maior parte de sua vida no bairro de Areia Branca, mas foi atraído pelo financiamento do novo conjunto habitacional, do lado vicentino, para onde mudou há cerca de um ano. O canal arborizado que margeia a Avenida Eleonor Roosevelt no lado santista começa em São Vicente com o nome de Minas Gerais. E é nessa via, próxima à praça Otávio Ribeiro, que surgiu o novo conjunto habitacional, no estilo de sobrados, com visual alegre, de tijolinhos à mostra e arvoredo bem desenhado enfeitando o canal vicentino. CINCO SÉCULOS DE HISTÓRIA O Engenho dos Erasmos, único exemplar remanescente na Baixada Santista da época em que a indústria açucareira era uma das principais atividades econômicas da Capitania de São Vicente, também está incluído entre os três mais antigos do Brasil. Construído por Martim Afonso de Souza, João Veniste, Vicente Gonçalves e Francisco Lobo, com utilização de óleo de baleia e ostras partidas, o engenho deu origem a um povoado, que acabou desaparecendo ao longo do tempo. Já o Caminho São Jorge, que surgiu nas proximidades, foi utilizado durante 300 anos, até 1870. As ruínas do engenho, que ficaram abandonadas durante anos, foram tombadas por órgãos de defesa do patrimônio das três esferas, municipal, estadual e federal, entre 1963 e 1990. E desde 1995 pertencem à Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP, que garante as visitas monitoradas. Desse sítio, que se situa à rua Alan Ciber Pinto, 96, no São Jorge, já foram retiradas em escavações feitas por pesquisadores autorizados dezenas de peças hoje expostas no Museu de Arqueologia de São Paulo. O agendamento de visitas pode ser feito pelos telefones 3203-3901 e (11) 3091-2030. Durante o passeio de duas horas, os monitores abordam vários temas relacionados à história, patrimônio, meio ambiente e biodiversidade. Quando há grupos organizados, são oferecidos jogos interativos e brincadeiras educativas. Mais informações sobre o patrimônio e o trabalho arqueológico podem ser obtidos pelo site www.usp.br/prc/engenho.