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Santos terá bonde restaurante e um de passeio estilo Broadway

Publicado: 22 de maio de 2014
16h 25

Além de poder contar com o maior museu vivo de bondes da América Latina em 2015, Santos terá o único bonde restaurante do continente. Trata-se de um modelo articulado Moncenisio, de fabricação italiana, que remete à época romântica de Turim. Outro destaque será um elétrico de passeio chamado Gilda, de origem americana, que faz lembrar a fase áurea da Broadway novaiorquina.

Objetos de doação, eles encontram-se nas oficinas da CET para a restauração. Depois de prontos serão incorporados ao acervo do museu, que já reúne sete bondes procedentes de diversos países como Estados Unidos, Escócia, Inglaterra, Portugal e Itália. Existe também a expectativa de receber mais um, desta vez do Japão.Os veículos integrarão a frota que faz o percurso turístico do Centro Histórico.

Em razão da complexidade para a recuperação dos modais, que envolve diversos componentes técnicos, a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) já abriu o processo licitatório. “Somente após a fase das licitações, com as chegadas de todas as peças, é que começarão os serviços de restauro e montagem”, explica o presidente da CET, Antonio Carlos Silva Gonçalves, lembrando que a previsão de entregá-los é para 2015.

Singular

“Não há no continente latino-americano uma cidade como Santos, que reúna tantos exemplares diferentes de bondes em procedências, estilos, designs e épocas. É algo singular”, destacou o engenheiro Marcos Rogério Nascimento, da CET, responsável pela recuperação dos veículos. Ele conta com uma equipe técnica especializada de 10 integrantes, com mecânicos, projetistas e restauradores. “Os serviços serão demorados em face da complexidade dos detalhes técnicos para recompor suas características e adequá-las ao nosso clima e realidade”.

O bonde restaurante, por exemplo, é baseado no modelo Ristocolor, que circula pelas avenidas de Turim. Sua fabricação data de 1933 e antes funcionava para o transporte de passageiros. Com as alterações contará com cozinha completa, salão para mesas e cadeiras (limite para 34 pessoas), ambiente para música ao vivo e multimídia, banheiro, acessibilidade e sistema de ar condicionado. Terá serviços de jantar e buffet para festas e solenidades.

Já o bonde Gilda foi fabricado em 1938. Ele percorreu as principais avenidas de Nova Iorque até o ano de 1946, iluminado sob as luzes de neon dos grandes teatros e cinemas da Broadway. Chegou ao Brasil (São Paulo) no final dos anos 40, adquirido em um lote pela CMTC. Nos trilhos da capital, o modal caiu no gosto dos paulistanos e ganhou o apelido de Gilda. “Uma alusão à atriz Rita Hayworth, grande diva do cinema americano, que na época, encantava plateias no Brasil e no mundo com o filme ‘Gilda’, cujo slogan era ‘Nunca houve uma mulher como Gilda’, lembra o engenheiro.

O elétrico circulou até 1966, quando o sistema de bondes foi desativado. “É um veículo clássico e de luxo, que servirá para passeios e eventos sociais (casamentos e festas). Terá cortinas, bancos de palhas, detalhes de couro e acabamento requintado”.

Bondes seguem o padrão de portas centrais

Embora tenham estilos diferentes, tanto o bonde restaurante articulado como o de passeio Broadway possuem algo em comum. Ambos seguem o padrão Centex - Central Exit (saídas centrais), similares aos dos atuais ônibus do transporte urbano. “O conceito foi desenvolvido pelo engenheiro americano Peter Witt em 1914, visando facilitar e agilizar o embarque e desembarque de passageiros”, explica Marcos Rogério.

O bonde italiano tem como fabricante a Officine Moncenisio, é do tipo unidirecional e com articulação ligando dois módulos. Tem sistema elétrico Tibb/Retam e bitola de 1455 mm. Circulou pelas principais avenidas de Turim.

Já o veículo americano foi fabricado pela Third Avenue Railway (TAR), de Nova Iorque, desenhado pelo engenheiro Slaughter W. Huff. Daí ser conhecido como bonde Huffliners ou Huff e ainda Centex. Também é do tipo unidirecional. Tem sistema elétrico Westinghouse e bitola 1435 mm.

Fotos: Susan Hortas