Santos pode ter cursos inéditos na área de museologia
Santos pode ganhar cursos de nível técnico e de graduação na área de museologia, este último existente apenas na Bahia e no Rio de Janeiro, ampliando as possibilidades de formação profissional, sobretudo para os jovens, e preparando-os para o mercado de trabalho. Para se ter idéia da carência de profissional na área de graduação, há apenas 100 museólogos registrados nos estados de São Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e Distrito Federal. A proposta começou a ser debatida no final da manhã desta quinta-feira (11), entre a Fundação Arquivo e Memória de Santos (Fams) e a Universidade Paulista (Unip), após a palestra da geógrafa e museóloga Diná Jobster, que abriu as atividades do 2º Seminário Regional de Memória, Arquivo, Biblioteca e Museu do Litoral, no auditório da Associação Comercial de Santos (ACS). O evento, com 116 participantes, é uma realização conjunta com a Prefeitura, e conta com o apoio cultural de A Tribuna e ACS. Segundo Diná Jobster, nem mesmo São Paulo conta com cursos de graduação na área havia os de pós-graduação e de especialização, já fechados. Graças à parceria entre a Secretaria de Estado da Cultura e a Escola Técnica Paula Souza, começa em agosto o primeiro curso técnico em museologia, com duração de um ano e meio, comentou, esclarecendo que mesmo tratando-se de um piloto, São José dos Campos e Itu já estão interessadas no programa. Ela frisa que todas as cidades que contam com unidades dessa autarquia do governo estadual caso de Santos - estão, em tese, habilitadas a oferecer o curso. A presidência da Fams pretende agendar uma audiência com a coordenação do Centro Paula Souza, em São Paulo, a fim de estudar a possibilidade de implementar na Cidade um curso técnico de museologia. Paralelamente, a Unip, cujo diretor, Edison Monteiro, participa do seminário, adiantou interesse em criar pós-graduação na área e iniciar estudos na esfera federal visando a implementação de um curso de graduação em museologia. No seminário do ano passado, Fams e Unip formalizaram parceria que culminou com a criação do primeiro curso no país de Master Business in Administration (MBA) na área de Arquivologia e Gestão Documental. ALERTA Definir seu perfil e tipologia, estudar a criação jurídica, promover campanhas de captação de acervo na comunidade local e regional, elaborar o projeto museológico/museográfico,e captar recursos humanos técnicos e administrativos estão entre as principais etapas para a criação de um museu, conforme explicou Diná Jobster. Diretora do Grupo Técnico do Sistema de Museus do Estado, ela diz que semanalmente o órgão recebe inúmeros pedidos de orientação para a criação de museus, casas de cultura e centros de memória. Ela lembra, entretanto, que museu é um local de reflexão, pesquisa e preservação de acervo. Há algum tempo, ele era tido como o sótão da vovó, conotação pejorativa que hoje inexiste graças à visão mais profissional sobre esses equipamentos e à melhor integração com as novas gerações. Acrescentou que os museus devem ter um conselho, ao qual caberá inclusive recusar doações. Muitas vezes os objetos têm apenas valor afetivo e não são importantes para a memória de uma comunidade. A sede do museu também merece atenção especial, pois a intenção é sempre procurar, pela ordem, um prédio histórico, imóvel antigo, construções modernas e instalações alugadas. Os prédios históricos têm vários problemas de restauração e manutenção, mas são raros os construídos para essa finalidade, prosseguiu Diná Jobster, dizendo que no interior o único existente é o Museu Histórico e Pedagógico Índia Vanuire, em Tupã. A aprovação de uma lei de incentivo estadual, que envolve renúncia fiscal do ICMS, é considerada pela museóloga como a maior oportunidade de as cidades montarem ou reestruturarem seus centros de memória. A lei encontra-se em fase de regulamentação e difere da que existia, envolvendo dotação aprovada pela Assembléia Legislativa. À tarde, Zélia Lopes Silva, doutora em história social e supervisora do Centro de Documentação e Apoio à Pesquisa da Unesp/Assis, discorreu sobre os acervos patrimoniais e a memória coletiva. Disse que a comunidade não cuida e nem valoriza à altura os acervos públicos, apesar de atribuir a eles grande valor como patrimônio coletivo. A população ainda não se identifica com os acervos, que historicamente estão articulados com circuitos do poder, situação que começou a ser alterar na década de 1970, com a criação da Funarte, Instituto Nacional de Cinema e Conselho Federal de Cultura. O 2º Seminário de Memória termina nesta sexta-feira (12), com os temas Tabelas de Temporalidade, Perspectivas do Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas e Como desenvolver Ação Cultural e Educativas em Arquivos, a cargo, respectivamente, de Ieda Bernardes, Ilce Cavalcanti e Heloisa Belotto.