"Santos Novos Tempos" ganha impulso com mais obras na Zona Noroeste
Principal programa de desenvolvimento urbano, social e ambiental do município, o "Santos Novos Tempos" entra em importante etapa a partir da próxima semana, com o início da construção de galerias de drenagem junto ao dique da Vila Gilda e do conjunto habitacional Caneleira 4, na Zona Noroeste. Um balanço das fases já cumpridas e o detalhamento das futuras intervenções e das que estão em andamento foi apresentado, nesta quinta (10) no salão nobre da prefeitura.
A explanação feita pelo prefeito João Paulo Tavares Papa foi acompanhada pelo especialista em Desenvolvimento Urbano do Banco Mundial, Sameh Wahba, coordenador do "Santos Novos Tempos". Ele lidera uma missão técnica que está na cidade para monitorar as providências relacionadas ao projeto, que tem financiamento da instituição internacional.
"É um programa completo e inovador, pois integra obras de infraestrutura e de habitação popular a iniciativas de formação profissional e de inclusão social. Certamente servirá de modelo para outras comunidades da América Latina", disse Wahba, enfatizando a qualidade do detalhado cadastramento das famílias a serem beneficiadas por moradias feito pela prefeitura.
Balanço
Iniciado em 2005, o Santos Novos Tempos já entregou 1.383 unidades habitacionais nos bairros Vila Gilda, Vila Alemoa, Vila Pelé, além dos conjuntos habitacionais Cruzeiro do Sul e Estradão. Estão sendo concluídas mais de 400 unidades da Vila Pelé 2, com previsão de entrega no segundo semestre.
"A vida de milhares de pessoas vai mudar por completo. Elas sairão das palafitas e áreas de risco dos morros, passando a residir em moradias. Não enfrentarão mais as enchentes, e terão acesso a cursos de capacitação que possibilitam trabalhar nas obras do programa, garantindo profissionalização e inclusão social", disse o prefeito. Ele também ressaltou a atração de investimentos e o crescimento econômico decorrente das intervenções, importante para a região.
Nova etapa
A nova etapa do programa tem início na área da Zona Noroeste de maior risco social e a que mais sofre com as enchentes, segundo Papa. Galerias serão instaladas na rua Flor Horácio Cirilo, que traz as águas da Praça da Paz Universal, e na foz da Avenida Haroldo de Camargo, onde ocorre a saída para o rio dos Bugres.
O conjunto Caneleira 4 terá 680 apartamentos, que receberão moradores das palafitas, entre os quais as 360 famílias da Vila Telma, total no qual se inclui as 125 que tiveram as moradias destruídas por incêndio no mês passado. Na área entre o dique e a borda da Areia Branca, serão construídas 56 casas sobrepostas na quadra 1, enquanto outras 56 existentes na quadra 2 receberão melhorias. A nova quadra será integrada ao bairro por meio de um sistema viário a ser implementado.
Ao mesmo tempo, a prefeitura está organizando, em parceria com o Senai, cursos de qualificação profissional para diversas áreas da construção civil, como pedreiro, encanador, carpinteiro, soldador e assentador. Isso para que os próprios moradores da região a ser beneficiada possam se preparar para trabalhar nas obras e ter uma profissão que lhes garanta emprego e renda.
Fase
A etapa seguinte da macrodrenagem da Zona Noroeste está programada para o segundo semestre deste ano, e será na chamada Bacia da Jovino de Melo, que envolve as avenidas Haroldo de Camargo, Hugo Maia e ruas Roberto Molina e Flor Cirilo. Ao todo, serão 14 estações elevatórias, 13 comportas, um reservatório de contenção, galerias, canais e uma central de controle operacional. As áreas serão reurbanizadas e terão sistema viário compatível.
De acordo com o projeto, a borda do dique, hoje ocupada por palafitas, será margeada por via arborizada, de forma a impedir novas invasões. Um amplo trabalho de conscientização vem sendo promovido pela prefeitura junto às comunidades da área, com o intuito de garantir as melhorias previstas e coibir ocupações irregulares.
Outras frentes
O programa também garante recursos para a implementação de um sistema de internet sem fio para a Zona Noroeste, e contratação de estudos de viabilidade técnica, econômica, ambiental e social do complexo náutico e turístico Porto Valongo Santos. Os processos de licitação encontram-se em curso, sendo que os referentes ao complexo do Valongo despertaram o interesse de empresas especializadas de diversos países, entre os quais Estados Unidos, Inglaterra, Portugal, Espanha, Holanda e Japão.
A previsão é que o Santos Novos Tempos seja desenvolvido ao longo de cinco anos, com custo estimado em R$ 493,40 milhões. Deste total, US$ 88 milhões são provenientes do financiamento do Banco Mundial, com 50% de contrapartida da prefeitura, e outros R$ 107 milhões por repasses do governo federal.
Estratégica
Para o egípcio Sameh Wahba, o projeto desenvolvido em Santos é estratégico também do ponto de vista ambiental. "Terá reflexos positivos em toda a região estuarina, que envolve São Vicente, Guarujá e Cubatão". A missão do Banco Mundial também é composta pela especialista ambiental Clarisse DallAcqua; especialista em aquisições e contratos Luciano Wuerzius, e as consultoras Soraya Melgaço e Eri Watanabe. Eles conheceram detalhes dos cronogramas das licitações das obras e serviços a serem contratados e dos que já estão em curso. O grupo permanece em Santos até esta sexta-feira (11).