Santos adere a iniciativa nacional para reduzir mortes materna e infantil
Andar de mãos dadas com evidências científicas para evitar mortes maternas e infantis. Com este objetivo, o município de Santos aderiu, nesta quinta-feira (22), à Iniciativa Vida: Vigilância, Identificação, Diagnóstico e Ação, da Rede Brasileira de Hipertensão na Gestação, da qual algumas cidades já fazem parte. A medida faz parte das comemorações do 12º aniversário do Programa Mãe Santista.
A partir dessa adesão, Santos passará a adotar um novo protocolo assistencial para as gestantes com risco de desenvolver pré-eclâmpsia, a principal causa de morte materna, e que pode também levar o feto a óbito. O novo protocolo será escrito e publicado no Diário Oficial de Santos.
A proposta é a adoção do sulfato de magnésio quando identificada a persistência de crises hipertensivas persistentes durante o pré-natal. A medicação também poderá ser adotada na ambulância do Samu, durante a assistência de uma gestante em crise hipertensiva. A assistência nos minutos do trajeto até o pronto atendimento obstétrico pode ser determinante para um desfecho favorável.
Por lei estadual, as maternidades devem conter uma caixa de emergência, com essa medicação para aplicação em gestantes que já apresentam a complicação. Por meio do novo protocolo, a medicação já estará disponível durante o pré-natal, de forma preventiva, para evitar complicações que, muitas vezes, são irreversíveis.
Para levar adiante as novas regras, o primeiro passo foi dado: a capacitação, em dois turnos, de cerca de 150 médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem que atuam no pré-natal e no pronto atendimento às gestantes da rede municipal de Saúde, estejam eles nas policlínicas, Instituto da Mulher e Gestante, Samu ou maternidades.
“A pré-eclâmpsia é, na maior parte das vezes, evitável. E por que continua a acontecer?”, provocou o médico José Carlos Paraçoli, presidente da Comissão Nacional Especializada em Hipertensão da Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, um dos profissionais que concedeu a capacitação.
O QUE JÁ É FEITO
Em Santos, desde 2023, a gestante é submetida a um questionário minucioso na primeira consulta de pré-natal, que avalia o risco de parto prematuro. Identificado um fator de risco alto ou dois fatores moderados para a pré-eclâmpsia, a mulher inicia a prevenção com a ingestão de ácido acetilsalicílico e de carbonato de cálcio, ambos iniciados a partir da 12ª semana de gestação.
O primeiro, deve ser administrado até a 36ª semana de gestação e o segundo, até o parto. A pré-eclâmpsia é a causa mais recorrente de partos prematuros e de morte materna. Pela nova proposta, esse tratamento será estendido a todas as grávidas na rede municipal de saúde, inclusive as que não apresentam fatores de risco.
“Existem três medidas preventivas à pré-eclâmpsia: ácido acetilsalicílico, cálcio e atividade física. Basta estar grávida para ter pré-eclâmpsia, embora exista uma população mais vulnerável”, explicou o médico Ricardo Tedesco, membro da Rede Brasileira de Estudos sobre Hipertensão.
Presente ao encontro, a secretária-adjunta de Saúde, Paula Covas, destacou a renovação do programa Mãe Santista por meio da adoção de novas estratégias. “Estamos dentro da meta da Organização Mundial da Saúde em relação à mortalidade infantil, mas precisamos estar atentos o tempo todo para aprimorar a assistência e salvar vidas”.
Esta iniciativa contempla o item 3 dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU: Saúde e Bem-Estar. Conheça os outros artigos dos ODS.