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Reaparecimento do jundu na praia de Santos ajuda na preservação da faixa de areia

Publicado: 28 de outubro de 2024 - 0h00

Quem passa desavisado pela beira-mar de Santos, entre os canais 1 e 2, pode achar que há um descuido na manutenção porque o trecho apresenta uma vegetação. A presença do verde na faixa de areia, ao contrário, é uma prova da boa condição do solo e ainda representa um recurso para que a região arenosa seja preservada.  

A vegetação que brota no trecho é o jundu, nativa de regiões litorâneas, muito comum até os anos 70 nas praias santistas, e que agora voltou a aparecer naturalmente.

No dia 15 de agosto, um grupo de técnicos da Secretaria do Meio Ambiente e Bem-Estar Animal (Semam) e especialistas das universidades locais fizeram uma vistoria nos pontos com jundu para verificar se, após o episódio de maré alta e ondas do último final de semana, a vegetação resistiu e continua crescendo, o que foi confirmado.  O grupo faz parte do Projeto Jundu, iniciativa da Prefeitura, que teve início em agosto de 2022, quando foi implementada a vegetação em um ponto ao lado do Novo Quebra-Mar (José Menino).

A primeira etapa do projeto foi concluída em maio deste ano. Agora, com a observação do surgimento natural do jundu em outros pontos da orla, a ideia é, na segunda fase, dar ênfase à educação ambiental. “Muitas vezes, as pessoas olham e acham que isso é um ‘matinho’. A população não sabe que se trata de uma vegetação nativa, que ajuda a preservar a faixa de areia”, explica o titular da Semam, Márcio Paulo. Para iniciar a orientação, nas próximas semanas serão instaladas placas na orla com informações sobre a espécie e a importância da preservação. 

O jundu é uma comunidade de plantas, que podem ser rasteiras ou em forma de moitas, e ultrapassar 1,5 metro de altura. É uma vegetação da Mata Atlântica, com função de reter sedimentos para não reduzir a faixa de areia devido ao avanço do mar.

“A ressaca costuma puxar a areia, mas onde ela consegue ter resistência, ela estaciona e cria pequenas dunas. É o que o jundu está fazendo, impondo maior resistência”, explica o engenheiro ambiental e professor da Esamc, Antonio Mazza, que acompanhou a vistoria.

De acordo com o secretário Márcio Paulo, o objetivo é que a vegetação continue se expandindo pela orla. “Se conseguirmos fazer a fixação do jundu em areias que estão sofrendo pela ação do mar, evitaremos, por exemplo, a situação de erosão que vem ocorrendo na Ponta da Praia”.

MELHOR QUALIDADE

Para o biólogo da Unifesp, Sidney Fernandes, que também faz parte do projeto municipal, o reaparecimento espontâneo do jundu nas praias de Santos é um indício de que a qualidade da água e dos sedimentos vem melhorando. “Ainda precisamos comprovar cientificamente, mas só o fato de aparecerem as plantas e elas se manterem, inclusive após ressacas, mostra que melhorou a qualidade ambiental na região”, afirma. Ele aponta ainda que as plantas estão atraindo de volta aves há muito tempo não vistas na região, como a coruja buraqueira, que vêm se alimentar dessa vegetação.

 

Esta iniciativa contempla os itens 13 e 15 dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU: Ação Contra a Mudança Global do Clima e Vida Terrestre. Conheça os outros artigos dos ODS. https://idsc.cidadessustentaveis.org.br/profiles/3548500/