Queda de temperatura gera maior movimento no abrigo da prefeitura
As temperaturas mais baixas levam as pessoas que vivem nas ruas a buscar um lugar seguro e aquecido. No caso, o abrigo provisório para adultos e idosos da prefeitura. Gerenciada pela Seas (Secretaria de Assistência Social), a unidade funciona 24 horas na Rua Bitencourt 309/311, na Vila Nova, com capacidade para 80 pessoas com mais de 18 anos.
Depois do jantar, banho quente e uma noite de sono, os usuários são atendidos pela equipe técnica. A coordenadora de proteção social especial de alta complexidade, Rejane Oliveira, diz que oferecer espaço para dormir é importante, mas o principal é o plano de atendimento. “Ajudamos nesse processo dando passos de formiguinha. Não há mudança da noite para o dia”.
Somando à infraestrutura deste abrigo, a Seas tem parceria do Albergue Noturno (Rua Braz Cubas, 289), com 60 vagas para pernoite, alimentação e higiene. E mais: Associação Prato de Sopa Monsenhor Moreira (Rua Sete de Setembro, 52) e Centro Espírita Ismênia de Jesus (Rua Campos Melo, 312), com refeições e cursos profissionalizantes.
Desafio
Segundo a Seas, cerca de 80% dos usuários da Seacolhe-AIF (Seção de Acolhimento e Abrigo Provisório de Adultos, Idosos e Famílias em Situação de Rua), denominação do abrigo da Vila Nova, são de outras cidades. Nesses casos, as pessoas são encaminhadas aos municípios de origem, após contato com setores responsáveis de cada localidade.
Há três meses no abrigo, Fábio Soares Monteiro, de 40 anos, perdeu família e emprego por causa do álcool. Ele, que é de Juquitiba (região metropolitana de São Paulo), perambulou dez anos pelas ruas de várias cidades e até sofreu um AVC (acidente vascular cerebral). Em Santos há mais de seis anos, enfrentou a pior fase, mas também foi onde reencontrou a esperança no futuro. Hoje, sonha em rever os quatro filhos e alimenta o desejo de reabrir a loja de produtos de limpeza.
Novos documentos já foram retirados no Poupatempo, o benefício de prestação continuada da assistência social está garantido pela Lei Orgânica e ele faz tratamento no Senat (núcleo de atenção ao tóxicodependente), da Secretaria Municipal de Saúde, onde passa boa parte dos dias envolvido com atividades relacionadas à dependência química.
“É difícil viver na rua. Cheguei a pegar comida do lixo. Aqui é ótimo, parei de beber e o tratamento está trazendo minha vida de volta”, afirma Monteiro. Como já possui vínculo com a cidade e o benefício mensal, assim que estiver totalmente fortalecido será orientado pela equipe a buscar uma residência e continuar o tratamento no Senat.
Vida nova
Outro destaque é o programa municipal Cidadão Fenix, cujo objetivo é proporcionar reinserção familiar, social e no mercado de trabalho. A munícipe Patrícia Picanço, de 32 anos, que morando transitoriamente na Seabrigo–AIF (Seção de Abrigo Provisório de Adultos, Idosos e Famílias em Situação de Rua), situada na Rua General Câmara, 245/249, com os dois filhos, é uma das integrantes do programa.
Ela experimenta o gosto de vida nova há dois meses trabalhando como auxiliar de cozinha e limpeza no CCEV. (Centro de Convivência e Esperança e Vida), ONG credenciada da Seas. O contrato é de um ano com um salário mínimo remunerado pela prefeitura, vale-transporte e auxílio-alimentação fornecidos pela instituição. “O programa mudou minha vida. Aprendo muito, principalmente com as crianças. A relação com meus filhos melhorou e estou mais responsável”, disse ela, que pretende em breve encontrar outro lugar para morar. “Não retrocedo mais”.
Campanha
Para auxiliar a população de rua existe a campanha ‘Em Vez de Esmola, Ofereça Ajuda’. Pelo telefone 0800 177766, os munícipes acionam as equipes da prefeitura, que vão até os locais indicados oferecer acolhimento. “Qualquer tipo de esmola reforça a permanência na rua. O ideal é orientar para os serviços, que atendem todas as necessidades dessa população, e não apenas uma pontual. Oferecemos resgate de vida”, diz Rejane Oliveira.