Professor focaccia destaca pioneirismo e eficiência do programa de hepatites virais

Um dos mais conceituados especialistas em hepatites virais, professor e infectologista Roberto Focaccia, que esteve ontem (19) em Santos participando da solenidade do Dia Municipal de Combate à Hepatite C, destacou o pioneirismo do programa criado no Município, há dois anos, dentro da estrutura da DST/Aids/Hepatites, da Secretaria Municipal de Saúde (SMS). A Cidade realiza campanhas de prevenção, vacinação (contra hepatites A e B), testes gratuitos, treinamento à rede e tratamento avançado. Os medicamentos de ponta são fornecidos pelo Estado. Focaccia enfatizou o fato de, mais uma vez, Santos dar o exemplo de ações de vanguarda, na área de Saúde, desta vez aprovando lei que institucionaliza o programa de Hepatite C, e estabelecendo novos avanços na prevenção e tratamento. A SMS prevê, por exemplo a instalação de Laboratório de Biologia Molecular, ainda este ano, para realizar exames de ponta, de Aids, e, futuramente de Hepatites. Em Santos, a campanha vem se desenvolvendo, neste mês, junto a profissionais de salões de beleza, manicures, podólogos, colocadores de piercings, e afins, visando a desinfecção correta do instrumental de trabalho, que responde por uma média de 6% das contaminações, e conscientização da população. Ontem (19), houve vacinação contra a hepatite B, (para a C não existe ainda vacina) beneficiando esse segmento, na Avenida Carvalho de Mendonça, 205. Até as 16 horas, 77 profissionais – cabeleireiros e manicures - já haviam sido vacinados contra a hepatite B. Esse cuidado preventivo é importante, já que quando associada à hepatite B, o portador da hepatite C, tem sua situação agravada. Na próxima semana será iniciada campanha junto ao segmento de jovens, por meio da Escola Promotora de Saúde, num trabalho conjunto das Coordenadorias de Aids/Hepatites e da Saúde da Criança e do Adolescente. PANDEMIA AVANÇA A hepatite C já contaminou em todo mundo entre 300 a 400 milhões de pessoas, segundo revelou Roberto Focaccia, que também avalia entre 4 a 4,5 milhões o número de brasileiros que já foram atingidos pela doença. Em Santos estima-se que oito mil pessoas estejam infectadas, embora menos de mil saibam dessa condição. Recebendo o medicamento de ponta, fornecido pelo Estado, há cerca de 250 pacientes, segundo informações do presidente do Grupo Esperança, Jeová Fragoso, que tem liderado movimento visando trazer mais benefícios aos portadores. Em Santos, o programa é desenvolvido numa parceria entre Município e Estado, por meio da Dir-XIX, cuja atribuição é realizar exames mais complexos e fornecer os medicamentos mais caros. Há, porém, alguns estrangulamentos no fornecimento de medicamento de ponta, como o Interferon Peguilado. Dos seis subtipos do vírus C, somente o do tipo um garante aos portadores esse medicamento, representando 30% dos pacientes. Para os demais, o Interferon normal oferece resposta favorável, embora traga mais efeitos colaterais. A luta dos portadores é que esse medicamento venha a ser distribuído mais facilmente, sem necessidade de ação judicial. A hepatite C evolui na maioria dos casos sem sintomas. Em comum com as demais hepatites há apenas o fato de todas atingirem o fígado, mas são provocadas por vírus distintos. Uma parcela de portadores acaba sofrendo de cirrose, já que o vírus, independentemente da carga viral, causa lesões nesse órgão. Desse total que sofre de cirrose, 10% evoluem para o câncer, mas isso acontece de forma gradativa, no decorrer de muitos anos. O tratamento correto previne essa evolução. NOVAS DROGAS Apesar da gravidade da doença, o professor Focaccia trouxe palavras de otimismo aos portadores. O pesquisador do Instituto Emílio Ribas, que já possui trabalhos publicados sobre as hepatites, anunciou novas drogas que estão sendo pesquisadas nos Estados Unidos e que devem garantir, dentro de algum tempo, um tratamento eficaz para 100% das pessoas. CAMINHADA Ressaltando o pioneirismo de Santos por oferecer testes e tratamento gratuitos para Hepatite C, integrantes do ‘Grupo Esperança’ e portadores do vírus participaram, na manhã de domingo (18), de uma caminhada em comemoração ao Dia Municipal de Luta contra a Hepatite C. Vindos de outras cidades e até de outros estados, eles explicavam ao público, em microfones, o objetivo do movimento e distribuíam panfletos a pedestres, ciclistas, motoristas e comerciantes que se encontravam ao longo do percurso, que foi pela Avenida Ana Costa, da esquina da Av. Francisco Glicério até a praia. Segundo Jeová Pessin Fragoso, presidente do grupo, Santos, São Vicente e Praia Grande são as únicas cidades do Brasil que oferecem atendimento gratuito para portadores. Ele destacou, ainda, o quanto é importante fazer o teste gratuito para saber se é portador. É uma doença silenciosa, que só se manifesta anos depois que a pessoa contrai o vírus. O teste é feito de forma anônima e gratuita no Coas, unidade da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), localizada à Avenida Pinheiro Machado, 580. Devem fazer o teste quem recebeu sangue antes de 1992, hemofílicos, usuários ou ex-usuários de drogas injetáveis, profissionais de saúde, quem tem piercing ou tatuagem, bombeiros e paramédicos e todos que mantiveram ou mantém contato com sangue, já que esta á a via de contágio.