Prefeitura tem exemplos de dedicação

A Prefeitura de Santos emprega hoje 10.476 pessoas (incluindo as empresas de economia mista: Prodesan, Cohab, CET, CSTC). Muitos funcionários já atuam no serviço público há décadas, como o agente de administração José Gomes Bexiga. Conhecido por todos apenas como Bexiga, ele ingressou na Prefeitura em 1953, como auxiliar de veterinário, no antigo Matadouro. Em 67, foi transferido para o Paço, no setor de Arquivo e Cópias de Plantas, que chefiou por onze anos. Hoje, atua no Setor de Emplacamento (identificação numérica de vias e logradouros) da Seção de Cadastro Urbano da Secretaria de Obras. Ele é um patrimônio histórico, dizem os colegas, que fazem questão de ressaltar a importância da sua experiência, do bom humor e do espírito de companheirismo. Bom humor que só perde quando o time do coração, o Corinthians, cai diante do Santos, e tem de aguentar as gozações dos amigos. Com 48 anos de Prefeitura, 68 de idade (não assumidos, já que, segundo ele, são 61), três filhos e três netos, Bexiga que é desenhista arquitetônico, admite que fica meio deslocado quando tira férias. Procuro arranjar alguns trabalhos extras, senão o tempo não passa e sinto falta do pessoal. A chefe da seção em que Bexiga atua, Ana Lúcia Costa Pires, afirma que ele está sempre disposto a ajudar e é uma pessoa muito afável e fácil de lidar. Eu digo sempre, preciso de você Bexiga, e ele vai ficando. HORA DA MERENDA – Celi dos Santos de Jesus, de 41 anos, entrou na Prefeitura há 19 anos, como servente. Mas ficou na função somente um mês. Como não tinha merendeira na Sociedade de Melhoramentos do Marapé, onde trabalhava, comecei a fazer o serviço e fui promovida, conta. Há dez anos, ela atua na Emef 28 de Fevereiro, no Saboó. Foi transferida para o local quando o prédio ainda estava sendo terminado. Gosto de trabalhar com criança. Elas são muito carentes e sabem dar valor pelo que a gente faz. Já tive oportunidade de ir para uma empresa, pra ganhar mais, mas preferi ficar. Eu adoro o que faço e não saberia fazer outra coisa, revela. Celi divide a cozinha com outras três merendeiras e diz que o ambiente de trabalho é a gente quem faz. O mercado está muito difícil, quem está na Prefeitura tem de dar graças a Deus, diz. Separada, mãe de Mariana, de 18 anos e de Felipe, de 10 anos, Celi diz que coloca o coração no que faz. Cozinho para o filho dos outros como eu cozinho pros meus. Até melhor, já que em casa às vezes erro na mão, porque estou acostumada a fazer em grande quantidade, confessa. ORIGEM O Dia Mundial do Trabalho foi criado em 1889, por um Congresso Socialista realizado em Paris. A data é uma homenagem à memória dos oito líderes trabalhistas norte-americanos, enforcados em Chicago (EUA), em 1886. Eles foram presos e julgados sumariamente por dirigirem manifestações pela redução da jornada de trabalho (de 13 para 8 horas diárias), iniciadas justamente no dia 1º de maio daquele ano. BRASIL As comemorações no país também estão relacionadas à luta pela redução da jornada. A primeira celebração de que se tem registro ocorreu aqui em Santos, em 1895, por iniciativa do Centro Socialista, entidade fundada em 1889 por militantes políticos como Silvério Fontes, Sóter Araújo e Carlos Escobar. O 1º de maio foi consolidado como o Dia dos Trabalhadores em 1925, quando o presidente Artur Bernardes baixou um decreto instituindo o feriado nacional. Com Getúlio Vargas, que governou o Brasil como chefe revolucionário e ditador por 15 anos e como presidente eleito por mais quatro, o 1º de maio ganhou status de "dia oficial" do trabalho. Era nessa data que o governante anunciava as principais leis e iniciativas que atendiam às reivindicações dos trabalhadores, como a instituição e, depois, o reajuste anual do salário mínimo, ou a redução de jornada de trabalho para oito horas. Vargas criou o Ministério do Trabalho, promoveu uma política de atrelamento dos sindicatos ao Estado, regulamentou o trabalho da mulher e do menor, promulgou a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), garantindo o direito a férias e aposentadoria. DATAS DIFERENTES Embora a data seja lembrada em maio na maior parte do mundo, alguns países têm seu próprio calendário. Nos Estados Unidos, por exemplo — onde tudo começou —, o governo transferiu a comemoração para a primeira segunda-feira do mês de setembro, em virtude de divergências entre os sindicatos corporativos e os socialistas, na transição do século XIX para o XX. Na Espanha, é festejado em 18 de julho; na Inglaterra, no primeiro domingo de maio; na Austrália, em 21 de abril e, na Nova Zelândia, em 18 de outubro.